Olhe Direito!

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Nildomar da Silveira Soares e os retalhos de memórias

Cortês, exercia o cavalheirismo em grau máximo

Alvaro Mota

Sexta - 27/08/2021 às 07:23



Foto: Divulgação Nildomar da Silveira Soares
Nildomar da Silveira Soares

No sábado passado, dia 21 de agosto, o saber jurídico do Piauí perdeu Nildomar da Silveira Soares, advogado, professor, desembargador aposentado, um escritor de obras jurídicas por excelência. É entristecedor que um homem com tantas qualidades tenha partido, mais ainda para mim, que tinha nele um arrimo, um amigo comum a mim e a meu pai.

Cortês, exercia o cavalheirismo em grau máximo. Quando estive internado em São Paulo, face à doença de covid-19, ele me encaminhou seu último livro “Retalhos de memórias”, obra em que disseca a sua vida pessoal e o crescimento em sua carreira jurídica de modo concomitante ao crescimento de Teresina.

E como foi grande este advogado na mais pura acepção do termo. Diz-se isso porque antes de tornar-se um professor, um cultor dedicado e respeitado nas letras jurídicas, um consultor refinado e um homem cuja sensatez era admirada, Nildomar Silveira esteve sempre preocupado com a Advocacia em si, de tal modo que se fez presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Piauí – o que fez com a habitual elegância, bom senso e serenidade.

Penso até que virtudes pessoais, sem embargo de suas qualidades como jurista, foram decisivas para sua indicação como desembargador pelo quinto constitucional. Sobre isso, aliás, lembro que tive a honra de presidir a primeira eleição direta para a formação da lista sêxtupla do quinto constitucional no Piauí.

Nildomar, homem trabalhador, firme, determinado e provido de uma das maiores virtudes humanas, a humildade, terminou por merecer de seus pares a indicação entre os seis mais votados, sendo nomeado posteriormente como desembargador, cargo que desempenhou com sua rotineira competência e habilidade.

Ele ainda se destacava em outro aspecto, o da técnica legislativa, ou seja, ao atuar como assessor ou consultor jurídico junto ao Executivo municipal em Teresina e estadual (governo do Piauí), concorreu para a elaboração de leis com clareza e objetividade.

Por toda a grandeza de sua obra e de sua vida, devo dizer que sua morte abre um grande vazio, difícil de ser preenchido – seja como pessoa humana excepcional que era, seja porque era um trabalhador incansável, como testemunhou a mim, em áudio, outro grande advogado piauiense, o parnaibano Renato Bacellar, cuja atuação em Teresina é conhecida de todos nós.

Renato disse-me que Nildomar atuou como um dos mais profícuos assessores jurídicos do ex-prefeito de Teresina, Wall Ferraz. Isso não o impediu de atuar de modo eficaz como conselheiro seccional da OAB, junto com o próprio Renato, que o descreve como um homem especial, tranquilo, sereno, um contemporizador, estudioso e dedicado àquilo a que se pretendia aprender ou realizar.

A fala de Renato Bacellar é sem dúvida uma espécie de coro uníssono quanto às qualidades de Nildomar Silveira, um exímio compilador de leis,, reunindo-as em livros, comentados ou não, que se podem descrever como fundamentais para a prática e o engrandecimento do Direito no nosso Estado.

 Álvaro Fernando da Rocha Mota é advogado. Procurador do Estado. Ex-Presidente da OAB-PI. Mestre em Direito pela UFPE. Presidente do Instituto dos Advogados Piauienses

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Álvaro Mota

Álvaro Mota

É advogado, procurador do Estado e mestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Álvaro também é presidente do Instituto dos Advogados Piauienses.

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