É o que eu acho

O abismo diário de todos nós

Quarta, 16/08/2017 às 15:08



Foto: Reprodução/Google Queda
Queda

Duas lendas circulam por aí.

Uma delas diz respeito a um certo ideograma (kanji) chinês que significaria tanto ''crise'' quanto ''oportunidade'', tentando fazer-nos crer que é nos momentos de crise que enxergamos as maiores oportunidades. Não é verdade.

Outra é antiga. Faz alguns minutos que foi criada e poderá passar a circular como verdade daqui pra frente, se o amigo leitor, assim o quiser. Ensina-nos que um grupo de peregrinos viajava quando, inadvertidamente, caiu de um precipício. Morreram todos. Porém, os espíritos de alguns despertaram mais cedo e percebendo rapidamente a terrível situação de crise, trataram de aproveitar a oportunidade, chamando o diabo para oferecer-lhe aquelas almas que ainda não haviam sido despertadas em troca de um lugarzinho mais confortável no inferno.

Para onde enviar aqueles que compraram ações da Petrobras em baixa,

trabalhando ferozmente para que seu governante caisse?

Lucrando assim com os dividendos da euforia?

Dante seria assomado dessa grande dúvida.

Entre o oitavo e o nono círculo, ele diria.

O mesmo vale para os especuladores que compraram da Chevron, ações.

Apoiaram freneticamente a entrega do pré-sal pelo Serra.

Dante avaliaria como antiéticas suas especulações.

Se são traidores da Pátria, devem ir direto para o nono círculo.

E não fazer mais parte desta Terra.

Mas antes do fim de seus dias

uma multidão de bajuladores vai prestar homenagens aos expertos.

Que visão! Que raciocínio! Fizeram do limão uma limonada!

Ninguém lhes jogará na cara que o que fizeram não é certo.

E que de caráter eles não tinham era nada.

Os bajuladores dos corruptos sairam às ruas contra a corrupção.

Quedaram refastelados por derrubarem a governante eleita.

Mas a governante nunca foi corrupta.

E se hoje podem alegremente sair às ruas

isso se deve em grande parte à sua luta.

Querem tirar a voz do velho governante querido pelo povo.

Transformá-lo em monstro, bandido, o mal em si.

Não suportam um país mudado, melhorado, evoluído.

Querem forçar uma volta ao passado já esquecido

para o país voltar a ser uma república das bananas de novo.

Neste mundo de pós-modernidade

que já escapa pelas minhas mãos

pouca coisa ainda me desafia a continuar.

Ao invés do bem, impera a iniquidade

e a luta é agora quase sempre em vão.

Mas se as adversidades me obstam à luta

novas energias me fluem de onde não sei

a criar novas forças para a luta

a defender o que acredito

que é a igualdade entre nossos irmãos.

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Fernando Castilho

Fernando Castilho

Arquiteto, Professor e Escritor. Autor de Depois que Descemos das Árvores, Um Humano Num Pálido Ponto Azul e Dilma, A Sangria Estancada

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