Educação

Apostadores fazem bolão em loteria, ganham, mas não levam

Piauí Hoje

Terça - 23/02/2010 às 03:02



O delegado titular da 2ª Delegacia de Polícia de Novo Hamburgo (RS), Clóvis Nei da Silva, afirmou ontem (22) que vai abrir inquérito para investigar se houve estelionato no caso dos apostadores que dizem ter vencido o prêmio de R$ 53 milhões da Mega-Sena no sorteio de sábado (20). De acordo com ele, a Caixa Econômica Federal pode ser vítima também. Neste caso, a investigação será realizada pela Polícia Federal (PF).O delegado tem em mãos quatro ocorrências registradas, mas pelo menos outros oito apostadores devem registrar outros BOs. Segundo ele, é um caso complexo por causa do número de vítimas envolvidas. Clóvis Nei pretende ouvir nesta semana as vítimas, além de representantes da Caixa e da lotérica Esquina da Sorte.O bolão foi feito por um grupo de 40 apostadores de Novo Hamburgo (RS) que diz ter acertado as seis dezenas no concurso 1.155. Mas, de acordo com a Caixa Econômica Federal, a aposta não foi registrada e não houve vencedor na faixa principal. O prêmio de R$ 53 milhões acumulou novamente.A aposta foi feita em uma lotérica no centro de Novo Hanburgo (RS), cujo proprietário do estabelecimento ainda não foi encontrado. Os apostadores têm como comprovação do jogo, somente uma cópia dada pela lotérica com os números que supostamente são do jogo premiado.Sob investigaçãoA Caixa Econômica Federal (CEF) está investigando um suposto bilhete da Mega-Sena emitido no Rio Grande do Sul que teria acertado as seis dezenas do concurso 1.155, que foi sorteado no sábado, no valor de R$ 53,3 milhões. De acordo com a CEF, nenhum apostador teria acertado as dezenas do concurso e, portanto, o prêmio estaria acumulado para o próximo sorteio.O montante está sendo reivindicado por um grupo de moradores de Novo Hamburgo, que participaram de um bolão. Eles sentiram o gosto de acertar as seis dezenas e a desilusão de descobrir que não receberão os R$ 53,3 milhões. "Acordamos ricos e dormimos pobres", resumiu o motorista Jadir Quadros, 40 anos, referindo-se ao domingo que ele e os outros apostadores passaram.Diversos moradores compraram cotas de um "bolão" oferecido pela agência lotérica Esquina da Sorte, mas o jogo não está lançado no sistema de controle da Caixa Econômica Federal. Quando conferiram as dezenas 20, 28, 40, 41, 51 e 58 sorteadas no concurso 1.155, os apostadores sentiram-se milionários. Poucas horas depois, quando procuraram saber o número de acertadores com quem dividiriam o dinheiro, descobriram que ninguém ganhou o prêmio, acumulado para o próximo concurso. A modalidade bolão é montada e vendida pelas lotéricas com base apenas numa relação de confiança com seus clientes. O apostador fica com um comprovante oferecido pela casa, enquanto esta paga os jogos à Caixa e retém o volante oficial, o único que dá direito à retirada do dinheiro. No caso de Novo Hamburgo, foi oferecida a participação em 15 diferentes jogos a 40 pessoas, que pagaram R$ 11 cada uma para participar da associação informal. Uma das combinações continha as dezenas sorteadas no sábado.Se tivessem dividido o prêmio por 40, os apostadores de Novo Hamburgo receberiam cerca de R$ 1,3 milhão cada um. Pelo menos 13 deles registraram ocorrência na Polícia Civil e vão à Justiça tentar obter o pagamento e compensações pelo dano moral que sofreram. "A ação será contra a lotérica e também contra a Caixa, que responde solidariamente", adianta a advogada Josmari Peixoto.A lotérica ainda não explicou o que houve. Funcionários da casa admitem a possibilidade de um erro humano, mas descartam que alguém possa ter agido de má fé e refutam a desconfiança de alguns clientes que passaram a suspeitar que nenhuma aposta recolhida por "bolões" tenha sido feita. Levantam, como hipótese provável, a transcrição equivocada dos números ou para os comprovantes entregues aos clientes ou para a aposta efetivamente registrada na Caixa.Em nota distribuída nesta segunda-feira, a Caixa destaca que "o comprovante emitido pelo terminal de apostas é o único documento que habilita o recebimento de prêmios" e promete que "a ocorrência será objeto de apuração". O texto também adverte que "caso se confirme a existência de irregularidade será aplicada a penalidade prevista nas normas internas, que podem ir de uma simples advertência até a revogação compulsória da permissão, de acordo com a gravidade do fato".

Fonte: Correioweb

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