O GOLPE MILITAR DE 2017


Forças Armadas ocupam a favela da Rocinha

Forças Armadas ocupam a favela da Rocinha Foto: Imagem ilustrativa

Na semana passada fomos “surpreendidos” por um discurso do General Mourão em uma loja maçônica afirmando que uma intervenção militar no país está sendo preparada. As aspas são para demonstrar que de forma alguma isso se constitui em surpresa.

            Desde que pessoas saíram às ruas pedindo intevenção militar, um setor das Forças Armadas, mais afinado com ditaduras, tem se mobilizado para isso.

            O comandante geral das Forças Armadas, general Villas Boas, se apressou em afirmar que não se cogita uma intervenção militar.

            Devemos lembrar que, embora muita gente defenda que o instrumento está previsto na Constituição, sequer pesquisaram sobre o assunto. As Forças Armadas existem para defender o país contra invasões e ponto.

            Aliás, o que ela faz hoje no Rio de Janeiro, foge à sua competência e é inconstitucional. E ponto de novo.

            Muita gente hoje se pergunta se onde há fumaça há fogo.

            Diria que não há fumaça. Há fogo mesmo. E grande.

            O que o general Mourão fez foi, através de um discurso que foi divulgado na internet, conclamar os vários setores das FA que estão somente aguardando uma palavra de ordem para agir, bem como uma população que desconhece os efeitos de uma ditadura por não ter vivido em 1964 e nos 21 anos que se seguiram.

            Muita gente, principalmente da esquerda, está desdenhando da ameaça por supor que a Constituição e o STF, seu guardião, nos defenderão. Ingenuidade.

            Desde o impeachment de Dilma Rousseff a Constituição vem sendo desrespeitada flagrantemente. Foi provado que Dilma não cometeu crime de responsabilidade, portanto, se a Constituição tivesse que ser respeitada, ela já teria retornado.

            Disseram que não haveria golpe e teve.

            Disseram que Temer não ousaria prejudicar os trabalhadores com a reforma trabalhista e ele ousou.

            Disseram muitas coisas que acabaram se confirmando neste país em que as leis não valem para todos. Pau que bate em Chico não bate em Francisco, definitivamente.

            O que esperar daqui pra frente?

            Dirão, ora, pra que a preocupação se o general Villas Boas garantiu que não haverá golpe?

            Não sejamos ingênuos. Se Villas Boas tivesse autoridade sobre o grupo de Mourão, este já estaria preso. A caserna não tolera insubordinação.

            Então, há duas hipóteses:

            1 – O general Villas Boas não consegue conter o grupo de Mourão.

            2 – O general Villas Boas mantém o grupo de Mourão porque pode usá-lo para um plano B, já que ele próprio acha o golpe inevitável.

            Nas duas hipóteses, há golpe.

            Infelizmente, não há resistência a isso. Não vemos nem os setores da esquerda, os que mais sofreram com os anos de chumbo, se mobilizando contra um golpe militar.

            Esquecemos 1964 e, ao que tudo indica, vamos pagar pra ver.

            Parece que viveremos de novo aqueles anos.

            Você está preparado?

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Fernando Castilho

Fernando Castilho

Arquiteto, Professor e Escritor. Autor de Depois que Descemos das Árvores, Um Humano Num Pálido Ponto Azul e Dilma, A Sangria Estancada
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