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Bebê de Teresina com síndrome rara provocada por Chikungunya vira caso de estudo

A bebê de 5 meses desenvolveu a síndrome de Stevens-Johnson, que é potencialmente fatal

Alinny Maria

Terça - 06/06/2023 às 11:20



Foto: Imagem enviada ao Piauíhoje.com Bebê Lhuna enquanto se recuperava das lesões na pele
Bebê Lhuna enquanto se recuperava das lesões na pele

A pequena teresinense Lhuna Sofia, de apenas cinco meses, passou por momentos desafiadores ao ser internada no Instituto De Doenças Tropicais Natan Portella, no Centro de Teresina. A bebê desenvolveu uma síndrome rara em decorrência da infecção por Chikungunya, causando lesões graves na pele e os sintomas foram confundidos com outros quadros infecciosos. 

De acordo com a mãe da criança, Ana Kelly, tudo começou com uma febre no dia 25 de maio. No dia seguinte, a bebê foi levada à urgência de um hospital particular, onde foi avaliada e posteriormente foi para casa.   

"Na sexta-feira a médica orientou que era para ficar medicando em casa e se a febre não passasse era para gente voltar em 48 horas para fazer exames. Já no sábado a Lhuna estava toda inchada  e vermelha. Voltamos para a urgência e chegando lá, os médicos a colocaram na observação. Ela fez exames e todas as taxas deram alteradas. A médica pediu a internação, mas o plano de saúde dela [Lhuna] estava na carência. Já 23h a gente foi para casa e domingo cedinho fomos para o Hospital da Criança no Parque Piauí, onde Lhuna ficou internada", disse a mãe.

Os exames mostravam que a bebê estava piorando cada vez mais e até então não se tinha um diagnóstico, não sabia o que estava causando lesões graves na pele da criança. Segundo a mãe, o corpinho da bebê ficou empolado de bolhas semelhantes a de queimaduras. 

"Eu como mãe fiquei em um desespero terrível e colocaram a gente no isolamento porque achavam que era doença infectocontagiosa devido aos sintomas serem parecidos com os dessas doenças. Logo depois encaminharam a gente para o Hospital Natan Portella. Naquele momento não podia fazer exame para saber se era dengue ou Chikungunya porque ainda não tinha cinco dias de sintomas", explicou Ana Kelly.

Internada no Natan Portella, Lhuna fez novos exames e foi constatado que ela estava com Chikungunya, no entanto apresentou uma manifestação atípica. A bebê desenvolveu a síndrome de Stevens-Johnson, que é um distúrbio raro da pele e mucosas, geralmente causada por reações alérgicas graves. 

"A gente tinha um bebê lactente de cinco meses que chegou com um quadro de lesões na pele vesicobolhosas, com rash, que é aquela pele vermelha e que depois essas bolhas se espalharam pelo corpo inteiro e começaram a se eclodir. A pele estava muito frágil.  É um quadro que dá para se confundir muito com reações alérgicas graves que pode está relacionada a algum tipo de medicação, também dá para se confundir com infecções de pele, que no caso acaba se usando antibiótico", explicou Ramon Nunes, médico pediatra do Instituto de Doenças Tropicais Natan Portella. 

Os exames específicos confirmam a Chikungunya e assim foram excluídas da investigação clínica outros tipos de infecções. Consequentemente, os médicos suspenderam de imediato medicações como antibióticos e corticoides.

"Neste caso se tratava de uma síndrome de pele escaldada após infecção por Chikungunya. A gente sabe que a Chikungunya pode causar essas bolhas na pele, mas a gente não tem o costume de ver isso sendo disseminado pelo corpo todo tão agressivamente. Isso acaba confundindo e as crianças sendo tratada da maneira inadequada, usando coisas que não precisa como antibiótico e corticoides, que foi o caso desse bebê. Mas graças a Deus rapidamente a gente coletou exames e identificou que era por vírus. Tratamos adequadamente só com as medicações, creme de barreira para evitar infecção da pele e orientamos a mãe", concluiu o Dr. Ramon Nunes.

A Síndrome de Stevens-Johnson é uma doença potencialmente fatal e felizmente a pequena Luna sobreviveu e se recupera bem.  Lhuna passou nove dias internada e teve uma recuperação rápida. Hoje, ela se recupera em casa e continua fazendo acompanhamento médico. "Todas as bolhinhas do corpo dela secaram, ainda está todo cheio de manchinhas, mas ela está muito bem graças a Deus", disse a mãe.

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