Olhe Direito!

Olhe Direito!

Há razões para esperança?

Ser otimista pode ser apenas um exercício de fé, algo dogmático, um ato de esperar que as coisas fiquem melhores

Alvaro Mota

Quinta - 11/06/2020 às 14:01



Foto: O futuro
O futuro

Estamos em meio a uma crise sanitária, uma pandemia, o início de uma recessão econômica da qual não será fácil escapar e que pode gerar mais desigualdade social em um mundo já muito desigual. No combo de problemas, temos a polarização de disputas ideológica que agora opõem pessoas e não países, como durante a Guerra Fria, criando um clima político negativo e não construtivo, quando se precisa de concertação mais do que nunca.

Diante disso, será que existem razoes para esperança e otimismo? Será que podemos acreditar em um mundo melhor? É possível que ao fim dessa pandemia, que nem mesmo sabemos quando chegará a termo, poderemos, enfim, respirar aliviados e olhar para frente com muita confiança?

Ser otimista pode ser apenas um exercício de fé, algo dogmático, um ato de esperar que as coisas fiquem melhores porque haverão de melhorar por si mesmas, sem que se tenha feito nada para isso ou que se mereça tal graça.

Porém, a fortuna que podemos esperar depois dessa época de incerteza não se constrói sobre argumentos frágeis ou sobre as nuvens de ingenuidade. Nada disso. Podemos, sim, ter esperança em dias melhores porque há muitos bons sinais de que, sim, esse tempo chegará na esteira de progressos científicos, de mais consciência socioambiental, de compaixão, generosidade, compartilhamento, do sufocamento de extremismos que se alimentam de nossos medos. Passados os medos e as incertezas, os que fazem deles combustíveis de seus discursos de ódio e de divisão tendem a se resfriar.

É na ciência, no entanto, que residem as melhores razões para que tenhamos otimismo e confiança no futuro. Enquanto governos, organizações sociais e partidárias, pessoas se esforçam em debates não científicos e até equivocados sobre doenças e terapias, a ciência dá passos firmes rumo a um progresso que pode salvar vidas.

No caso atual, mais de 150 iniciativas de busca de vacina para a doença covid-19 são conduzidas em todo o mundo, nos credenciam ao otimismo. Claro que sim, porque nenhuma doença viral conhecida pela Humanidade teve estudos tão intensos, incessantes e rápidos na busca por uma terapia de imunização.

Além do esforço na busca de uma vacina, que parece fadado a êxito dentro de um prazo muito rápido, há por todo o mundo um sem número de exemplos de generosidade, compaixão e compartilhamento que podem e devem nos guiar nesse caminho de otimismo e esperança. Temos o dever moral de nos lembrarmos das dificuldades que todos passam, ajudar, agir sempre movidos por solidariedade, acreditar que só é possível um mundo bom para nós e nossa família se esse mesmo mundo for bom para outros e suas famílias.

Há razões para acreditar em um mundo melhor pós-pandemia. Porém, não basta a fé. É preciso arregaçar as mangas e todo dia construir esse mundo melhor, porque se temos apenas convicção de que as coisas podem mudar elas não mudar por inércia. Só se mudam as coisas com ação positiva neste rumo.

Siga nas redes sociais
Álvaro Mota

Álvaro Mota

É advogado, procurador do Estado e mestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Álvaro também é presidente do Instituto dos Advogados Piauienses.

Compartilhe essa notícia: