Ciência & Tecnologia

Apple, Facebook e Google unem-se contra veto migratório de Donald Trump

São quase 100 empresas, a esmagadora maioria da área tecnológica

Segunda - 06/02/2017 às 16:02



Foto: Tecnologia & Informação Mark Zuckerberg
Mark Zuckerberg

São quase 100 empresas, a esmagadora maioria da área tecnológica como a Google, o Netflix ou a Apple, mas não só. Também lá estão a fabricante de calças de ganga Levi Strauss e a produtora de iogurtes Chobani. Em comum têm o facto de se oporem à ordem executiva com que o Presidente norte-americano, Donald Trump, tenta travar a entrada nos Estados Unidos de cidadãos provenientes de sete países de maioria muçulmana e que está suspensa desde sexta-feira passada, por ordem de um juiz federal de Seattle.

As empresas juntaram-se e entregaram em tribunal uma exposição que condena a decisão de Trump, pedem que a medida seja anulada, e enfatizam a importância da imigração na economia norte-americana.

“Os imigrantes são responsáveis por muitas das maiores descobertas da nação e criam algumas das empresas mais inovadoras e icónicas do país”, defendem as empresas no manifesto citado pela Bloomberg, que foi a primeira a noticiar esta tomada de posição.

A exposição deu entrada em tribunal no domingo à noite e será mais um argumento a pesar na análise sobre a legalidade do decreto presidencial de 27 de Janeiro, uma análise que se fará nos próximos dias.

A América sempre reconheceu a importância de defender-se dos seus inimigos, “mas soube fazê-lo sem pôr em causa o compromisso fundamental de bem acolher os imigrantes”, sublinham as diferentes empresas subscritoras, entre as quais se incluem ainda Airbnb, Facebook, Intel, eBay, Uber e Dropbox. O caso da Uber é particularmente relevante, já que o presidente-executivo, Travis Kalanick, era um dos conselheiros económicos nomeados por Trump. Um facto que gerou muito descontentamento entre utilizadores da plataforma de transporte, muitos dos quais decidiram virar costas aos serviços da Uber, num movimento que nas redes sociais ficou cunhado como #DeleteUber.

No documento das empresas tecnológicas, divulgado pelo blog de tecnologia Mashable, os signatários garantem partilhar o objectivo de que o sistema de imigração norte-americano assegure as necessidades de segurança do país, mas sublinham que os poucos dias de validade do decreto presidencial foram suficientes para perturbar a actividade das empresas, prejudicando muitos dos seus trabalhadores.

Por isso, alertam para as consequências futuras: a “instabilidade e incerteza” tornará “mais difícil e caro” para as empresas norte-americanas contratarem alguns dos melhores talentos mundiais, impedindo-as de competir no mercado global. As empresas e os trabalhadores “têm pouco incentivo para se sujeitarem a processos complexos de obtenções de vistos e de se mudarem para os Estados Unidos se as pessoas estão sujeitas a serem inesperadamente retidas nas fronteiras”, lê-se no documento. “O tribunal deverá recusar” os pedidos para que a medida seja resposta, conclui a exposição.

As empresas norte-americanas do sector tecnológico, que dão emprego a muitos imigrantes e, em alguns casos, foram fundadas por cidadãos de origem estrangeira (sendo dos casos mais emblemáticos a origem síria do fundador da Apple, Steve Jobs), estiveram entre as primeiras a reagirem contra a polémica decisão de Trump. A ordem executiva, apelidada por muitos como um “veto muçulmano”, ficou congelada na noite de sexta-feira quando o juiz federal James L. Robart emitiu, em Seattle, uma ordem a bloquear temporariamente a directiva presidencial. “Uma decisão ridícula”, de um “pseudo-juiz”, disparou Donald Trump, no Twitter.

A deliberação do juiz James L. Robart, que foi nomeado pelo antigo presidente George W. Bush, impediu a implementação do veto migratório em todo o país (autorizando a entrada nos Estados Unidos de refugiados e detentores de vistos oriundos do Iraque, Somália, Síria, Irão, Sudão, Líbia e Iémen) e vai permitir a análise em tribunal da queixa interposta no passado dia 30 de Janeiro pelo procurador-geral do Estado de Washington, Bob Ferguson (do Partido Democrata), que sustenta que a medida de Trump é discriminatória e viola a Constituição americana. 

A Casa Branca recorreu durante o fim-de-semana, pedindo a reposição imediata da proibição, mas o pedido foi rejeitado pelo tribunal de recurso na noite de sábado para domingo.

Fonte: UOL

Siga nas redes sociais

Compartilhe essa notícia: