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Justiça decreta preventiva de 43 PMs amotinados no Ceará

Após audiência de custódia na manhã deste sábado, 29, juiz Roberto Soares Bulcão Coutinho, da 17ª Vara Criminal de Fortaleza, ordena recolhimento dos soldados rebelados por tempo indeterminado

Sábado - 29/02/2020 às 14:10



Foto: Jarbas Oliveira/EFE Policiais amotinados cobrem o rosto durante protesto
Policiais amotinados cobrem o rosto durante protesto

O juiz Roberto Soares Bulcão Coutinho, da 17ª Vara Criminal de Fortaleza, decretou a prisão preventiva de 43 policiais militares amotinados no Ceará. Eles haviam sido presos em flagrante. Em audiência de custódia, a medida cautelar foi confirmada, para que fiquem detidos por tempo indeterminado.  Ao todo, mais de 170 assassinatos já foram cometidos durante a paralisação da categoria que dura 12 dias.

O governo Camilo Santana (PT) busca fechar acordo com os amotinados, mas após sucessivas reuniões, a crise continua. Dentre uma lista de 17 reivindicações estão a anistia a processos disciplinares e a revisão da política de reajuste salarial do governo Santana e de seu antecessor, Cid Gomes.

Segundo o magistrado, ‘o material que acompanha o procedimento aponta indícios de autoria e da materialidade do delito de deserção especial’. “No atual momento, o Ceará enfrenta uma grave crise no sistema de segurança, com o movimento paredista, apesar de ser vedado aos militares fazerem greve, como previsto expressamente na Constituição Federal, ao dispor que ‘ao militar são proibidas a sindicalização e a greve'”.

“Esses fatos, como o relatado nos presentes autos, com a falta de apresentação dos autuados para embarque, com vistas ao reforço na Operação Carnaval 2020, importaram em agravamento da situação, com risco em potencial e consequências severas para toda a população, como o crescimento drástico no número de homicídios e a mudança de rotina de toda a sociedade, com reflexos na economia, pois importou em cancelamento dos festejos em diversos municípios”, escreve.

De acordo com o juiz, restam ‘presentes os fundamentos que ensejam a prisão preventiva, quais sejam a garantia da ordem pública, diante dos fatos ocorridos nas últimas horas, com grave risco para a segurança da sociedade, bem como a necessidade de preservar a hierarquia e a disciplina, configurando o periculum libertatis’.

Lei de Segurança Nacional

Nesta quinta, 28, o Ministério Público Federal instaurou investigação para apurar a prática de crimes contra a segurança nacional e a ordem política e social na greve de policiais militares do Ceará. A Procuradoria vai apurar se os atos praticados na greve podem ser enquadrados como crimes tipificados na Lei de Segurança Nacional (Lei nº 7.170/83).

O dispositivo legal caracteriza como crime, por exemplo, a prática de sabotagem contra instalações militares, meios de comunicações, meios e vias de transporte, estaleiros, portos, aeroportos, fábricas, usinas, barragem, depósitos e outras instalações congêneres.

Também é considerado crime tentar impedir, com emprego de violência ou grave ameaça, o livre exercício de qualquer dos Poderes da União ou dos Estados, bem como incitar à subversão da ordem política ou social e à prática de qualquer outro crime previsto na lei.

Os ministros do Supremo criticaram o movimento grevista e disseram que a Constituição Federal proíbe a sindicalização e a greve de militares. “É um perigo para as instituições. Não pode nenhuma corporação armada fazer greve”, disse Ricardo Lewandowski. “Como ministro do Supremo Tribunal Federal, acho que é extremamente preocupante uma greve de policiais militares ou qualquer corporação armada. É constitucionalmente vedado que corporações armadas façam greve.”

O presidente Jair Bolsonaro decidiu nesta sexta, 28, prorrogar por mais uma semana o decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). O decreto possibilitou o envio de militares do Exército para reforçar a segurança pública no Estado.

Durante a manifestação, unidades militares foram ocupadas na capital, Fortaleza, e no interior. O senador licenciado Cid Gomes (PDT) levou dois tiros enquanto tentava negociar a retirada de policiais amotinados em um quartel de Sobral. Ele avançou com uma retroescavadeira sobre os amotinados.

Fonte: Estadão

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