Foto: Nova Escola
Negros e Mulatos
A celebração do dia da consciência negra, em 20 de novembro, é uma data a mais dentre todos os dias do ano para que tenhamos um espaço de reflexão mais detido em um tema que precisa ser discutido o tempo todo: a equidade entre os brasileiros, a reparação das distâncias a nos separar em face da cor da pele, a necessidade de se avançar em ações afirmativas e em políticas públicas capazes de fazer com que o país se distancia do chamado racismo institucional.
Neste sentido é relevante citar aqui o esforço da OAB e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Piauí, que, em boa hora, resolveram promover o I Simpósio Da Escravidão à Contemporaneidade: reflexões sobre a trajetória dos negros e seus descendentes no Brasil. O evento tem o apoio do Instituto dos Advogados Piauienses e tem entre seus organizadores um estudioso dedicado da escravidão no Piauí, o professor mestre Rodrigo Caetano Silva, o presidente da Comissão da Verdade da Escravidão Negra no Brasil da OAB-PI, Edílson Sepúlveda.
O debate acerca da escravidão, trazendo-a para perto de nós, em nossa contemporaneidade, é bastante adequado. As datas escolhidas para o simpósio (20 e 21 de novembro), mais ainda, porque serve para uma desnaturalização do preconceito de cor, estimula um debate acadêmico necessário sobre as razões que nos levaram à condição de um país em que não se consegue reduzir o abismo social a separar os brasileiros segundo a cor de sua pele.
A discussão sobre a escravidão deve ser estimulada ao máximo no Brasil. É fundamental que se tenha uma consciência social sobre o tema, cujo estudo deve ser cada vez mais estimulado, de modo que a imensa maioria de nós brasileiros, sobretudo os mais jovens, tomem consciência de que a institucionalização do escravismo por 300 anos no Brasil foi algo amplo demais para deixar marcas fortes em nossa cultura, que naturaliza a condição social subalterna de um gigantesco contingente populacional, sem questionar sobre o fato de que tal situação pode e deve ser considerado como algo injusto, com necessária busca da equidade social.
É realmente bom que a OAB, o Instituto de Advogados, a Universidade Federal do Piauí e outras instituições de governo e da sociedade estejam imbuídas do propósito firme de um debate sobre raízes de problemas sociais como o chamado racismo institucional. A superação de certas diferenças naturalizadas somente se poderá construir mediante a construção de uma consciência social em favor de um país justo e equânime.
Parabenizo os organizadores do evento que até quinta-feira, 21, vai discutir com estudiosos do Piauí e de outros Estados brasileiros, um tema pertinente e cada vez mais necessário em nosso dia-a-dia: a escravidão como instrumento que até hoje reverbera em um cotidiano de desigualdade social marcada na cor da pele de grande parte dos brasileiros.
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Álvaro Mota
É advogado, procurador do Estado e mestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Álvaro também é presidente do Instituto dos Advogados Piauienses.