Como parte de um projeto nacional, o Piauí está entre os estados que receberão lavanderias públicas, uma iniciativa do governo federal que visa reduzir a sobrecarga de trabalho doméstico que recai sobre as mulheres. Serão investidos R$ 1,3 milhão para a implementação de duas unidades no estado, nas cidades de Teresina e Parnaíba.
O anúncio foi feito pelo Ministério das Mulheres, que destinará R$ 13 milhões no total para a criação de 17 lavanderias comunitárias em todo o país. A primeira unidade do Brasil já foi inaugurada em maio de 2025, em Caruaru (PE).
As lavanderias são projetadas como centros comunitários. Contam com máquinas de alta eficiência, brinquedoteca para acolher as crianças enquanto as mães utilizam o espaço, e salas para oficinas e cursos gratuitos . O objetivo é liberar tempo para que as mulheres possam estudar, trabalhar ou ter momentos de lazer, além de oferecer qualificação profissional e acolhimento.
As lavanderias reduzem o consumo de água e energia e promovem reuso de recursos. Além disso, reduzem os gastos dos domicílios com contas de água e energia. Enquanto as roupas são lavadas, os filhos são acolhidos na brinquedoteca, e homens e jovens são convidados a participar das atividades, desconstruindo a ideia de que lavar roupa é “trabalho de mulher”. O objetivo é estimular o compartilhamento das responsabilidades e ampliar as possibilidades de participação social e econômica das mulheres.
A iniciativa integra o Plano Nacional de Cuidados, uma política de estado sancionada no final de 2024. "As lavanderias públicas são um exemplo concreto de como políticas de cuidado podem transformar vidas. Quando liberamos tempo para as mulheres, estamos devolvendo dignidade, autonomia e oportunidade de participação plena na sociedade", destaca a ministra das Mulheres, Márcia Lopes.
O projeto também busca promover a divisão justa do trabalho doméstico, convidando homens e jovens a participarem das atividades e desconstruindo a ideia de que lavar roupa é "trabalho de mulher". O peso do trabalho de cuidados no Brasil é expressivo: os dados mais recentes da PNAD Contínua 2022 indicam que as mulheres dedicam, em média, 21,3 horas semanais a afazeres domésticos e cuidados de pessoas – quase o dobro da média dos homens (11,7 horas).
Entre mulheres negras e de baixa renda, as jornadas são ainda mais longas. Entre as mulheres idosas de 60 a 69 anos, a média de horas dedicadas ao trabalho de cuidados é ainda maior, somando 24 horas semanais. Mesmo as mulheres de 80 anos ou mais permanecem cuidando intensamente. Entre elas, estas jornadas são de 17 horas semanais (PnadC, 2021). .
Fonte: Ministério das Mulheres