Vale já previa inundação de refeitório e sede de barragem

A empresa desprezou o risco, que já havia sido apontado no plano de emergência da barragem


Tragédia em Brumadinho

Tragédia em Brumadinho Foto: Reprodução

A mineradora Vale já tinha conhecimento de que um eventual rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão iria destruir as áreas industriais do empresa, entra elas o restaurante e a sede da unidade. De acordo com a Folha de S. Paulo, a informação faz parte do plano de emergência da barragem, de 18 de abril de 2018.

O Plano de Ações Emergenciais (PAEBM) prevê os danos em caso de rompimento e apresenta no anexo A o mapa da inundação. No caso da barragem de Brumadinho, ele previa que a extensão da lama chegaria a 65 quilômetros da barragem.

Na última sexta-feira (25), o rompimento da estrutura deixou um lamaçal de destruição na região de Brumadinho (MG).

De acordo com a reportagem, a portaria do governo federal define que o plano deve projetar quais serão os danos em caso de colapso e definir medidas de mitigação dos estragos.

No plano estão citados que "diferentes mecanismos de comunicação serão utilizados, com o uso de acionamentos sonoros". No entanto, nenhuma sirene tocou, segundo confirmou o presidente da Vale, Fabio Schvartsman.

"Em geral, isso [rompimento] vem com algum aviso", disse. "Aqui aconteceu um fato que não é muito usual. Houve um rompimento muito rápido. A sirene foi engolfada pela queda da barragem antes que ela pudesse tocar", completou.

Além disso, ao menos dois funcionários elencados no plano como responsáveis por alertar em casos de emergência morreram: Maurício Lemes, do Cecom (Centro de Controle de Emergências e Comunicação), e Alano Teixeira, coordenador suplente do PAEBM.

Ainda segundo a reportagem, o plano da Vale prevê três situações: galgamento ('vazamento' sobre a crista da barragem), piping (rompimento a partir de uma fratura na barragem) e instabilização. Em todas elas há danos previstos nos cursos d'água de área de preservação permanente, problemas de abastecimento e fornecimento de energia, inundações de áreas urbanas, assoreamento de cursos d'água e danos à fauna e flora da região.

O PAEBM (Plano de Ações Emergenciais de Barragem de Mineração) deve ser entregue à prefeitura e às defesas civis municipais e estaduais da região onde está a barragem. Precisa ainda ter capa vermelha com o nome da barragem em destaque, para facilitar acesso. Além disso, o documento deve estar "em local de fácil acesso no rompimento local".

O prefeito de Brumadinho, Avimar de Melo (PV), afirmou desconhecer o plano. "Me parece que eles estão montando esses planos todos agora. Não chegou ao conhecimento meu", disse.

A Vale afirmou que plano"foi construído com base em um estudo de ruptura hipotética, que definiu a mancha de inundação". A mineradora diz que a estrutura tinha "sistema de vídeo monitoramento, sistema de alerta através de sirenes (todas testadas) e cadastramento da população à jusante".

De acordo com a empresa, houve uma simulação em 16 de junho de 2018 sob a coordenação das defesas civis e um treinamento interno com os funcionários em 23 de outubro.

A mineradora afirma que a barragem passava por inspeções quinzenais, as últimas em 8 e 22 de janeiro, que "não detectaram nenhuma alteração no estado de conservação da estrutura."

A barragem também tinha declaração de condição de estabilidade, as últimas emitidas em 13 de junho e 26 de setembro, diz a empresa. 

A estrutura era monitorada por 94 piezômetros (medidores de pressão) e 41 indicadores de nível de água.

Fonte: Noticias ao minuto

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