Política Nacional

Rodrigo Maia cobra mais apoio de governadores à Previdência

Governadores não se engajaram junto às bancadas em prol da reforma

Sábado, 27/04/2019 às 12:04



Foto: Jorge Bastos/CCom Wellington Dias com Rodrigo Maia em Teresina
Wellington Dias com Rodrigo Maia em Teresina

Os governadores ainda não se engajaram junto às suas bancadas na Câmara em prol da reforma da Previdência, o que se tornou uma queixa recorrente do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

"Os governadores precisam introduzir votos", reclama a interlocutores. Mas são os aliados mais próximos do deputado - integrantes do Centrão, grupo formado por Solidariedade, PP, PR, DEM e PRB - que afastam os chefes dos Executivos estaduais da articulação em favor da proposta. Parlamentares desse núcleo político ameaçam retirar da proposta de emenda à Constituição os trechos que reformam as previdências estaduais e municipais.

"Não aceitamos, de jeito nenhum, fazer reforma para governadores e prefeitos. Por que eu e os meus pares vamos nos desgastar perante a opinião pública, enquanto o governador fica em seu estado, numa boa, falando mal da reforma? O governador que faça a reforma dele lá na Assembleia Legislativa. Nós não aceitaremos fazer reforma aqui para os Estados e Municípios", afirmou o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), um dos nomes mais afinados com Rodrigo Maia, na última terça-feira (23), na sessão em que a PEC da reforma foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Apesar dos posicionamentos em sua ala próxima, Rodrigo Maia acredita que, a partir do momento em que os governadores assumirem para si a Previdência como uma pauta de interesse e batalharem para conseguir votos junto aos deputados de seus estados, naturalmente a "campanha contra" do Centrão cessará.

O presidente da Câmara tem conversado com frequência com os chefes dos Executivos estaduais de todo o país e analisado as reivindicações de cada local. A principal preocupação, por exemplo, da região Nordeste, são as mudanças na aposentadoria rural e no Benefício de Prestação Continuada (BPC). Já existe praticamente um consenso entre os parlamentares, de forma geral, para retirar esses itens do texto na comissão especial, instalada na última quinta (25) - lá será debatido o mérito da proposta e, portanto, o local onde a PEC sofrerá mais alterações estruturais.

Outra preocupação é sobre o regime de capitalização que, julga-se, afetará a população mais pobre. A ideia conversada nos bastidores é a construção de um "sistema híbrido". Contudo, ainda não há detalhes de como equilibrar o regime geral, existente hoje, com o defendido a unhas e dentes pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

Novas negociações

No limite da crise fiscal, os governadores irão novamente a Brasília no próximo dia 8 de maio, para mais conversas com Maia e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), de quem pretendem cobrar o andamento de suas pautas paralisadas nas Casas. A lista de prioridades começa com cessão onerosa em primeiro lugar, e segue com securitização das dívidas, lei Kandir, e precatórios.

"É preciso ter foco e diálogo entre os três Poderes para definir as prioridades para que os principais projetos de interesse aos Estados avancem.", defendeu o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, uma das vozes à frente das reivindicações dos governos com Brasília. Todos os assuntos que serão reivindicados ajudariam a reequilibrar as finanças nos estados.

No dia seguinte, 9 de maio, o encontro é com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), para mais cobranças: a continuidade de ações que questionam a Lei de Responsabilidade Fiscal que permitiriam, entre outras coisas, reduzir a carga horária e os salários de servidores, mais uma medida para desafogar os cofres.

Os chefes dos Executivos estaduais também querem se reunir com o presidente Jair Bolsonaro e Guedes. O ministro têm vetado o andamento de boa parte das pautas de interesse dos governos no Congresso e vinculado sua continuidade ao andamento da reforma da Previdência.

A situação nos estados acabou virando um ciclo vicioso: sem solução para seus conflitos financeiros, os governadores recorrem a Brasília, mas não são atendidos, porque não se engajam na busca de votos pró-reforma. Por não apoiarem a causa, suas pautas ficam travadas e são ameçados de serem desvinculados da PEC em tramitação no Congresso.

Fonte: Congresso em foco

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