É o que eu acho

O que as mãos da Paraíso do Tuiuti disseram a Huck?

Sexta - 16/02/2018 às 12:02



Foto: Google Imagem ilustrativa
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Aproveitando-se do caos que se instalou no Rio de Janeiro devido às chuvas, a Rede Globo tratou de mostrar o prefeito Marcelo Crivella passeando na Europa às custas do dinheiro público.

Crivella é bispo da Igreja Universal, concessionária da Record, rival da Globo, vamos combinar.

Uma senhora indignada com a ausência do prefeito num momento em que ele deveria estar presente, desabafou na tela da Globo que havia votado nele porque, sendo homem de Deus, ele iria trabalhar pelos pobres, assim como Jesus Cristo o fez. Enganou-se.

Em São Paulo, uma conhecida, pessoa pobre e simples, me revelou que votou em João Doria porque ele, sendo rico, não precisava roubar.

Ora, se seguirmos a lógica, significa que Fernando Haddad, que se candidatou à reeleição, não conseguiu um segundo mandado por não ser rico, e, portanto, com grande potencial para o crime, ou por ter roubado em seus 4 anos à frente da administração municipal.

Por extensão, podemos supor que Dilma Rousseff teria sido afastada do cargo também por não ser rica e por ter roubado. Mas sabemos que ela não cometeu crime algum.

Que diria ela sobre Lula, então?

A verdade é que Doria, desde que começou sua administração, nada fez pelo pobre, muito pelo contrário. Nas madrugadas de inverno mandou jogar água fria nos moradores em situação de rua, ordenou a demolição de um imóvel com gente dentro, espalhou os miseráveis dependentes químicos como baratas por toda a cidade e tentou, num negócio escuso, fornecer ração para os pobres.

Além disso,, o prefeito paulistano sempre trata de estabelecer parcerias com empresas que compõem sua organização, a Lide, para que elas enriqueçam mais ainda e, por consequência, ele próprio consiga amealhar mais dólares, prestígio e poder. Para os pobres, obviamente, nada.

Agora surge a notícia de que Doria comprou um jatinho avaliado em cerca de 17 milhões com financiamento do BNDES a juros de 3% ao ano, dinheiro que deveria ser aplicado em fomento ao desenvolvimento, gerando empregos e, por consequência, melhorando a situação do país.

Se isso não é roubo, não sei o que mais pode significar.

O fato é que Doria, homem sofisticado, rouba de maneira sofisticada.

A carioca indignada provavelmente foi manipulada a votar em Crivella, ou por frequentar sua igreja ou por ter conhecidos que a frequentam já que sabemos que a campanha para elegê-lo foi fortíssima na Universal, conhecida por bater a carteira dos fieis em nome de Jesus.

Já a paulista assiste ao Jornal Nacional, entre seus afazeres domésticos. Foi por isso que ela “descobriu” que candidato rico é bom porque não rouba.

Outro rico que, influenciado por um intelectual moribundo, acostumado a fazer pouco caso dos pobres, alimentou o sonho de, por pura vaidade, se tornar presidente do Brasil.

Luciano Huck apresenta aos sábados um programa de televisão em que, auxiliado pelo patrocínio de empresas, reforma carros velhos aqui e ali, Brasil afora. As pessoas pensam que a “caridade” é feita com dinheiro de seu bolso.

Há quem ache isso legal, bacana, altruísta, mas a verdade é que a filantropia é feita com dinheiro alheio. Além do mais, os problemas do povo brasileiro são muito maiores do que reforma de carros.

Huck desistiu da ideia após ter sido revelado que ele também possui um jatinho financiado pelo BNDES. Esse fato certamente o derrubaria num debate presidencial.

Mas acho que outro fato também pesou em sua desistência.

A escola de samba Paraíso da Tuiuti.

Não deve ter passado desapercebido ao apresentador que uma daquelas mãos que manipulavam os manifestoches era dele. Outra mão era da Universal, uma terceira era de Doria e outras eram da mídia, incluindo a Globo. Havia mãos para todos os gostos.

Huck, à sua maneira, também é um manipulador de massas.

Precisamos lembrar que, além do que ele faz em seu programa de televisão, Luciano foi companheiro de todas as horas de Aécio Neves quando este se candidatou à presidência com um programa que visava acabar com o Mais Médicos, Minha Casa Minha Vida e demais outros que visavam melhorar a vida dos mais pobres.

Vale lembrar que a Ponte para o Futuro de Temer seria a Ponte para o Futuro de Aécio, caso ele tivesse sido eleito.

Reforma Trabalhista, Reforma da Previdência, achatamento do salário mínimo, entrega do pré-sal, privatização da Petrobrás e da Eletrobrás e outros, são programas que o PSDB sempre apoiou, portanto, Aécio também os implantaria, assim como Alckmin, afinal, os tucanos nunca desembarcaram do governo Temer.

Luciano Huck pensou que podia tudo, mas quando viu o desfile da Tuiuti, sentiu que o recado lhe fora dado. Foi chorar um pouco no jatinho.

O povo começa a acordar e a perceber seu erro.

Até as eleições isso acontecerá num crescendo e alimentar essa aventura acabaria por destrui-lo.

É mais cômodo continuar a manipular o povo dentro da telinha da Globo e no final do mês contabilizar seu saldo bancário sem o risco de perder tudo isso de uma hora para outra.

Prudente esse Luciano Huck, não? Mais que FHC.

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Fernando Castilho

Fernando Castilho

Arquiteto, Professor e Escritor. Autor de Depois que Descemos das Árvores, Um Humano Num Pálido Ponto Azul e Dilma, A Sangria Estancada

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