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Médico cubano cria novo tratamento contra a Covid-19 no Piauí sem uso da cloroquina

O cardiologista clínico está há 33 anos trabalhando no Brasil, 23 deles só no Piauí; validação do protocolo pode ajudar a salvar muitas vidas

Por Luiz Brandão

Sábado - 16/05/2020 às 03:30



Foto: Luiz Brandão Jesús Rivero: nossa luta é pra salvar vidas
Jesús Rivero: nossa luta é pra salvar vidas

O médico cubano Jesús Fleitas Rivero, de 52 anos, criou um novo protocolo de um tratamento que vem desenvolvendo com sucesso, no Piauí, em vítimas da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Ele está na linha de frente de combate ao vírus.

Em nenhuma das fases da doença o médico administra ou indica a seus pacientes o uso da hidroxicloroquina, medicamento que vem causando muitas controvérsias no meio científico por causa dos seus efeitos colaterais.

O trabalho do cardiologista está sendo feito a partir da experiência com 18 pessoas que testaram positivo para o novo coronavírus e se tornaram pacientes do Jesús Rivera, que trabalha em três hospitais de Teresina - DMI, Itacor e Med Imagem.

Formado em Cuba, o médico Jesús Fleitas Rivero mora há 23 ano Piaui e quer validar esse novo protocolo para que possa ser adotado nos hospitais do estado e ajudar salvar vidas de vítimas da Covid-19. Para isso, o médico já fez contato e está aguardando resposta do governador Wellington Dias.

No tratamento desenvolvido por Rivera, em todas as fases da Covid-19 são usados basicamente três medicamentos - nitazoxanida, azitromicina e prednisona.

De acordo com o médico, dependendo da evolução da enfermidade e da situação de cada paciente, algumas medicações complementares como metilprednisolona, antibióticos de amplo espectro e heparina são acrescentadas.

Vânia é uma das pacientes que gravou e autorizou divulgar vídeo sobre o tratamento com Jesús Rivero

Fases da Covid-19, segundo Jesús

O médico Jesús Fleitas Rivera dividiu a Covid-19 em quatro fases: 1 - replicação do vírus; 2 - inflamatória; 3 - trombogênica; 4 - da coagulação intravascular disseminada.

Na primeira fase, a inicial, da replicação viral, que vai de 1 a 5 dias, o tratamento é feito com Nitazoxanida (500 mg de 8 em 8 horas durante 7 días) mais a Azitromicina (500 mg 2 cápsulas de 12 em 12 horas, durante 5 días).

"Na fase inicial da doença, a da replicação, o paciente apresenta febre tosse e perde o olfato e o paladar. A pessoa, comprovadamente infectada, recebe a prescrição e fica em casa, isolada, sem contato com familiares ou amigos, tomando os remédios e as medidas de higiene", explica Dr Jesús.

Na segunda fase, a inflamatória, que vai de 5 a 10 dias é quando cresce a velocidade de sedimentação sanguínea e se eleva radicalmente a concentração da chamada "proteína C reativa" no sangue, a medicação é acrescida de Prednisona (60mg pela manhã durante 5 dias).

 "Essa é a fase chamada de tormento imunológico, do mal estar geral, dor, febre e tosse. O repouso de pelo menos 12 horas por dia é importante para poupar esforços do paciente, diz o médico.

Na terceira fase, a da trombogenia (formação de trombos), que o médico subdividiu em duas e que vai de 7 a 12 dias, é acrescida a Heparina BPM (Baixo Peso Molecular).

Rivera explica que no primeiro momento da terceira fase da Covid-19 há uma trombogenia pulmonar superficial, dificultando a respiração (falta de ar). No segundo momento dessa fase a situação se agrava, porque começa ocorrer uma trombogenia pulmonar profunda.

"Neste ponto, é necessária uso imediato da metilprednisolona EV, de antibióticos de amplo espectro e da Heparina BPM. É também neste ponto que os médicos devem avaliar a necessidade de respiração mecânica", diz Jesús Rivera.

A quarta fase da Covid-19, segundo o médico, é a  mais grave, pois ocorre a coagulação intravascular disseminada nos pulmões, sendo necessário, além de toda a medicação prescrita, a ventilação mecânica. É nesta fase em que ocorrem a maioria absoluta dos óbitos.

O médico cubano Jesús Rivero paramentado para o trabalhoEntrevista

Em entrevista ao jornalista Luiz Brandão, editor do portal Piauí Hoje (www.piauihoje.com), o médico cubano explica como é o tratamento seguindo protocolo que ele quer validar junto às autoridades de saúde do estado.

O médico chama de fantástico os resultados que obteve no tratamento de pelo menos 18 pacientes de Covid-19 que acompanha em Teresina. Do total, apenas dois necessitaram de internação.

Ele também explica que os medicamentos principais que prescreve para os pacientes vítimas do novo coronavírus podem ser usados em todas as fases do tratamento e que os efeitos colaterais são infinitamente menores e menos graves que os já conhecido no uso da hidroxicloroquina.

A cloroquina vem sendo usada contra o novo coronavírus nos primeiros cinco primeiros dias dos sintomas da Covid-19. O remédio é indicado para tratar doenças como afecções reumáticas e dermatológicas, artrite reumatóide e lúpus.

Comprovadamente, o medicamento apresenta efeitos colaterais graves, que podem levar a morte, como taquicardias, arritmias e até paradas cardíacas. Também causa efeitos colaterais indesejáveis e perigosos ao fígado e rins. Por isso a cloroquina precisa ser administrada como muito cuidado em pacientes com Covid-19 porque muitos tem comorbidades graves.

Os resultados de sucesso do tratamento criado pelo médico Jesús Fleitas Rivera são testemunhados por outros médicos e por pacientes. Também são confirmados em documentos e em exames, como tomografias realizadas no início durante e no final do tratamento.

Vários pacientes tratados por Rivera fazem depoimentos em vídeo e mostram exames para comprovar a eficiência do tratamento. O médico criou um grupo de Whatsapp com os pacientes e todos os dias acompanha a situação de cada um. São duas consultas diárias, uma no início da manhã e outra no fim da tarde.

A seguir, o vídeo gravado pelo médico e enviado ao jornalista Luiz Brandão.


Luiz Brandão

Luiz Brandão

Luiz Brandão é jornalista formado pela Universidade Federal do Piauí. Está na profissão há 40 anos. Já trabalhou em rádios, TVs e jornais. Foi repórter das rádios Difusora, Poty e das TVs Timon, Antares e Meio Norte. Também foi repórter dos jornais O Dia, Jornal da Manhã, O Estado, Diário do Povo e Correio do Piauí. Foi editor chefe dos jornais Correio do Piauí, O Estado e Diário do Povo. Também foi colunista do Jornal Meio Norte. Atualmente é diretor de jornalismo e colunista do portal www.piauihoje.com.
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