Política Nacional

Aécio Neves explica porque deixou a presidência nacional do PSDB

Quinta - 24/08/2017 às 19:08



Foto: Reprodução Senador Aécio Neves (PSDB-MG)
Senador Aécio Neves (PSDB-MG)

Confira a entrevista com o senador Aécio Neves (PSDB-MG)

Sobre reunião de diretórios estaduais hoje em Brasília e apoio ao governo Temer

O PSDB tem uma marca que é a responsabilidade, que é olhar o Brasil antes de olhar os seus interesses. Temos um papel extremamente relevante nesse momento difícil porque passa o país. O apoio que damos ao governo do presidente Temer é em torno de uma agenda de reformas apresentada pelo próprio PSDB e continuaremos a apoiar esta agenda enquanto ela estiver sendo liderada pelo governo.

Portanto, esta questão muito levantada de desembarque ou não de governo é uma questão absolutamente superada dentro do PSDB. Temos enorme respeito pelos quadros que estão no parlamento, pelos quadros que hoje servem, a convite do presidente da República, ao governo. O que vamos fazer é nos empenhar para liderar a agenda de reformas que está em andamento no Congresso Nacional e apresentada pelo próprio PSDB, a reforma previdenciária, a reforma tributária e, agora, com uma urgência enorme a reforma política.

Tomamos agora uma decisão de apoiar integralmente a proposta que foi vitoriosa ontem em uma outra comissão especial que estabelece a cláusula de desempenho de 1,5% a partir da eleição do ano que vem, acrescida de 0,5% a cada nova eleição nacional. E a antecipação já para o ano que vem do fim das coligações proporcionais. A transição para o distrital misto em 2022, que o PSDB defende programaticamente, será feita de forma mais adequada se for em torno dessa mudança no atual modelo proporcional. Melhor que através do chamado Distritão, que acredito não terá votos suficientes para aprovar na Câmara.

Por outro lado, houve também um consenso do partido em defender, mesmo que seja para esta próxima eleição apenas, porque defenderemos lá adiante a volta da discussão do financiamento privado em limites muito mais estreitos do que o atual, mas vamos apoiar a proposta apresentada pelo senador Caiado, inclusive sob inspiração do ex-deputado João Almeida, que é o secretário-executivo do PSDB, que estabelece que o fundo eleitoral será alimentado por recursos da compensação que os meios de comunicação recebem em razão do tempo disponibilizado para os programas partidários.

Acabaríamos com os programas partidários, esses que acontecem fora do ambiente eleitoral, fora do período eleitoral, e essa compensação – falou-se ontem em R$ 2 bilhões, que seja um pouco menos, não há um número exato ainda em relação a isso – poderia ela sim alimentar esse fundo eleitoral sem que haja necessidade de recursos orçamentários para isso. Nós apoiaremos. E a Câmara mesmo ontem já também votou nessa direção, aquela proposta de um fundo de R$ 3,6 bilhões, mas estamos dando cara a esse novo fundo eleitoral já que para a eleição de 2018 não há tempo hábil para reformar uma decisão que foi considera pelo Supremo inclusive inconstitucional. O Supremo tomou uma decisão em relação a isso.

Temos de encontrar uma forma mínima de financiar em valores menores as eleições do ano que vem. E me parece que essa proposta que o senador Caiado apresenta, de todas que assistimos até hoje, é a mais adequada e o PSDB optou aqui nesta reunião por fechar questão em apoio a ela. Sem abrir mão do debate futuro, para futuras eleições, da reintrodução do financiamento privado em limites muito mais estreitos tanto para o recebimento por parte de um parlamentar ou de um candidato, quanto do limite disponibilizado por determinada empresa.

Sobre presidência interina do PSDB

Quero dizer que quando me licenciei para mostrar de forma definitiva na Justiça a absoluta correção dos meus atos, fiz para preservar os interesses do partido. Eu escolhi o senador Tasso Jereissati como presidente interino. Em determinado momento ele quis colocar fim a essa interinidade, me devolvendo o partido. Insisti a ele, 20 dias atrás, que permanecesse, e novamente estou dizendo que é ele que tem hoje as melhores condições de conduzir o partido até dezembro. Vamos todos ajudar, participar.

Está sendo definido aqui o cronograma das convenções, de um grande congresso em dezembro. E eu defendo que em dezembro o PSDB apresente ao país o seu pré-candidato à Presidência da República e ali vamos fazer uma nova convenção para eleger, aí de forma definitiva, a executiva que vai conduzir as eleições presidenciais. Aqueles pontos onde divergíamos estão absolutamente superados. Porque tanto a posição daqueles que defendiam lá atrás o desembarque do governo nesse momento, quanto aqueles que consideram que o PSDB tem responsabilidades para a construção dessa agenda, e não obstante a impopularidade eventual do presidente, acham que a nossa responsabilidade nos leva a suportar essa agenda participando do governo, são ambas respeitáveis.

Não podemos aceitar de forma alguma essa pecha, essa marca que alguns inadivertidamente, outros de forma oportunística, tentaram trazer para dentro do PSDB como se houvesse ala, houvesse governistas e não governistas. Isso é uma balela, é uma de quem não tem responsabilidades para com o partido. Tem muito pouca história ou vivência dentro do partido. Somos todos brasileiros preocupados com o futuro do país. E o nosso apoio ao governo do presidente Temer, é bom que se lembre, até porque fui porta-voz disso, foi em torno dessa agenda de reformas. E se deu no momento em que nós lideramos o processo de afastamento da presidente Dilma.

Como será que o país reagiria se o PSDB, após o afastamento da presidente, lavasse as mãos por uma conveniência meramente eleitoral? Essa nunca foi a nossa marca. Essa pode ter sido a marca do PT. Colocar sempre os seus interesses eleitorais acima dos interesses do país. Nunca fizemos isso. E se apoiar um governo que tem baixa popularidade for o preço para que uma agenda de reformas que sempre defendemos seja implementada, acho que devemos pagar esse preço. Não estamos atrás de cargos, de benesses de poder. Estamos agindo com enorme responsabilidade em relação ao que cobra de nós o país e o nosso programa partidário.

Sobre os nomes cotados à presidência, o sr. é um?

Não.

O PSDB manterá o apoio ao governo mesmo se a reforma não passar?

O PSDB defende o apoio à reforma da Previdência. E eu pessoalmente, Aécio, acho que a nossa presença no governo é um sinalizador positivo em direção a essa e a outras reformas. Acho que essa história que apoia-se fora de governo, não acho que funcione. Acho que não devemos temer desgastes. Esse governo não é o governo do PSDB, como costuma dizer o presidente Fernando Henrique. É do PMDB. Que tem o nosso apoio em razão do seu compromisso com essa agenda. Enquanto o governo demonstrar, e hoje demonstra, goste-se ou não do presidente, absoluto apoio, compromisso com uma agenda modernizante para o país, o dever do PSDB é dar suporte a ela.

A partir do momento em que o processo eleitoral for desencadeado e o PSDB tiver uma posição que for diferente daquela do partido do presidente, é natural que cada um caminhe na direção que achar mais adequado. Mas hoje a nossa responsabilidade sinaliza para nossa contribuição para que essa agenda, de reforma da Previdência, a Tributária e a Política, se consolide. E se consolidará com maior facilidade com o PSDB participando das decisões dentro do governo.

Fonte: PSDB

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