Há coisas de umas três semanas, um container com mel de altíssima qualidade e pureza foi apreendido no porto do Pecem, em Fortaleza. Traficantes colocaram na carga drogas ilícitas. O mel provinha do Piauí e rapidamente ficou claro que não havia qualquer relação entre quem cometeu o crime e os produtores de mel no sertão do Piaui.
Conto essa história para lembrar a existência de um compromisso muito grande dos produtores de mel do Piauí com a qualidade excepcional do seu produto, a preocupação com o meio ambiente e o respeito que eles devotam aos consumidores. Estas são práticas que em geral não são de conhecimento do grande público e que, por isso, precisam ser lembradas e realçadas.
Exaltem-se essas qualidades dos produtores de mel espalhados pelos sertões de Picos, Simplício Mendes, São Raimundo Nonato... Saem dessas latitudes os méis naturais de floradas nativas, carregados de boa saúde das abelhas, mantidas distantes de áreas agrícolas convencionais que se utilizam de produtos químicos em larga escala.
A condição natural do mel piauiense é um fator essencial à sua qualidade, é diferencial que faz do produto atrativo para consumidores estrangeiros e contribui para que tenha maior valor – um garantidor de renda a milhares de famílias no semiárido, território em que a prática de uma fruticultura ligada ao caju encontra um equilíbrio necessário chamado de sustentável.
É realmente um alento saber que o Piauí é o maior produtor de mel do Nordeste, já há bastante tempo, e que os apicultores locais organizam-se em entidades como a Casa Apis (Picos) e Cooperativa Mista dos Apicultores da Microrregião de Simplício Mendes (Comapi), que trabalham para fazer desse arranjo produtivo local um mecanismo efetivo de produção de riqueza em uma região rotineiramente ligada à seca e à miséria.
A evidência de que esse trabalho dos apicultores tem fundamental importância ara a nossa economia estão em dados do Banco do Nordeste, a indicar que esse arranjo produtivo segue muito bem. Em 2017, fez com que o Piauí respondesse por 61% das exportações nordestinas de mel, com faturamento de US$ 17,7 milhões – mais de R$ 71 milhões na cotação atual da moeda americana.
Em 2017, as exportações do produto geraram US$ 29,2 milhões em divisas, valor 48,9% superior a 2016. O Piauí foi o Estado que deu a maior contribuição para este crescimento.
No ano passado, o Piauí foi o estado que recebeu o maior volume de recursos das linhas de financiamento do BNB para a apicultura, com R$ 6,2 milhões – um terço dos R$ 18 milhões mutuados pelo banco para o setor.
Isso resulta de trabalho, competência e compromisso dos apicultores piauienses, os quais eu aplaudo com entusiasmo.
Fonte: Alvaro Mota
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