A guerra contra o coronavírus escancara mais um lance entre tantas iniquidades que atormentam a vida brasileira: guerra em que o mais perigoso aliado do inimigo é o ocupante – sabe-se lá como – da principal cadeira da Republica de 89.
Pode uma coisa dessas? Não só pode. É exatamente o que acontece à vista do mundo. Um demente cívico, politicamente irresponsável, conduzindo uma sanha de morte, atentatória contra a vida de milhões. Não são poucos os bestializados que acham tudo isso coisa de um “louco”, mas que de loucura não tem nada. Trata-se, isso sim, de um crime com enredo genocida.
Já vi gente dizendo e muitos supõem que o Brasil “é um país sem sorte”. Tolice que só não é mais tolice porque milhões acreditam nisso e em função desse pensar conduzem a vida.
Acreditar nessa frialdade irracional e plena de insensatez faz o jogo dos reais projetos de poder dos agentes do atraso. Trata-se de puro déficit de alfabetização política e de cultura política em seu sentido genuinamente dado desde os antigos.
Aliás, até na circunspeção dos mais dedicados aos estudos aplicados sobre a história da formação brasileira, vê-se dizer que, do ponto de vista da compreensão de seu processo histórico, “o Brasil não é para iniciantes”, sugerindo-se uma certa inexplicabilidade.
Sim, não é tão fácil explicar o Brasil. Mas não há segredo nenhum para se entender a tola “falta de sorte”. Falta é educação política, a prática do ato civilizatório nas jornadas do viver. Educação essa que é muito mais do que se tem por educação escolar, que se faz por aqui, há séculos, porém sonegada a milhões de viventes.
E todo o conhecimento que se obtenha das “interpretações” do Brasil – que tem notáveis “intérpretes” desde seus começos – seja amplamente entendido e fundamente a construção do dever ser social. Construção que seja elaboração cultural-política das gerações incessantes e sabedoras de si. Sobretudo coletivamente sabedoras da força do que também é coletivamente alcançável.
Com efeito, não sendo “loucura” do apreciador da tortura a decisão de arrastar milhões ao covidil, do que se trata?
Contemplando a sociedade brasileira e o movimento que inscreve em sua construção-desconstrução-construção no tempo e está historicamente estudado, logo percebemos que a “insanidade” do agente (ir)responsável é algo bastante comum nas escolhas convenientes da “liderança” que em nome do atraso liquidará eventuais ensaios alternativos na condução da sociedade.
Quem colocou o falsamente louco – em trama infame tão comum – à frente do governo? Quem o alçou a essa posição foi a escumalha representante dos interesses espúrios que determinam seja o Brasil uma República limitada como tal. Foi uma coligação herdeira do colonialismo escravista, que, com sua brutalidade e violência em todos os sentidos, a ferro e fogo e dólar, conservam o Brasil no colo de outras nações e se dando a torpes pilhagens.
O analfabetismo político de milhões, com traços de incrível hediondez, é uma obra quase perfeita da ‘elite do atraso’ desta banda tropical-atlântica, que nem liberal por completo – no padrão de suas metrópoles estrangeiras – jamais quis ser por inteiro.
Elite escravista ignota, esnobe em seu ódio, movida a nefando racismo, tarada por esmagar os pobres. Imagina se iria aceitar, por exemplo, jogar democraticamente, fundamentar o élan coletivo de sua existência política na igualdade e acatamento das leis que a tradição iluminista sugere.
A produção da monstruosa reiteração da iniquidade social-política do regime bolsomorista que caracteriza esta conjuntura, para alguns, estaria se esgotando. Parece. Mas não está. Coalizão neoliberal não rachou e já é mortal o ataque aos direitos sindicais-trabalhistas. Fakenews-mentira é o jeito palaciano de agir, impune.
Enfim, a institucionalidade aparentemente em corrosão congênita, qual câncer, não se acha enfraquecida quando se trata de garantir a referida pilhagem. Veja-se a Amazônia entregue ao fogo da bandidagem latifundiária. Leis? Do mais forte. Apressados dizem que haverá outro mundo nos covidescombros. Confiar neles...? Inam!
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