Olhe Direito!

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O mundo feminino avança

Esse alargamento de visão sobre as mulheres e sua grandeza, porém, carrego desde sempre.

Alvaro Mota

Segunda - 07/03/2022 às 20:39



Foto: pizzaprime Mulheres
Mulheres

Vivo em uma casa onde as mulheres são maioria. Dos cinco moradores de nossa casa, três são mulheres. Além de Liana, minha esposa, nossas duas filhas Ana Luisa e Ana Carolina. Faço parte de uma minoria junto com o Berilo Motta, meu filho. O convívio em harmonia em meio às diferenças de gênero e de gerações é uma dádiva para que ganhe eu mais meios à compreensão do universo feminino e alargue meus horizontes, para ver melhor a importância de uma sociedade equânime quanto ao gênero.

Esse alargamento de visão sobre as mulheres e sua grandeza, porém, carrego desde sempre. O destino me tirou cedo a figura paterna e minha formação humanística mais forte assentou-se sobre a criação recebida de minha mãe, Elizalva Mota e minha tia, Maria Justina Mota. Elas me deram norte para a vida e para o respeito às pessoas, fossem elas de que gênero fossem

Compreendi cedo e sigo aprendendo com a convivência diária que é dever de cada um de nós trabalhar para a construção de uma sociedade, na qual, em que pese haver as desigualdades – porque elas não podem ser extintas – se tenham os instrumentos legais e culturais de equilíbrio. Isso, a meu ver, pode ser entendido como a verdadeira justiça.

Considerável parcela da nossa sociedade combate a desigualdade com o foco na destruição do que é distinto ou diverso ou ainda considerando que todos devem ser iguais – quando o que precisa haver é igualdade de oportunidades. Reside na possibilidade de que haja uma chance igual para todos a maior forma de enfrentar a desigualdade.

São as mulheres diversas dos homens, não há como negar. Mas as diferenças, sejam pela anatomia, pela fisiologia, pelo modo de ver o mundo, não podem pesar como um fardo sobre elas, fazendo-as concorrer num mundo que lhes nega a equidade.

Felizmente, as próprias mulheres deram início a movimentos de busca da equidade, o que significa, não a busca de serem iguais, mas tratadas de modo igual ou talvez até desigual, porque como nos ensina Rui Barbosa, “tratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real”.

A regra proposta por Rui é clara como um dia de sol: somos, homens e mulheres, desiguais e se queremos equidade é fundamental que em variados aspectos sejam elas, as mulheres, aquinhoadas com regras que desequilibrem a balança da competição em favor delas, permitindo que o que se pensa como desequilíbrio seja, em verdade, o equilíbrio.

Se do ponto de vista institucional há esforços em todo o mundo como fulcro para permitir que mulheres e homens ocupem espaços profissionais (econômico-financeiros), sociais, culturais e até religiosos em pé de igualdade, há que se lembrar do mérito feminino na busca deste objetivo.

Mulheres pioneiras em suas áreas, como Madame Curie, Coco Chanel, Berta Lutz, Anita Garibaldi, Golda Meir, Tarsila do Amaral, Simone de Beauvoir, Rachel de Queiroz, Amélia de Freitas Bevilaqua, devem ser o espelho dessa observação que considero pertinente: os avanços no equilíbrio para a igualdade de oportunidades de gênero não se constroem somente pelo avanço legal, mas pela disposição de mulheres em fazer esse avanço com suas vozes e disposição para a luta.

Neste sentido, é reconfortante saber que em Estados como o nosso Piauí, as mulheres têm em média dois anos a mais de estudos que os homens – ou seja, neste campo elas já estão vencendo por uma boa diferença no placar. Seguirão por seus méritos individuais construindo um ganho coletivo para as mulheres. Isso é bom na medida em que haverá cada vez mais mulheres em posição de destaque nas empresas e na vida pública. Quem sabe, em breve, o retrato da maioria feminina que enxergo em casa esteja presente na vida de todos nós.

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Álvaro Mota

Álvaro Mota

É advogado, procurador do Estado e mestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Álvaro também é presidente do Instituto dos Advogados Piauienses.

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