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Alexandre Tombini deixa o comando do Banco Central

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Quinta - 09/06/2016 às 15:06



Foto: Reprodução Banco Central
Banco Central
Após comandar sua última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que manteve os juros estáveis em 14,25% ao ano, Alexandre Tombini, que estava no comando do Banco Central desde o início do primeiro mandato de Dilma, em 2011, teve sua exoneração publicada no "Diário Oficial da União" desta quinta-feira (9).

Ele será substituído por Ilan Goldfajn, cuja indicação já foi aprovada pelo plenário da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e pelo plenário do Senado Federal. Sua posse está marcada para esta quinta-feira no Palácio do Planalto.

Alexandre Tombini ficou no comando do Banco Central por pouco mais de cinco anos, o terceiro mais longevo presidente da instituição. Ficou atrás de Henrique Meirelles (8 anos) e de Ernane Galvêas (pouco mais de 6 anos). Tombini deverá ser representante do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI).

Gaúcho de Porto Alegre, torcedor do Internacional, pai de dois filhos e funcionário de carreira do governo, Tombini é sério e discreto. Concedeu poucas entrevistas coletivas para a imprensa nacional, mas participou de teleconferências com jornalistas estrangeiros. Ele também aprecia um bom churrasco e joga tênis.

Pressões políticas e taxa de juros

Tombini era considerado mais suscetível a pressões políticas para não subir tanto a taxa de juros ou para mantê-la em patamares mais baixos.

Em 2012, a Selic atingiu sua mínima histórica, de 7,25% ao ano, em um momento em que o governo tentava estimular a queda dos juros praticados pelos bancos nos empréstimos. Por isso, foi criticado pelo mercado, que avaliou que o corte dos juros, ao patamar mínimo da história, não tinha sustentabilidade e acabou impulsionando a inflação posteriormente.

Além do corte na Selic, naquele momento o governo também reduziu os juros cobrados pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal.

De lá para cá, por conta da aceleração da inflação, o Banco Central voltou a subir a taxa Selic, hoje em 14,25% ao ano. Mais recentemente, no começo de 2016, o Banco Central sinalizou que os juros avançariam, mas depois recuou – indicando que a taxa poderia ficar estável ou ser reduzida.

Por conta disso, o BC sofreu fortes críticas e acusações de que estaria sendo influenciado pelo Palácio do Planalto e pelo Partido dos Trabalhadores. Uma das consequências foi que subiram as expectativas de inflação para 2015 e 2016.

Nas últimas semanas, com a desaceleração da inflação devido à forte queda do nível de atividade e o país mergulhado na maior recessão da sua história, o BC indicou que está esperando as expectativas de inflação recuarem um pouco mais antes de começar a reduzir os juros.

Atualmente, os juros reais brasileiros, calculados após o abatimento da inflação prevista para os próximos 12 meses, são os maiores do mundo. Juros altos, embora atuem para controlar a inflação (encarecem os empréstimos e fazem o consumo cair), inibem, também, investimentos e drenam recursos das contas públicas.

Inflação em alta

No período em que esteve no comando do BC, Tombini não conseguiu trazer a inflação para um patamar próximo da meta central, de 4,5%, em nenhum momento. Entre 2011 e 2015, o IPCA nunca ficou abaixo de 5,8%. Deste modo, permaneceu mais próximo do teto da meta, de 6,5%.

O sistema de metas de inflação prevê a meta central, que deve ser buscada pelo Banco Central, mas também um intervalo de dois pontos percentuais, para baixo e para cima. Se o índice ficar dentro dessa banda, a meta não terá sido descumprida.

Neste ano, Tombini teve de escrever uma carta pública ao ministro da Fazenda por conta do descumprimento da meta de inflação de 2015. No ano passado, o IPCA somou 10,67% – bem acima do teto de 6,5% do sistema de metas, algo que não acontecia desde 2003.

Para 2016, a expectativa dos economistas das instituições financeiras é que a inflação oficial do país fique em cerca de 7% – novamente acima do teto de 6,5%.

Nos cinco anos em que Tombini comandou o BC, a inflação média do país ficou em 7,06%, patamar acima do registrado durante os oito anos em que o BC ficou sob a presidência de seu antecessor, Henrique Meirelles, quando o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) médio foi de 5,78%
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Política cambial

Na política cambial, o Banco Central informou que sua linha de atuação visava conter volatilidade excessiva (forte sobe e desce do dólar) e também corrigir eventuais distorções de liquidez, o que inclui o mercado futuro (derivativos).

O dólar mais alto estimula a competitividade de produtos brasileiros, que ficam mais baratos no exterior, mas também pressiona mais a inflação no Brasil, uma vez que os importados ficam mais caros.

Em agosto de 2013, quando o dólar bateu em R$ 2,43, o BC retomou os leilões diários de contratos de "swap cambial" – instrumentos que funcionam como venda da moeda no mercado futuro.

No ano passado, o BC registrou perdas bilionárias (quase R$ 90 bilhões) no mercado futuro, mas, neste ano, até abril, lucrou quase R$ 50 bilhões. De forma geral, o BC registra lucro com esses contratos quando o dólar cai e perde quando a cotação da moeda norte-americana sobe.

Fonte: globo.com

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