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RISCO DE VIDA

MPT interdita dragas no Piauí após flagrar mergulhadores usando mangueira como respirador

Fiscalização flagrou diversas irregularidades graves em cinco dragas de sucção instaladas no Rio Parnaíba, nos municípios de Luzilândia e Joca Marques

Dhara Leandro

Quarta - 23/10/2024 às 15:02



Foto: Divulgação/MPT Fiscalização flagrou diversas irregularidades em dragas instaladas no Rio Parnaíba
Fiscalização flagrou diversas irregularidades em dragas instaladas no Rio Parnaíba

O Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) interditaram cinco dragas de sucção instaladas no Rio Parnaíba, nos municípios de Luzilândia e Joca Marques, após fiscalização flagrar trabalhadores exercendo atividades perigosas sem treinamento e Equipamentos de Proteção Individual (EPI) adequados.

O auditor-fiscal do Ministério do Trabalho, Robson Waldeck Silva, disse que forma encontradas diversas irregularidades relacionadas à saúde e segurança que estavam colocando em risco a vida dos trabalhadores.

A fiscalização flagrou mergulhadores submergindo nas águas usando suas roupas pessoais (calções e camisetas) e com uma mangueira de ar comprimido diretamente na boca. A mangueira era conectada a um compressor.

"Esse compressor era ativado pelo mesmo motor que dá energia à sucção para extração da areia através de uma tubulação (mangote), que é conduzida e direcionada manualmente por estes mergulhadores no fundo do rio. Toda essa atividade era feita sem que os trabalhadores tivessem capacitação e treinamento para atividade. O próprio acesso à draga era realizado através de um pequeno barco, sem qualquer padrão de segurança", disse.

Os trabalhadores estavam sujeitos a aspirar gases da descarga do próprio motor da draga ou de ambientes onde exista qualquer possibilidade de contaminação. Além disso, em alguns casos, os mergulhos eram realizados a uma profundidade de mais de 8 metros e os trabalhadores ficavam submersos por horas. Isso sem falar que as partes móveis do motor da draga não eram protegidas.

Os responsáveis pelas dragas também não forneciam coletes salva-vidas e em números suficientes aos trabalhadores, que não tinham nem carteira de trabalho assinada, mesmo cumprindo uma jornada de trabalho regular, de segunda a sábado, das 08 horas às 11 horas e das 13 horas às 16 horas.

"Eles tinham uma jornada regular de trabalho, de cerca de 06 horas diárias, mas não haviam passado por exames médicos e nem tinham registros, ou seja, estavam totalmente desassistidos de direitos", destacou o procurador Edno Moura, destacando que os trabalhadores recebiam pagamentos de apenas R$50 por mergulho.

Segundo Edno Moura, muitos dos trabalhadores sequer tinham consciência de que estavam exercendo as atividades de maneira ilegal e colocando em risco suas vidas.

"Muitas vezes, eles não encontram oportunidades de trabalho em outros locais e acabam se sujeitando a situações insalubres para garantir alguma renda para sobrevivência. Se acontece algum acidente, eles ficam sem conseguir acessar os direitos que eles teriam caso fossem trabalhadores registrados, como licença médica e até mesmo aposentadoria", sustentou o procurador.

A fiscalização também contou com o apoio da Marinha do Brasil. Os relatórios e termos de interdição foram lavrados pelo MTE e o MPT entrará com as ações cabíveis que vão desde a propositura de Termo de Ajuste de Conduta, e cobrança de indenizações por danos morais.

Fonte: Com informações do MPT

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