Política Nacional

Jair Bolsonaro diz que Globo recebe bilhões da União

Confira a íntegra da entrevista com o candidato a Presidente pelo PSL

Quarta - 29/08/2018 às 10:08



Foto: Paulo Pincel/Celular Entrevista no Jornal Nacional (TV Globo) com Jair Bolsonaro
Entrevista no Jornal Nacional (TV Globo) com Jair Bolsonaro

O candidato do PSL a presidente, Jair Bolsonaro, afirmou nesta terça-feira (28), em entrevista ao Jornal Nacional, que um criminoso não pode ser tratado como "um ser humano normal" e, por isso, se um policial "matar 10, 15 ou 20 com 10 ou 30 tiros cada um" deve ser condecorado e não processado.

Bolsonaro foi o segundo entrevistado da série do JN com presidenciáveis. O primeiro foi Ciro Gomes (PDT). Nesta quarta (29), será a vez de Geraldo Alckmin (PSDB), e, na quinta, de Marina Silva (Rede). A ordem das entrevistas foi determinada por sorteio. Luiz Inácio Lula da Silva, presidenciável do PT, está preso e proibido pela Justiça de dar entrevistas.

O candidato do PSL foi questionado pelo jornalista William Bonner sobre ter declarado que violência se combate com mais violência ainda. "Como o senhor acha que os brasileiros que vivem nessas comunidades dominadas por traficantes, que são vítimas desses tiroteios tão frequentes, como é que elas recebem uma afirmação como essa sua?"

O presidenciável defendeu "ir com tudo para cima deles" desde que moradores de comunidades estejam fora da linha de tiro.

"Temos que fazer o quê? Em local que você possa deixar livre da linha de tiro as pessoas de bem da comunidade, ir com tudo para cima deles. E dar para o agente de segurança pública o excludente de ilicitude. Ele entra, resolve o problema. Se matar 10, 15 ou 20, com 10 ou 30 tiros cada um, ele tem que ser condecorado [o policial] e não processado.”

Confira a íntegra daentrevista:

illiam Bonner: Nós já estamos a postos para receber o convidado dessa noite, o candidato Jair Bolsonaro, do PSL.

Renata Vasconcellos: Olá, candidato. Seja muito bem-vindo. Boa noite.

William Bonner: O nosso segundo entrevistado. Boa noite. Bem-vindo, candidato. Muito obrigado pela sua presença. Eu peço ao senhor que ocupe a sua cadeira. Com aquele cuidado, só porque a mesa é giratória.

Jair Bolsonaro: Isso aqui tá parecendo uma plataforma de tiro de artilharia. Então, estou confortável aqui.

William Bonner: Esteja certo de que não é. Vamos lá, Renata?

Renata Vasconcellos: Vamos lá. O Jornal Nacional... Boa noite candidato, novamente.O Jornal Nacional dá sequência, nesta terça-feira (28), à série de entrevistas, ao vivo, com os principais candidatos à Presidência da República mais bem colocados na última pesquisa Datafolha de intenção de votos.

Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT, aparece em primeiro lugar na pesquisa. Mas o ex-presidente não pode dar entrevistas por determinação da Justiça. Ele está preso em Curitiba, condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

A ordem das entrevistas foi determinada em sorteio, com a presença dos assessores dos candidatos. Nesta segunda-feira (27), esteve no Jornal Nacional Ciro Gomes, do PDT. Nesta terça-feira (28), é a vez de Jair Bolsonaro, do PSL. Nesta quarta-feira (29), Geraldo Alckmin, do PSDB. E, na quinta-feira (30), Marina Silva, da Rede.

Nas entrevistas, o Jornal Nacional aborda os temas que marcam cada uma das candidaturas, questiona assuntos polêmicos e trata da viabilidade de alguns pontos dos programas de governo.

Na semana de 17 a 21 de setembro, os candidatos mais bem pontuados pela pesquisa Ibope ou Datafolha mais recente da ocasião também vão estar no Jornal da Globo.

O tempo total desta entrevista é de 27 minutos e não pode ser ultrapassado, porque foi esse o tempo dado ao candidato Ciro Gomes na entrevista desta segunda-feira. Ao fim, o candidato terá mais um minuto para dizer que Brasil que ele quer para o futuro.

E o tempo começa a ser contado a partir de agora.

William Bonner: Candidato Jair Bolsonaro, bem-vindo mais uma vez. Nós vamos começar a entrevista falando sobre o velho e o novo na política. O senhor está no seu sétimo mandato. São 27 anos. Por que é que o senhor se apresenta como o novo, contra tudo que está aí, se o senhor e a sua família, como tantas outras famílias de políticos, fizeram da política uma profissão, vamos dizer assim. O senhor vive da política e vive para a política, como outras famílias fizeram o mesmo, e o senhor as critica muito duramente.

Jair Bolsonaro: Geralmente, quando se fala em família na política, são famílias enroladas em atos de corrupção. A minha família é limpa na política. Sempre integrei o baixo clero em Brasília. Se tivesse, na forma de fazer política, ocupado altos postos, com toda certeza eu estaria envolvido na Lava Jato hoje em dia. Então, mantive a minha linha em Brasília, inclusive citado no Mensalão por Joaquim Barbosa como o único deputado da base aliada que não foi comprado pelo PT. Citado por Alberto Yousef como um dos três deputados do PP que não buscou dinheiro na Petrobras. E também, na questão da JBS Friboi, fui o único deputado que recebeu do partido dinheiro oriundo da JBS Friboi e devolveu para o partido. Então, eu não sou, eu estou lá na política há muito tempo, tenho 17 anos de Exército Brasileiro e mantive a minha linha.

William Bonner: Mas...

Jair Bolsonaro: E ser honesto, Bonner, não é virtude, é obrigação.

William Bonner: Mas, eu vou tentar explicar aqui a questão que eu estou colocando. É que tudo o que o senhor tem, em termos de patrimônio, o senhor conquistou com os seus salários de parlamentar, está certo? O senhor declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio em torno de R$ 2 milhões. Isso coloca o senhor em um grupo muito reduzido de brasileiros, 0,2% da população brasileira. Portanto, ao longo de 27 anos, o que aconteceu foi que o senhor fez da política uma profissão. A questão é: o que é que o diferencia de tantos outros políticos que trilharam o mesmo caminho?

Jair Bolsonaro: Bonner, nunca recebi dinheiro de empresa nenhuma para campanha. Sempre fiz a minha campanha usando aquilo que consegui ao longo do mandato, em especial as minhas conquistas. Eu tenho reconhecimento popular para isso. Muitas vezes, inclusive no passado, sequer em televisão, no horário eleitoral gratuito, eu apareci. Então, eu fiz um trabalho, no meu entender, reconhecido pelo povo como muito bom. Se não aprovei muitos projetos, também evitei que péssimos projetos fossem avante em Brasília. E, por tabela, elegi os meus filhos, um federal em São Paulo, um vereador no Rio e outro estadual do Rio de Janeiro. Ninguém é obrigado a votar nos meus filhos, eles acreditam em mim.

Renata Vasconcellos: Mas falando nessa questão, candidato, que ele mencionou, a gente está falando de práticas novas na política que o senhor diz tanto defender, né? O senhor dispensou o auxílio-moradia, mesmo tendo um apartamento em Brasília, em março deste ano. O senhor já tinha dito que isso não é ilegal e, de fato, não é. Mas o que há de novo em um candidato que defende a moralidade no uso do dinheiro público, mas que só volta atrás quando é cobrado publicamente?

Jair Bolsonaro: Não, eu fui para um apartamento novo agora porque eu precisava de um espaço maior. O meu apartamento tinha 70 m2, tinha despesas também.

Renata Vasconcellos: Mas o senhor dispensou…

Jair Bolsonaro: Agora, vão me desqualificar por ter recebido auxílio-moradia, que é legal, como a "pejotização" de vocês também é legal?

Renata Vasconcellos: A gente só está falando das práticas novas na política que o senhor defende...

Jair Bolsonaro: Não, não, olha, nunca tive um cargo no governo, nunca tive um secretário de município indicado por mim, do estado, nada, eu sempre fui um parlamentar preocupado com o meu mandato e o meu voto é algo sagrado. O meu voto é a marca do meu trabalho e respeito para com a população.

Renata Vasconcellos: Mas nessa questão do auxílio-moradia, se todos fazem assim e o senhor faz como todos fazem, o que há de novo nisso na política?

Jair Bolsonaro: Olha só, eu estava em um cubículo em Brasília. Todo recurso que eu recebo em Brasília é para a manutenção do meu mandato, era para pagar também o IPTU daquele imóvel, era para pagar o condomínio... Ficava quase no zero a zero. O meu apartamento está à venda. Quem quiser comprar está à disposição, e agora estou morando num funcional. É o tal negócio... A forma de vocês receberem por PJ também é legal e está na lei, eu não estou criticando isso aí.

William Bonner: Vamos falar de economia, candidato?

Jair Bolsonaro: Vamos, fique à vontade.

William Bonner: É um tema caríssimo aos brasileiros, importantíssimo nesse momento. Sobretudo nesse momento que o país está enfrentando. O senhor diz, com sinceridade até, que o senhor não entende de economia. E que quem vai cuidar desse assunto no seu governo, caso eleito, será Paulo Guedes, um economista. A questão é: em nenhuma democracia do mundo há notícia de um candidato a chefe de estado que, com tamanha antecedência, ao longo de uma campanha eleitoral, já tenha delegado tamanho poder a um futuro subordinado. O que é que o senhor diria a um eleitor que esteja preocupado com a possibilidade de o senhor se tornar um refém de um subordinado tão poderoso, em quem o eleitor nem vai votar?

Jair Bolsonaro: Primeiro, o Lula, que não entendia de economia, teve um ministro da mesma, médico. Dilma Rousseff, que entendia de economia, levou o Brasil ao caos. Eu parto do princípio que você tem que confiar nos homens e nas mulheres. Eu às vezes me pergunto o que o senhor Paulo Guedes viu em mim. Ele já me respondeu: “Vi sinceridade e vi confiança”. Eu tenho que confiar nele, como tenho que confiar no meu ministro da Justiça, o da Defesa, o da Agronomia, entre outros. E olha só Bonner, pode ter certeza, eu sou o único desses que estão aí com chance de chegar que vai ter isenção para escolher os seus ministros, não vai pedir bênção e nem vai estar preso a indicações políticas, que os ministros geralmente trabalham para os seus partidos políticos. Então, eu tenho essa independência. E o Paulo Guedes é um economista reconhecido, dentro e fora do Brasil.

William Bonner: O senhor tem repetido, inúmeras vezes, que Paulo Guedes vai permanecer com o senhor até o fim. Já foi questionado sobre isso: ‘Mas e se os senhores brigarem? Não, não tem briga, ele vai ficar’. No entanto, existe um conceito de gestão que diz o seguinte: não se deve contratar ninguém que depois não possa ser demitido. E o senhor sabe que é impossível o senhor garantir que um subordinado vá acompanhá-lo até o fim do seu mandato. É uma garantia que o senhor não tem como oferecer, candidato. Então, a questão que eu gostaria de propor é a seguinte: digamos que Paulo Guedes um dia entre no seu gabinete como presidente da República e diga assim, sei lá, como ministro, ele diga assim: “Presidente, ou o senhor faz isso, isso e isso ou eu vou pegar o meu boné e vou-me embora”. O que o senhor faria numa situação como essa com Paulo Guedes? O senhor deixaria ele ir embora, e aí o senhor descumpriria essa promessa de mantê-lo até o fim, ou o senhor obedeceria a exigência feita por ele?

Jair Bolsonaro: Bonner, é quase que um casamento. Eu estou namorando o Paulo Guedes há algum tempo e ele a mim também. Nós, Bonner, somos separados. Até o momento da nossa separação, nós não pensamos numa mulher reserva para isso. Se isso vier a acontecer, por vontade dele ou por uma vontade minha, paciência. O que eu tenho de Paulo Guedes até o momento é de uma fidelidade, de um compromisso enorme para com o futuro do Brasil. Tenho certeza, acredito nas propostas dele e ele vai implementar, se não vai implementar todas é porque temos, sim, um filtro chamado Câmara e Senado. Nem tudo que ele quer ou o que eu quero podemos aprovar, porque passa pelo parlamento brasileiro.

William Bonner: O senhor está então, agora, admitindo que existe essa possibilidade de Paulo Guedes, em algum momento, se descasar do senhor, para usar uma comparação que o senhor está usando.

Jair Bolsonaro: Paulo Guedes, Bonner, quando nós nos casamos, eu com a minha esposa, você com a sua, nós juramos fidelidade eterna. E aconteceu um problema no meio do caminho, que não cabe a ninguém discutir esse assunto. Duvido, pelo que conheço de Paulo Guedes, e passei a conhecê-lo muito mais depois que comecei a conversar com ele, esse descasamento venha, esse divórcio venha a acontecer. O único insubstituível nessa história sou eu, que daí troca todo o ministério. Fora isso, se por ventura vier a acontecer, pode ter certeza, né, que não será por um capricho meu ou o capricho dele. Que nós estamos imbuídos, eu e Paulo Guedes estamos imbuídos, em buscar dias melhores para o nosso Brasil. E nós não queremos uma aventura nesse processo.

Renata Vasconcellos: Candidato, vamos falar agora de um tema muito importante também, que é desigualdade de gênero. Segundo o IBGE, as mulheres ganham 25% menos que os homens. O senhor já disse que no serviço público já há a garantia dessa igualdade salarial. E no setor, na iniciativa privada, vale o que o empregador... O livre-arbítrio do empregador. O senhor já disse que um presidente da República, na sua opinião, não pode fazer nada a respeito para mudar esse quadro. O fato é que o senhor afirmou que, se fosse empregador, não empregaria mulheres com os mesmos salários dos homens. Ou seja, o senhor se solidariza pessoalmente com os empregadores que compartilham dessa desigualdade salarial. Como explicar isso às mulheres?

Jair Bolsonaro: É muito fácil. Renata, você leu isso, ouviu ou viu essa afirmação tua a meu respeito?

Renata Vasconcellos: Acho que eu ouvi e li.

Jair Bolsonaro: Não. Você não...

Renata Vasconcellos: Ouvi na televisão…

Jair Bolsonaro: Não, me desculpe a senhora não ouviu. Eu nunca...

William Bonner: Candidato, nós ouvimos. Se o senhor quiser...

Jair Bolsonaro: Foi no programa da Luciana Gimenez?

William Bonner: É...

Jair Bolsonaro: Mas já existia esse fato em jogo, ela perguntou para mim, eu falei ‘É competência’. Daí ela falou: ‘Ó, as mulheres todas são competentes’. Então, a questão de salário é questão de competência... Na CLT já se garante isso. O salário compatível, desde que não haja mais de dois anos em tempo de serviço a mais entre uma e outro. Olha, isso veio...

Renata Vasconcellos: Nós sabemos que, na prática, existe desigualdade salarial entre homens e mulheres.

Jair Bolsonaro: Tudo bem.

Renata Vasconcellos: Tanto é que o IBGE mostra que as mulheres ganham 25% a menos que homens.

Jair Bolsonaro: Renata... Eu estudei.

Renata Vasconcellos: Eu gostaria só de saber do senhor, eleito presidente da República, o senhor é candidato à presidência, que políticas o senhor deve fazer para evitar essa desigualdade?

Jair Bolsonaro: Por que o Ministério Público do Trabalho não age no tocante a isso daí? Passa a agir.

Renata Vasconcellos: O senhor como presidente da República…

Jair Bolsonaro: Mas eu não tenho ingerência no Ministério Público do Trabalho, isso está na CLT. É só as mulheres denunciarem, o MP do Trabalho vai atuar no assunto.

Renata Vasconcellos: O senhor sabe que o Estado, ele tem mecanismos para estimular a iniciativa privada para que não cometa esse tipo de desigualdade salarial.

Jair Bolsonaro: Olha, Bonner…

Renata Vasconcellos: O senhor como candidato à Presidência da República não vai fazer nada para… Ou melhor, como presidente da República, o senhor não fará nada para evitar desigualdades assim?

Jair Bolsonaro: Olha, mas é lógico que a gente faria, mas estou falando que o Ministério Público do Trabalho pode ser questionado. Eu estou vendo aqui uma senhora e um senhor, eu não sei ao certo, mas com toda certeza há uma diferença salarial aqui, parece que é muito maior para ele do que para a senhora. São cargos semelhantes, semelhantes, são iguais…

Renata Vasconcellos: Candidato, desculpe até, eu vou interromper vocês dois. Sim, eu poderia até como cidadã, e como qualquer cidadão brasileiro, fazer questionamentos sobre os seus proventos, porque o senhor é um funcionário público, deputado há 27 anos, e eu, como contribuinte, ajudo a pagar o seu salário. O meu salário não diz respeito a ninguém. E eu posso garantir ao senhor, como mulher, que eu jamais aceitaria receber um salário menor de um homem que exercesse as mesmas funções e atribuições que eu. Mas agora eu vou devolver a palavra ao senhor, para o senhor continuar o seu raciocínio.

Jair Bolsonaro: Pode ter certeza, né? Vocês vivem em grande parte aqui de recursos da União. São bilhões que recebem o sistema Globo, de recursos da propaganda oficial do governo.

William Bonner: Candidato…

Jair Bolsonaro: São concessões, mas vamos lá. Não pregue em mim essa pecha que eu defendo isso, porque se tivesse defendido um dia, teria um discurso meu na Câmara. Nunca teve um discurso, um projeto meu da Câmara nesse sentido, não existe. Esse rótulo foi pregado em mim, no ano de 2010 mais ou menos, 2012, quando dei uma entrevista para o jornal Zero Hora, de Porto Alegre. Eu estudei e falei por que mulher ganhava menos do que o homem de acordo com estudos, inclusive do IBGE.

Renata Vasconcellos: O senhor tem então algum projeto nesse sentido, se for eleito?

Jair Bolsonaro: Já está na CLT. A CLT já garante salários iguais para as mesmas funções, para homem e mulher. Não tem que discutir.

William Bonner: O candidato deixou claro que não vai tomar nenhuma providência nesse sentido

Jair Bolsonaro: E se a lei não está sendo cumprida... Quando uma lei não é cumprida, a quem compete resolver? É a Justiça, é o Ministério Público do Trabalho.

William Bonner: Candidato, vamos falar de emprego, então. Vamos seguindo falando de emprego. É um tema importantíssimo também neste momento. O senhor tem dito que, para ter mais emprego, é preciso ter menos direitos trabalhistas. Eu pediria ao senhor que explicasse. Num governo Bolsonaro, quais direitos trabalhistas os brasileiros deixarão de ter?

Jair Bolsonaro: Faltou um pedacinho antes. Eu tenho falado em todas as reuniões que eu faço, há quase quatro anos, em palestras pelo Brasil, que a classe empregadora - são os comerciantes, são os industriais, os empresários - tem dito o seguinte. Eles têm dito o seguinte: um dia o trabalhador vai ter que decidir: menos direito e emprego ou todos os direitos e desemprego. Por que isso? O custo do Brasil...

William Bonner: O senhor verbaliza o que dizem os empregadores? Na condição de candidato à Presidência.

Jair Bolsonaro: Sim, sim. E eu tenho falado para eles: “Vocês têm que demonstrar isso”.

William Bonner: Mas quais são os direitos trabalhistas que o senhor como presidente tiraria?

Jair Bolsonaro: Esses direitos estão previstos no artigo 7º da Constituição, cláusulas pétreas, nenhum pode ser retirado. Nenhum pode ser retirado. O que nós temos que fazer, aí parte do Executivo, nós temos que desonerar a folha de pagamento, nós temos que desburocratizar, nós temos que desregulamentar muita coisa. Evitar que, para se abrir uma empresa, leve em média, aí, cem dias no Brasil. E isso tem que fazer para ajudar a ter emprego no Brasil. Bonner, você não consegue no Brasil…

William Bonner: Candidato, eu estou tentando extrair do senhor uma informação objetiva, com o seguinte propósito: não seria mais correto, antes da eleição, o eleitor saber, o trabalhador saber, de que tipo de direitos o senhor está disposto a tirar. Que tipo de direitos o senhor está disposto a suprimir uma vez eleito? Para não ter uma surpresa depois?

Jair Bolsonaro: Primeiro, desculpa Bonner, quem por ventura tirar direito, não vai ser o chefe do Executivo, vai ser a Câmara e o Senado.

William Bonner: O senhor vai propor ao Congresso?

Jair Bolsonaro: Não, não vou. Só se você tiver uma nova Assembleia Nacional Constituinte. E se você abrir, instaurar uma nova Assembleia Nacional Constituinte, a gente não sabe o que vai acontecer dentro do Parlamento, você perde o controle daquilo lá. Agora, isso é uma realidade, você não consegue produzir um prego no Brasil e botar de forma competitiva no Paraguai. E mais ainda, uma grande verdade: o salário hoje é muito para quem paga e pouco para quem recebe. Vou partir dessa premissa para buscar a solução do problema. E não jogue a responsabilidade em cima de um candidato à Presidência por essa quantidade de problemas que nós temos no Brasil.

William Bonner: É que o candidato, o candidato disse que é preciso ter menos direitos trabalhistas para ter mais empregos.

Jair Bolsonaro: São os empresários que têm dito isso.

William Bonner: Mas vou seguir ainda na questão dos direitos trabalhistas.

Jair Bolsonaro: São os empresários que têm dito isso.

William Bonner: O senhor tem verbalizado, candidato... Mas vamos lá. Aparentemente, o senhor concorda com isso. Ainda na questão dos direitos trabalhistas, o Brasil assistiu à aprovação da PEC dos domésticos, e a PEC dos domésticos dignificou a profissão de milhões de trabalhadores brasileiros, né? Deu a eles direitos que até então não tinham. No entanto, o senhor votou contrariamente à PEC dos domésticos. Eu lhe pergunto: por que o senhor considera que esses milhões de cidadãos trabalhadores brasileiros não teriam direito, não mereceriam esses direitos conquistados?

Jair Bolsonaro: Não é o senhor votou contra, eu fui o único a votar contra, em dois turnos, então não houve erro da minha parte. Foi para proteger, o que eu defendia são os mesmos direitos, mas de forma gradativa. Levou milhares, milhões de senhoras e alguns homens que exerciam o trabalho doméstico para ser o quê? Diaristas. E como diaristas não estão, sequer, grande parte deles, recolhendo para a sua Previdência. Então tem que ser devagar. Muita gente teve que demitir, porque não teria como pagar, muitas mulheres perderam o emprego exatamente pelo excesso desses direitos. Essa foi a minha intenção. Nada contra…

William Bonner: Os números do IBGE... Os números recentes do IBGE a respeito disto não atestam com tamanha clareza o que o senhor está dizendo, candidato. Mas, para gente também não ficar só num assunto, eu diria o seguinte: o senhor está... O eleitor deve entender então que o senhor, para o senhor não tem saída. Ou não tem direito, ou não tem emprego.

Jair Bolsonaro: Que tal a gente aprovar todos os direitos trabalhistas para os militares das Forças Armadas, você seria favorável? Eu sei que o entrevistado está sendo eu, vamos aprovar todos direitos trabalhistas para os militares das Forças Armadas e Forças Auxiliares?

William Bonner: Não foi a questão que eu coloquei, candidato.

Jair Bolsonaro: Não, mas espera aí, não...

William Bonner: Eu falei de empregados domésticos e o senhor votou, e como o senhor disse, como o senhor disse, foi o único a votar contrariamente...

Jair Bolsonaro: Não, votei e não nego, votei pretendendo defender e sabendo que ia ser o único votando contra. Então, eu não me joguei no covil dos leões para a imprensa não bater em mim na época. Houve, sim, demissão, Bonner, houve. Muita gente que chegava, dormia no trabalho, passou a não dormir mais. Muita gente chegava cedo, até fazia um café para os patrões ali, não chega mais para não contar aquele tempo de serviço, perderam o café da manhã e perderam o pernoite.

Renata Vasconcellos: Vou pedir então licença para a gente ir agora... São direitos, inclusive, a que o senhor se referiu. Vamos partir para outro tema importante, que é homofobia. A cada 19 horas, um gay, lésbica ou trans é assassinado ou se suicida por causa de homofobia no Brasil. O senhor já disse que não é homofóbico. Mas o senhor também já declarou que vizinho gay desvaloriza imóvel. O senhor já disse que prefere que um filho morra a ser gay. O senhor já, inclusive, relacionou pedofilia com homossexualismo. Candidato, essas declarações não são homofóbicas?

William Bonner: Esse termo, inclusive, “homossexualismo”, foi o senhor que usou, porque é um termo…

Jair Bolsonaro: Vamos falar. Vamos falar.

William Bonner: Em geral, a palavra correta para se usar seria...

Renata Vasconcellos: “Homossexualidade”.

William Bonner: “Homossexualidade”.

Jair Bolsonaro: É.

William Bonner: Renata foi literal na transcrição do que o senhor disse.

Jair Bolsonaro: Olha só, isso começou a acontecer em novembro de 2010 comigo, até aquele momento era uma pessoa normal, como você é normal por aí no tocante a isso. E eu passando nos corredores da Câmara, vi algo acontecendo de forma esquisita, um grupo que... Não é normal, você ir na praia e encontrar gente de paletó e gravata, ou num fórum, gente de short de banho. E estava um pessoal vestido a caráter, e perguntei, sim, para um segurança: “Vai haver alguma parada de orgulho gay na Câmara?”. E tomei conhecimento do que estava acontecendo lá. Eles tinham acabado o 9º Seminário LGBT Infantil. Repito, 9º Seminário LGBT Infantil. Estavam discutindo ali, comemorando o lançamento de um material para combater a homofobia, que passou a ser conhecido como “kit gay”. Entre esse material, Bonner, estava esse livro lá, Bonner. Então, o pai que tenha filho na sala agora, retira o filho da sala, para ele não ver isso aqui. Se bem que na biblioteca das escolas públicas tem.

Renata Vasconcellos: Candidato, vou pedir para o senhor não mostrar se as crianças não podem ver.

Jair Bolsonaro: Não, mas é um livro escolar. É para criança, é um livro para a criança, os pais não sabem que isso está na biblioteca.

William Bonner: Nós temos uma regra, candidato, que eu estou relembrando, com os seus assessores, os candidatos não mostram documentos, eles não mostram papéis...

Jair Bolsonaro: Não, mas está aqui no livro, uma prova, isso daqui...

William Bonner: Eu pediria ao senhor…

Jair Bolsonaro: Isso daqui, isso daqui não veio... Tudo bem, vou tirar o livro aqui.

William Bonner: Não é, candidato, posso lhe dizer, não é respeitoso. Você pode deixar o livro comigo.

Renata Vasconcellos: Para a gente até… Pra gente até poder seguir adiante.

Jair Bolsonaro: Não, pode deixar, não vou mostrar mais não, fique tranquila. Então olha só, eu vou mostrar numa live, depois do programa o livro, sem problema nenhum. Se bem que fiz esse livro com a minha filha até o momento, de antes do livro entrar em questão, tirei a minha filha e fiz uma live, uma live não, fiz uma matéria no Facebook, deu 40 milhões de acesso em 15 dias.

Renata Vasconcellos: Candidato, essas suas declarações a que eu me referi… Gostaria que o senhor...

Jair Bolsonaro: Então olha só, em sala de aula, sala… Olha só, eu estava defendendo as crianças em sala de aula.

Renata Vasconcellos: Quando o senhor se referiu “a vizinho gay desvaloriza imóvel”?

Jair Bolsonaro: Meu Deus. É. Em todos esses momentos.

Renata Vasconcellos: O que isso tem a ver com as crianças?

Jair Bolsonaro: Um pai não quer chegar em casa e encontrar o filho brincando com boneca por influência da escola, esse é o assunto. Não, mas espera aí...

Renata Vasconcellos: Mas para defender…

William Bonner: Candidato, a Renata lhe fez uma pergunta, mas o senhor não está respondendo.

Jair Bolsonaro: Mas foi em momentos que a temperatura cresceu. Então assim, nada eu tenho contra o gay, eu tenho contra o material escolar em sala de aula.

Renata Vasconcellos: Mas, candidato, por que para defender o seu ponto de vista o senhor faz declarações tão fortes que, inclusive, podem ofender as pessoas?

Jair Bolsonaro: Não, tem muito gay que é pai, que é mãe, e concorda comigo. As declarações foram fortes, foram algumas caneladas. Peço até desculpas, mas foi um momento de temperatura alta em comissões, que quase houve vias de fato em muitas discussões, porque o ativismo LGBT levava para isso. Inclusive, eu peço para você que está em casa: entre na internet, pegue lá ‘Plano Nacional de Promoção e Cidadania LGBT.’ São 180 itens, entre eles a desconstrução da heteronormatividade, ou seja, estão ensinando em algumas escolas, que homem e mulher está errado, pode ser, sim, homem com homem, mulher e mulher. O que é difícil, Bonner, para criancinha a partir de 6 anos de idade.

William Bonner: Bom, vamos lá. Renata

Renata Vasconcellos: Vamos falar sobre... Qual é o tema agora?

William Bonner: É segurança pública. Acho que é hora de entrar com esse tema, então. Está na hora. Vamos lá, candidato. Outro tema importantíssimo. O Brasil está preocupadíssimo com o tema, e é um tema caro ao senhor também. O senhor sabe que, nas favelas brasileiras, a imensa maioria dos moradores é de gente honesta, trabalhadora que vive sob o jugo, sob o domínio de traficantes de drogas e, muito frequentemente, é vítima de tiroteios entre bandidos e policiais. O senhor afirmou que violência se combate com energia, se combate com inteligência e, palavras suas, se for o caso, com mais violência ainda. Mais violência ainda, candidato. Como é que o senhor acha que os brasileiros que vivem nessas comunidades dominadas por traficantes, que são vítimas desses tiroteios tão frequentes, como é que elas recebem uma afirmação como essa sua?

Jair Bolsonaro: Com mais violência ainda, que eu declarei, sim, isso que você falou aí, é se o bandido lá está com o 762 atirando, o policial para o lado de cá tem que ter uma .50. Se ele está com uma .50, você tem que ter um tanque de guerra para o lado de cá. Eu já fui vítima de violência, Bonner, você também, infelizmente, Bonner. Só Deus sabe o que passou na tua cabeça, sobre a sua integridade e sobre a minha integridade. Esse tipo de gente, você não pode tratá-lo como se fosse um ser humano normal, tá, que deve ser respeitado, que é uma vítima da sociedade.

Renata Vasconcellos: Mas candidato….

Jair Bolsonaro: Nós não podemos é deixar os policiais continuarem morrendo na mão desses caras...

Renata Vasconcellos: Mas quando o senhor falou….

Jair Bolsonaro: Nós do Exército Brasileiro acabamos de perder três garotos, três jovens garotos, para o crime agora. Nós temos que fazer o quê? Em local que você possa deixar livre da linha de tiro as pessoas de bem da comunidade, ir com tudo para cima deles e dar para o policial, e dar para os agentes da segurança pública o excludente ilicitude. Ele entra, resolve o problema, se matar 10, 15 ou 20 com dez ou trinta tiros cada um, ele tem que ser condecorado e não processado.

Renata Vasconcellos: Mas candidato, como evitar. Desculpe, mas como evitar então uma tragédia maior quando o senhor defende mais violência do que essa que nós já temos. Com tantas balas perdidas…

Jair Bolsonaro: Mas a…

Renata Vasconcellos: Que acometem as pessoas não só dentro e fora das favelas? Ou para o senhor não há alternativa? Só com mais violência?

Jair Bolsonaro: A violência é contra quem está com arma na mão. Nós das Forças, do Exército Brasileiro, em especial….

Renata Vasconcellos: A bala perdida também atinge inocentes.

Jair Bolsonaro: Então, não vão botar o policial para invadir, como invadiram as comunidades tomadas pelo tráfico. Nós, no Haiti, militares do Exército Brasileiro, sem o preparo que tem o policial militar aqui, resolveu, pacificou o Haiti. Por quê? Nós tínhamos uma forma de engajamento. Qualquer elemento com arma de guerra, os militares atiravam 10, 15, 20, 50 tiros e depois ia ver o que aconteceu. Resolveu o problema rapidamente. Você vê bonde aqui no Rio de Janeiro na Praça Seca, com 20 homens de fuzil. Como é que você tem que tratar essas pessoas? Pedindo para levantar as mãos?

Renata Vasconcellos: Na sua opinião, com mais violência...

Jair Bolsonaro: Dar uma florzinha para eles? Ou atirar? Você tem que atirar, se não atirar, não vai resolver nunca. Enquanto isso continuar acontecendo, infelizmente vão continuar existindo mortes de policiais e integrantes das Forças Armadas em todo o Brasil.

William Bonner: E de inocentes no meio de tiroteios, né, candidato?

Jair Bolsonaro: Mas é muito simples, então não vamos colocar a tropa na rua, vamos deixar a PM aquartelada também...

William Bonner: Eu vou convidar o senhor para a próxima pergunta, que também é importante. A gente vai falar de composição política, de aliança, do seu vice. O seu candidato a vice, o general Hamilton Mourão, ao falar sobre crise política brasileira, uma crise que tem se estendido já há um bom tempo, ele falou para um grupo de militares, no ano passado, ele disse o seguinte, eu vou ler aqui a frase dele: “Os poderes terão que buscar solução. Se não conseguirem, chegará a hora que nós teremos que impor uma solução”. Hoje, a propósito até, o seu vice, ele voltou a esse assunto, ele disse que isso aí seria só no caso de haver uma situação de caos. Candidato, que solução seria essa que os militares teriam que impor ao Brasil? Impor. Uma democracia.

Jair Bolsonaro: Isso aconteceu em 64, e na forma da lei...

William Bonner: Nós estamos em 2021, candidato.

Jair Bolsonaro: Na forma da lei e da constituição da época...

William Bonner: 2018. Saltei três anos, agora.

Jair Bolsonaro: Os militares chegaram lá, os militares chegaram, chegaram, não, foram eleitos presidente da República por cinco mandatos, está certo? As palavras dele estão em consonância com que grande parte da sociedade fala e ele teve a coragem de externar isso daí, e ele agora é o militar da reserva.

William Bonner: Candidato...

Jair Bolsonaro: Nem eu, nem ele, nós queremos nada pela força, tanto é que nós…

William Bonner: Os historiadores sérios se referem a 1964, candidato, como um golpe militar. É assim que se trata nos livros, é assim que a história mostra que os fatos se deram. O que eu lhe pergunto, é para o momento que estamos vivendo, eu já dei um salto aqui de três anos. Nós estamos em 2018. Em 2018, o seu vice dar uma declaração como essa, dizer que os militares vão impor uma solução, como fica a Constituição numa situação como essa?

Jair Bolsonaro: Olha, no meu entender, foi uma alerta que ele deu e, no mais, deixa os historiadores para lá. Eu fico com Roberto Marinho, o que ele declarou no dia 7 de outubro de 1984, vou repetir aqui.

William Bonner: O senhor vai repetir isso.

Jair Bolsonaro: Eu vou repetir aqui: “Participamos da revolução democrática de 1964, identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, distúrbios sociais, greves e corrupção generalizada”. Repito a pergunta aqui: Roberto Marinho foi um ditador ou um democrata? É a história, nós aqui, tenho certeza, eu não falo...

William Bonner: Candidato, nós aqui, trouxemos para a mesa o candidato à Presidência da República, já houve editorial sobre isso, o senhor certamente está informado, mas nós vamos encerrar agora, por causa do tempo, e eu vou convidar o senhor, então, a se dirigir ao público. O senhor tem um minuto para dizer qual é o Brasil…

Jair Bolsonaro: Um minuto?

William Bonner: Que o senhor quer para o futuro.

Jair Bolsonaro: Nos últimos 20 anos, dois partidos mergulharam o Brasil na mais profunda crise, ética, moral e econômica. Vamos juntos mudar esse ciclo, mas para tanto precisamos eleger um presidente da República honesto, que tenha Deus no coração, patriota, que respeite a família, que trate com consideração as crianças em sala de aula, que jogue pesado no tocante à insegurança em nosso Brasil, una o nosso povo. Brancos, negros, nordestinos, sulistas, ricos e pobres, homens e mulheres, para buscarmos o bem comum. Nós no Brasil temos tudo, tudo para sermos uma grande nação, só falta essa união entre nós e que o presidente….

William Bonner: Candidato...

Jair Bolsonaro: Eleja os seus ministros, indique seus ministros sem indicação política. Muito obrigado a todos.

William Bonner: Muito obrigado, eu tenho que respeitar o tempo que foi concedido ontem ao candidato Ciro. Agradeço mais uma vez a sua presença aqui.

Renata Vasconcellos: Obrigada.

ESCLARECIMENTO: O Jornal Nacional volta a se referir à entrevista com o candidato Jair Bolsonaro. Ele fez menção a 1964. O Grupo Globo emitiu a seguinte nota a respeito: "O candidato Jair Bolsonaro disse há pouco que Roberto Marinho, identificado com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, apoiou editorialmente o que chamava, então, de revolução de 1964. É fato. Não somente O Globo, mas todos os grandes jornais da época. O candidato Bolsonaro esqueceu-se, porém, de dizer que, em 30 de agosto de 2013, O Globo publicou editorial em que reconheceu que o apoio editorial ao golpe de 1964 foi um erro. Nele, o jornal diz não ter dúvidas de que o apoio pareceu aos que dirigiam o jornal e viveram aquele momento a atitude certa, visando ao bem do país. E finaliza com essas palavras: 'À luz da história, contudo, não há por que não reconhecer, hoje, explicitamente, que o apoio foi um erro, assim como equivocadas foram outras decisões editoriais do período que decorreram desse desacerto original. A democracia é um valor absoluto. E, quando em risco, ela só pode ser salva por si mesma.'"

Fonte: G1

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