Política

Bolsonaro ameaça: "espero que a Argentina reflita muito sobre a visita a Lula"

Alberto Fernández visitou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na prisão

Redação

Domingo - 14/07/2019 às 13:42



Foto: Jorge Silva / Reuters O presidente da Argentina, Mauricio Macri, ao lado de Bolsonaro, em Osaka
O presidente da Argentina, Mauricio Macri, ao lado de Bolsonaro, em Osaka

O presidente Jair Bolsonaro declarou ao jornal argentino "Clarín" que espera que o país vizinho "reflita muito sobre essa visita de seu candidato a Lula". Apoiado pela ex-presidente Cristina Kirchner, Alberto Fernández visitou o ex-presidente Luiz Inácio Lula  da Silva, na Superintendência da Polícia Federal do Paraná, em  Curitiba , no começo de julho. Na ocasião, ele criticou a prisão do líder petista, afirmando tratar-se de uma "mácula ao Estado de Direito". E prometeu se manter ao lado do brasileiro, que cumpre pena de oito anos e dez meses de prisão no caso do tríplex do Guarujá.

Às vésperas de uma nova viagem para a Argentina, para compromissos do Mercosul , Bolsonar acusa o candidato de Cristina Kirchner de " não conhece a realidade brasileira. Aqui confiamos em nossas instituições. Lula foi condenado em três instâncias. Espero que a Argentina reflita muito sobre essa visita de seu candidato a Lula", recomendou. 

"O candidato de Cristina Kirchner disse que revisaria (o acordo) Mercosul-União Europeia . Isso vai trazer problemas econômicos para Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Estamos focados na economia. Um governo com a economia fraca não se sustenta. E eu não quero que a Argentina siga a linha da Venezuela. Por isso que apoio a reeleição de Macri. Na verdade, apoio apenas que Cristina Kirchner não volte ao poder, tendo consciência de que não vou interferir politicamene em outro país", completou.

Perguntado sobre o diálogo com o país vizinho caso a oposição vença as eleições (a chapa de Fernández-Kirchner lidera as pesquisas de intenção de voto), Bolsonaro declarou que "a única rivalidade que Brasil tem com Argentina é no futebol. Somos irmãos", para na sequência levantar riscos de atritos:

"Tenho a convicção de que, diante das declarações do candidato de Cristina Kirchner, de revisar (o acordo) do Mercosul (com a União Europeia) e visitar no Brasil um presidiário condenado pela Justiça em três instâncias, vejo como um sinal de que possamos vir a ter algum atrito indesejado com a Argentina. Tenho certeza de que (o presidente do Chile, Sebastian) Piñera, (o presidente do Paraguai Mario Abdo Benítez), Marito tampouco querem ter esses atritos".

Sobre as críticas que recebeu ao projeto de uma moeda únic a (de que ela seria mais vantajosa para a Argentina que para o Brasil), o presidente disse ao jornal que este projeto "não nasceu com ele" e que "em um casamento todo mundo perde ou ganha": "Este casamento, Macri e eu, um casamento hétero (risos), é muito bem-vindo para nossos povos".

Outro tema levantado foi a possível indicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), "no momento posta como uma possibilidade".

"Imagine que Macri tivesse um filho embaixador aqui no Brasil. Com todo o respeito à nossa chancelaria e aos diplomatas do mundo inteiro, mas com toda certeza de que minha relação com o filho de Macri será diferente do que com outro embaixador profissional", disse.

Como revelou O Globo, em uma reunião entre Eduardo Bolsonaro e um alto funcionário do governo da Argentina em maio, o filho do presidente, que preside a Comissão de Relações Exteriores e Defesa da Câmara e atua como representante informal do governo no exterior, conversou com um alto funcionário sobre o cenário eleitoral argentino e perguntou como o Brasil poderia colaborar com a campanha pela reeleição do presidente Macri.

Segundo contou outra alta fonte argentina, a resposta do funcionário de Macri foi taxativa: “Relacionem, sempre que possível, a ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015) com a Venezuela”.

Isso foi exatamente o que fez o presidente brasileiro em sua primeira visita de Estado à Argentina . E o pedido feito pelo funcionário argentino ao deputado Bolsonaro inspirou um dos pontos escritos pelo filho do presidente nos papéis que trouxe a Buenos Aires como uma espécie de roteiro da visita de Estado de seu pai.

Uma de suas anotações dizia “que Brasil e Argentina não virem novas Venezuelas ”. No caso da Argentina, isso significa, em outras palavras, pedir aos argentinos que não votem pelo retorno de Cristina ao poder..

Embora a senadora tenha decidido ser candidata à vice, deixando a candidatura presidencial nas mãos de seu ex-chefe de gabinete, Alberto Fernández, a eleição já está polarizada entre Macri e sua antecessora.

Fonte: O Globo

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