Economia

Demissões de pessoas com deficiência aumentam nos sete primeiros meses do ano

Cursos devem ser os principais aliados para qualificação profissional e inserção de PCDs no mercado de trabalho, segundo especialista

Sexta - 20/09/2019 às 20:45



Foto: Busca - UOL Esporte Deficiente Físico
Deficiente Físico

De acordo com os dados disponibilizados pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, por meio do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), no Brasil, mais de 9 mil Pessoas com Deficiência (PCDs) foram demitidas nos primeiros sete meses deste ano,quando comparado ao mesmo período em 2018.

De janeiro a julho de 2018, no Brasil, o total de demissões de PCDs foi de 61.584, já em 2019, o número subiu para 71.156. No estado de São Paulo, os desligamentos nos sete primeiros meses do ano passado somaram 19.901, já neste ano, o número saltou para 23.547.

Capacitação Profissional e Crise Econômica
Para a diretora-executiva do Instituto Ser+, instituição que atua na capacitação profissional de jovens em situação de vulnerabilidade social, Wandreza Bayona, a capacitação profissional representa uma das principais dificuldades para inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. "Mesmo quando o empregador contrata o PCD para cumprir a lei de cota obrigatória dentro da empresa, muitas vezes as competências daquele colaborador não estão alinhadas ao perfil que a companhia necessita. Ou seja, há vagas para contratações, mas não há mão-de-obra qualificada para manter aquele colaborador no cargo. Por isso, são necessários cursos que contribuam, de forma efetiva, para com a empregabilidade de jovens e adultos", conta.

A maioria das contratações de PCDs não são voltadas a cargos executivos dentro de empresas, mas sim aos operacionais. Segundo pesquisa conduzida pela consultoria de engajamento Santo Caos, em parceria com a empresa de recrutamento de vagas Catho, divulgada em setembro de 2019, menos de 10% de pessoas com deficiência ocupam cargos de liderança e 57% são admitidos para trabalhar como assistentes.

Para Wandreza, é ideal que as pessoas com deficiência tenham oportunidades de qualificação. "Nesse contexto, as organizações do terceiro setor desempenham um papel importante, viabilizando tal conjuntura para o público, seja por meio de projetos próprios, realizados junto ao setor público ou por meio de parcerias com o setor privado", diz.

Preconceito
De acordo com a pesquisa Diversidade e Descriminação no Ambiente de Trabalho, feita pela consultoria Talento Incluir e a recrutadora de candidatos Vagas.com, no ano de 2018, 65% de pessoas que disseram se sentir descriminadas ou excluídas em seu ambiente de trabalho possuem algum tipo de deficiência. Ainda de acordo com o levantamento, 60% dos profissionais de RH afirmam que a empresa onde trabalham não possui programas internos de inclusão.

Na opinião de Wandreza, ações internas de conscientização sobre a importância da diversidade auxiliam na mudança da cultura da empresa e, naturalmente, no convívio com o contratado. "A mudança de mindset é imprescindível. Cabe ao gestor desenvolver um bom diálogo com seus colaboradores sobre o assunto, além de aplicar ações sociais internas na empresa, constantemente", explica a especialista em projetos de inclusão social.

Sobre o Instituto Ser+:
O Instituto Ser + é uma organização sem fins lucrativos, criada em 2007 e tem como propósito desenvolver o potencial de jovens em vulnerabilidade social, com idades entre 15 e 24 anos, contribuindo com a sua formação integral, descoberta de talentos e conquista do primeiro emprego, por meio do programa "Jovem Aprendiz". Com metodologia própria e certificada pela Fundação Banco do Brasil, o Ser + é um certificador do Ministério do Trabalho para Lei de Aprendizagem. Mais de onze mil jovens já foram capacitados pelo Instituto e 75% desses ingressaram no mercado de trabalho. O Ser + desenvolve, ainda, programas de capacitação customizados, que podem explorar o contexto de diversidade de forma plural. Além disso, há também os programas de voluntariado em empresas, que já mobilizou mais de. Em 2014, a empresária Sofia Esteves, assumiu a presidência do Instituto, com o propósito devolver à sociedade tudo havia aprendido e conquistado, trabalhando por mais de 30 anos com o público jovem, estando à frente do Grupo Cia de Talentos.

Fonte: Maik Vinicius Uchoa Ferreira

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