Viver Pleno

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Jesus Cristo e a luta pelos direitos humanos

Jesus viveu e pregou em uma época permeada por discriminação, exclusão e opressão

Por Nazareno Fonteles

Sexta - 29/03/2024 às 13:08



Foto: Divulgação A imagem de Jesus Cristo
A imagem de Jesus Cristo

Em um mundo marcado por desigualdades, conflitos e injustiças, a busca por princípios universais que possam nortear a humanidade rumo a uma convivência mais harmônica, justa e fraterna é uma necessidade premente.

Nesse contexto, os ensinamentos de Jesus Cristo, que enfatizam o amor incondicional, a compaixão, a misericórdia e a igualdade fundamental entre todos os seres humanos, encontram profunda ressonância nos princípios basilares dos direitos humanos, influenciando movimentos sociais e inspirando a luta por justiça e dignidade ao longo da história.

Jesus viveu e pregou em uma época permeada por discriminação, exclusão e opressão. No entanto, ele escolheu deliberadamente se associar e defender aqueles que a sociedade havia marginalizado - mulheres, crianças, pobres, doentes e pecadores. 

Sua mensagem de amor e inclusão desafiou as normas sociais e religiosas vigentes, promovendo uma ética de compaixão e solidariedade que transcende fronteiras étnicas, culturais e religiosas.

A parábola do Bom Samaritano, por exemplo, é um testemunho eloquente dessa visão, convidando-nos a reconhecer a dignidade inerente a cada ser humano e a agir com misericórdia e empatia, independentemente das diferenças que possam nos separar.

A vida de Jesus, doada gratuitamente até a morte na cruz para que todos tenham vida em plenitude, pode ser compreendida como uma afirmação radical do fundamento da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), que proclama em seu primeiro artigo: "Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade".

Ao entregar-se por amor, Jesus reconhece e afirma o valor intrínseco e a dignidade inviolável de cada pessoa, convidando-nos a construir uma sociedade alicerçada na fraternidade, no respeito mútuo e na solidariedade.

Ao longo da história, a mensagem de Jesus tem sido uma fonte de inspiração para inúmeros indivíduos e movimentos que lutam por justiça social, igualdade e direitos humanos. O movimento dos direitos civis liderado por Martin Luther King, por exemplo, baseou-se nos princípios da não-violência e do amor ao próximo preconizados por Jesus.

Setores progressistas de igrejas e comunidades cristãs ao redor do mundo continuam a desempenhar um papel crucial na promoção dos direitos humanos, seja através da educação, da denúncia de violações ou da pressão por mudanças legislativas e sociais que garantam a dignidade e os direitos fundamentais de todos.

A experiência de Jesus, que enfrentou tortura, humilhação e morte de cruz, ressalta a importância do Artigo V da DUDH, que condena veementemente a tortura e o tratamento cruel, desumano ou degradante. 

Sua compaixão pelos sofredores e sua própria vivência do sofrimento nos interpelam a proteger a integridade física, psicológica e moral de cada ser humano, reconhecendo que a dignidade da pessoa é inviolável e que ninguém deve ser submetido a qualquer forma de abuso, exploração ou violência.

Os desafios de Jesus às normas religiosas e sociais de sua época, promovendo uma fé alicerçada no amor, na misericórdia e na inclusão, evidenciam a importância fundamental da liberdade de pensamento, consciência e religião, consagrada no Artigo XVIII da DUDH. 

Sua abordagem dialógica, que valorizava parábolas, encontros pessoais e o diálogo aberto, ressoa com o Artigo XIX, que defende a liberdade de opinião e expressão. Esses aspectos dos ensinamentos de Jesus sublinham a centralidade do diálogo respeitoso, da tolerância e da liberdade como pilares essenciais para a construção de uma sociedade plural, pacífica e fraterna.

Em suma, a relevância de Jesus Cristo na luta pelos direitos humanos é perene e transformadora. Seus ensinamentos, enraizados no amor incondicional, na compaixão e no reconhecimento da dignidade inalienável de cada ser humano, oferecem um fundamento ético e espiritual para a busca incessante por uma sociedade mais justa, igualitária e solidária. 

Através do testemunho de sua vida e de sua mensagem, Jesus nos convida a abraçar a cultura do encontro, do diálogo e da fraternidade, trabalhando incansavelmente para que os direitos humanos sejam uma realidade vivida por todos, sem distinção. 

Ao seguirmos seus passos e nos deixarmos inspirar por seu exemplo de amor e entrega, poderemos contribuir para a construção de um mundo onde a dignidade de cada pessoa seja respeitada, os direitos fundamentais sejam garantidos e a paz e a justiça prevaleçam. Afinal, como afirmou o Papa Francisco, "a dignidade de cada pessoa humana e o bem comum são questões que deveriam estruturar toda a política econômica, mas às vezes parecem somente apêndices adicionados de fora para completar um discurso político sem perspectivas nem programas de verdadeiro desenvolvimento integral".

Que a vida e os ensinamentos de Jesus Cristo continuem a nos inspirar e a nos impelir na luta incansável pelos direitos humanos, pela justiça e pela fraternidade universal. Somente assim poderemos construir um mundo onde o amor, a compaixão e a dignidade sejam os alicerces de uma sociedade verdadeiramente humana e solidária.

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SOBRE O AUTOR

SOBRE O AUTOR

José Nazareno Cardeal Fonteles é graduado em Medicina e Matemática. Fez residência médica em Ortopedia e Traumatologia e mestrado em Matemática. Atuou como ortopedista no HGV, na Casamater e nas clínicas Cot e Copil. É professor aposentado da UFPI. Exerceu mandatos de vereador, deputado estadual e de deputado federal. Fundou e presidiu por sete anos a Frente Parlamentar da Segurança Alimentar e Nutrcional do Congresso Nacional. Foi secretário de saúde do Piauí. Participa da direção do grupo educacional CEV. É casado com Nereida, pai de Deborah, Danielle e Rafael e avô de sete netos. Tem fé em Jesus de Nazaré, o Mestre do Amor Gratuito.

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