Brasil

Parasita faz ratos infectados perderem medo de gatos, diz estudo

parasita gato sem medo ratos

Sábado - 27/08/2011 às 18:08



 Às vezes é difícil distinguir o perigo da atração sexual, ao menos para ratos infectados por um parasita que altera antigos instintos dele para o seu próprio benefício.

Trata-se de um organismo unicelular comum, denominado Toxoplasma gondii, que infecta todo tipo de animal, inclusive os ratos. Nesses roedores, ele causa uma transformação estranha.

Por razões óbvias, os ratos normalmente evitam os gatos. Na presença da urina do gato, eles ficam com muito medo - a menos que estejam infectados pelo toxoplasma. As pesquisas sobre o assunto, realizadas nos últimos dez anos, demonstraram que os ratos infectados deixam de reagir assustados e saem para explorar o ambiente. Eles até se aproximam do odor do gato.

Trata-se de um comportamento ruim para os ratos, mas ótimo para o parasita, porque o toxoplasma se reproduz sexualmente apenas dentro do corpo dos gatos. O parasita infecta o rato e o gato come o rato. Então, o parasita se reproduz.

O toxoplasma também pode infectar outros animais, incluindo os humanos, nos quais causa a toxoplasmose. Por isso, deve-se evitar o contato com fezes de gato. Porém, fora do corpo dos gatos, o protozoário não consegue completar seu ciclo reprodutivo.

Como se não bastaste esse estranho comportamento manipulador, os cientistas agora descobriram o modo provável como o parasita muda o comportamento do rato.

A infecção pelo toxoplasma ativa a região do cérebro do rato responsável pela atração sexual. O odor da urina do gato ativa este conjunto de neurônios como se ele estivesse na presença de uma fêmea sexualmente receptiva.

Os neurônios que desencadeiam a reação normal de medo imobilizante de gatos continuam ativos. Porém, a mensagem pode ser encoberta por sinais de atração sexual demasiadamente ativos, suspeitam os pesquisadores.

“Milhares de cientistas vêm tentando descobrir como reduzir a ansiedade e este minúsculo parasita já descobriu como fazer isso”, afirma Robert Sapolsky, neurologista da Universidade de Stanford e coautor do artigo que relata a descoberta, na revista PLoS One.

A descoberta de Sapolsky e seus colegas é “bastante intrigante”, afirma Joanne P. Webster, diretora de doenças parasitárias da Escola de Saúde Pública do Imperial College de Londres.

“Trata-se de um estudo pequeno, mas que faz todo o sentido”, afirma . Webster.

“O medo dos roedores em relação a gatos é uma reação inata muito forte. O sentido que irá anulá-la deverá ser uma reação focada e de escala precisa na mente do rato. A atividade neuronal relacionada à atração sexual é uma boa candidata”, afirma.

Webster foi o primeiro a relatar, no ano 2000, que a infecção pelo toxoplasma provocava o interesse do rato pela urina do gato. Ela descobriu que os ratos infectados agiam normalmente de forma geral e somente seu instinto de sobrevivência era afetado. Ela chamou a reação deles de “atração fatal por felinos”.

Os pesquisadores da Stanford examinaram o cérebro em atividade de 36 ratos, infectados e não infectados, expostos ao odor de um gato ou ao odor de uma fêmea de rato no cio. Eles se concentraram em dois circuitos neuronais_o do medo e o da atração sexual. Essas duas atividades neuronais ocorrem essencialmente lado a lado, em uma região profunda, denominada amídala, relacionada às emoções e a diversos comportamentos. A fim de detectar o nível de atividade cerebral, eles mediram a atividade de uma proteína que aparece apenas quando os neurônios estão ativos.

A infecção pelo toxoplasma pode não ser a causadora direta do dano no cérebro, segundo diz Patrick House, estudante de graduação do laboratório Sapolsky, que conduziu a maior parte da pesquisa. “O parasita pode provocar uma inflamação ou algum tipo de reação que, por sua vez, afeta o cérebro”, afirma.

É quase certo que as infecções por toxoplasma em humanos não afetariam o comportamento da mesma forma que acontece com ratos``, afirma House.

Pelo menos 2 milhões de pessoas são infectadas pelo protozoário. Muitas delas foram contaminadas pela ingestão de carne. Os sintomas iniciais são uma gripe leve. Depois disso, o parasita forma cistos que se alojam no cérebro. Eles permanecem no local por décadas e acredita-se que exerçam pouco ou nenhum efeito em adultos, com exceção de pessoas com o sistema imunológico comprometido.

Porém, a doença representa um perigo sério para o feto. Por isso, as gestantes são aconselhadas a ter um cuidado especial a fim de evitá-la.

Fonte: ig

Siga nas redes sociais

Compartilhe essa notícia: