Brasil

Time amador de Porto Alegre representará Roraima na Copa do Brasil

Piauí Hoje

Quinta - 11/02/2010 às 03:02



É no areião encharcado pela chuva em um parque municipal de Porto Alegre que 25 garotos pobres, quase todos sem nenhuma passagem pelo futebol profissional, se preparam para o maior desafio das suas vidas: enfrentar a Portuguesa pela Copa do Brasil, representando um time do outro lado do país."É a chance de eles terem uma oportunidade no futebol", diz o treinador Edenir Martins, conhecido como Dene, que coleciona títulos nos torneios de várzea e também fará sua estreia no futebol profissional às 22h do dia 24 de fevereiro, quando em algum lugar do Brasil os garotos vestirem a camiseta do Atlético Roraima contra a Portuguesa de Desportos.Esta história começou no ano passado, quando Miguel Rangel, diretor da entidade Esporte Clube 2014 (que desde 2005 faz trabalhos sociais no bairro Restinga, um dos mais populosos da capital gaúcha), enviou correspondências a alguns clubes que disputam as séries C e D. A ideia era propor uma parceria, fornecendo jogadores formados na instituição para que eles tivessem a chance de se tornarem profissionais de futebol. O Atlético Roraima topou."É uma coisa inusitada", admite Rangel. Em crise financeira, a direção ao Atlético-RR decidiu contratar temporariamente os atletas do Esporte Clube 2014 para a disputa da Copa do Brasil, o que gerou revolta na torcida contra o "time de aluguel". "A gente fica triste com isso, porque nosso intuito é ajudar", lamenta Rangel, ainda na expectativa para saber em qual lugar será realizada a partida de ida com a Portuguesa.A intenção é realizar o jogo em Porto Alegre mesmo, mas é preciso esperar uma decisão da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que pode autorizar a realização da partida até mesmo em Manaus. "O que importa para nós é jogar. Se precisar, fazemos os dois jogos no Canindé", afirma Rangel, confiante que não será eliminado já na primeira partida. Forçar um segundo jogo seria o grande feito da equipe amadora, que desde dezembro treina com ajuda de voluntários. Bruna Batistelli, estudante de Psicologia na UFRGS, encontrou o projeto na Internet e decidiu ajudar. Há duas semanas com o grupo, ela tenta tirar o peso das costas dos garotos. "Eles precisam conhecer o limite e a capacidade deles. A Portuguesa é que tem a obrigação de vencer. Eles têm que ir lá e fazer o melhor que puderem", explica.O professor de Educação Física Renan Maiocchi se esforça para preparar os jogadores que trabalham o dia inteiro e treinam no final da tarde no Parque Marinha do Brasil, na beira do lago Guaíba em Porto Alegre, único local encontrado para os treinamentos. "O maior problema deles é a alimentação. Não conseguimos suprir a energia que eles gastam. A maioria sai direto do trabalho para treinar", comenta Renan.Um deles é o volante Vanderci, conhecido como Nenê, que durante o dia atua em uma lanchonete de um shopping. Aos 19 anos, ele chegou a ir treinar no Newell"s Old Boys da Argentina, mas após uma lesão decidiu voltar para casa. A partida contra a Portuguesa é encarada como a grande chance de virar profissional."Se passarmos de fase, vamos marcar a história", diz o zagueiro André Luiz, o mais novo do grupo, com 17 anos, mas dono de frases dignas de um jogador profissional. "Trabalhar duro", "união do time", são as receitas do jovem zagueiro, que também tentou a vida no exterior, treinando no Nacional do Uruguai em 2009.Jorge, 32 anos, é o mais experiente, e tenta passar tranquilidade aos colegas. "Procuro conversar com eles, expor a nossa responsabilidade", diz o jogador, que treina em separado para se recuperar de um desconforto na panturrilha e não esconde a ansiedade pela estreia uma competição nacional.

Fonte: Bol

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