Blog do Brandão

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Uma senhora aula de economia do professor Ladislau Dowbor no Piauí

Terça - 07/02/2017 às 21:02



Foto: Larissa Machado O professor Ladislau Dowbor fez uma excelente palestra em Teresina
O professor Ladislau Dowbor fez uma excelente palestra em Teresina

Assisti à palestra do economista e professor da PUC de São Paulo, Ladislau Dowbor, no Sindicato dos Telefônicos, em Teresina, segunda-feira à noite. Foram umas quatro horas de aula. O homem é um craque. É daquela geração que faz a gente sentir orgulho de ser brasileiro. Dowbor foi preso político no Brasil durante a ditadura militar e exilado. Foi libertado em troca da liberdade do embaixador americano no Brasil, Charles Burke Elbrick, que em setembro de 1969 foi sequestrado por membros do MR-8, um grupo de esquerda que lutava contra os desmandos da ditadura. O embaixador foi sequestrado no Rio de Janeiro e só foi libertado porque os militares libertaram o nosso professor, que fora exilado por anos. Ele, Ladislau Dowbor, mesmo, em tom bem humorado e sem rancor, diz que os militares fizeram um grande favor a ele: como exilado pode conhecer o “mundo”.

QUEM É ELE

Só para se ter mais ideia de quem é esse senhor que já tive a honra de hospedar em minha casa, ai vai mais um pouco do currículum dele: Ladislau Dowbor é formado em economia política pela Universidade de Lausanne, Suiça; doutor em Ciências Econômicas pela Escola Central de Planejamento e Estatística de Varsóvia, Polônia (1976). Atualmente é professor titular no departamento de pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, nas áreas de economia e administração. Continua com o trabalho de consultoria para diversas agências das Nações Unidas, governos e municípios, além de várias organizações do sistema “S”. Atua como Conselheiro no Instituto Polis, CENPEC, IDEC, Instituto Paulo Freire, Conselho da Cidade de São Paulo e outras instituições.


ANOTAÇÕES DO ALUNO

Só a apresentação do professor Ladislau Dowbor já merece atenção. Mas durante a palestra anotei alguns pontos que ficaram muito claros para mim e acho que para todos que estava lá. Vou tentar repassar o que entendi da maneira mais didática possível que eu conseguir.
E vamos aos pontos, como diria aquele jornalista de extrema direita que vive por ai esculhambando quem os patrões mandam:

- O povo só não se revolta com a exploração do sistema financeiro porque não sabe como ele atua.

- São poucos os que conhecem mesmo as armadilhas dos bancos. E a imprensa brasileira não tem o menor interesse em informar sobre isso;

- O dinheiro do banco não é dele. É dos clientes. O banco é, na verdade, um grande agiota que empresta dinheiro dos outros e ganha muito mais que o verdadeiro dono do dinheiro;

- Quanto mais difícil de entender como são cobradas as taxas de juros, melhor para os bancos;

- Os bancos, em todo mundo, são muito criativos e inventam mesmo fórmulas, expressões e outras trapaças para dificultar o entendimento;

- No Brasil é comum falar em taxa de juros de 2, 3, 5, 8 e 13% de taxas de juros. Isso é taxa de juro ao dia em alguns negócios. Mas os bancos e a mídia deixam entender que é ao ano;

- Se você não perguntar o que estão lhe cobrando ou fazendo com seu dinheiro ninguém do banco diz. Nem o gerente do banco;

- Só aquelas tarifas cobradas nos bancos – tarifa de extrato, de consultas e etc – geram dinheiro duas vezes ou mais do valor da folha de pagamento desses bancos;

- Taxas de juros no Brasil é motivo de piada no muindo inteiro;

- O pobre compra uma geladeira e paga três. E o banco ainda faz ele achar que fez um bom negócio;

- Quando alguém diz que não paga uma dívida ao banco, esse procurar um jeito de diminuir o valor e receber qualquer coisa. É melhor que não receber nada;

- O dinheiro dos banqueiros não correr risco nenhum. É risco zero;

- Quando um banco quebra quem paga a conta é o governo com dinheiro do povo;

- O dinheiro do sistema financeiro não gera emprego e nem estimula a economia de nenhum país;

- O dinheiro dos bancos só serve mesmo para ampliar o capital financeiro dos próprios bancos;

- Os banqueiros têm tanto dinheiro que não tem nem como gastar. Por isso investem no próprio sistema financeiro porque só serve pra isso, para especulação e para ostentação;

- Os bancos precisam de controle total dos governos. Precisam de fiscalização constante e rigorosa;

- No Brasil, no final dos anos 90, o Congresso Nacional (governo FHC) acabou com a lei que controlava os bancos, os juros;

- Os congressistas do final dos anos 90 – 1998 e 1999, decidiram que controlar bancos era “coisa para o mercado e não para o governo;

- O Brasil ainda é o campeão na exploração dos banqueiros. Mais de 40% do PIB é só para pagar juros da dívida da União para banqueiros;

- Os banqueiros usam dinheiro da União para cobrar títulos do Tesouro Nacional em valor insignificante e vender esses mesmos títulos a preços estratosféricos;

- O Capitalismo Rentista (especulador financeiro) não produz um grande arroz e nem um emprego na indústria, no campo ou no comércio;

- Em 2012 e 2013, quando a então presidente Dilma Roussef disse que isso não estava certo e começou a baixar os juros no Brasil ela começou a ser derrubada do cargo;

- Quem criou a crise no Brasil foi a especulação e os bancos, apoiados pela mídia, e não os investimentos em programas sociais;

- Os investimentos sociais fizeram o Brasil crescer e se desenvolver e chegar à oitiva potência econômica do mundo;

- O povo precisa dos serviços bancários. Mas não precisa dos bancos. Existes inúmeras experiências bem sucedidas no mundo que mostram outras formas de gerir a economia e o desenvolvimento humano sem necessidade de banco;

- Se possível, compre sempre com dinheiro sem precisar de financiamento e nem empréstimos de bancos;

- Não use cartão de banco (crédito ou débito) Você paga sempre, ao menos, duas vezes a mais do que realmente comprou.

CONSELHO MEU – DÊ O CALOTE

Isso o professor não disse e nem sugeriu, pelo menos não ouvi. Mas eu digo: se não tiver como pagar o banco não pague. Mande ele à merda. Dê o calote. Ele sabe onde encontrar você, vai lhe perseguir, botar moça para lhe ligar, advogado para ameaçar. Mas não vai lhe obrigar a pagar. Aquele dinheiro que você tirou dele era seu mesmo e estava no seguro. Portanto, você não deve nada.

PERDÃO DA DÍVIDA

Mas o professor Ladislau Dowbor apresenta como soluções para que o Brasil tenha pelo menos juros aceitos no resto do mundo: controle do governo sobre o sistema financeiro e perdão da dívida pública. O professor garante que o Brasil vive o seu pior momento de crise por falta de capacidade do governo de resolver os problemas políticos. Não consegue atrair confiança de investimentos verdadeiros para o País.

O capital especulativo, o rentismo, o sistema financeiro não investem em nada. Não geram emprego e nem desenvolvimento. Criam mesmo é um abismo muito maior entre os ricos e pobres, aumentam as desigualdades sociais, a fome e a miséria e alimenta as guerras.

Autoridades do governo assistiram à palestra do professor DowborOscar de Barros, Francisco Limma, Antônio José, Guedes e Marcelino Fonteles               Foto: de Larissa Machado
Auditório do Sintel ficou lotado na palestra de DowborO auditório do Sintel ficou lotado na palestra do professor Ladislau Dowbor                                  Foto: Larissa Machado
A mesa de honra na aula do professor Dowbor no PiauíA mesa que conduziu os trabalhos teve a presença do governador Wellignton Dias                                   Foto: Larissa Machado
O professor Dowbor com Teresinha e PatriciaTeresinha Ferreira presidsente do Corecon, com Patricia Amália                                                       Foto: Larissa Machado
Dowbor entregou algunsn dos seus livros a Wellington DiasO professor Ladislau presentou o governador Wellington Dias com alguns dos seus livros                  Foto: Larissa Machado
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Luiz Brandão

Luiz Brandão

Luiz Brandão é jornalista formado pela Universidade Federal do Piauí. Está na profissão há 40 anos. Já trabalhou em rádios, TVs e jornais. Foi repórter das rádios Difusora, Poty e das TVs Timon, Antares e Meio Norte. Também foi repórter dos jornais O Dia, Jornal da Manhã, O Estado, Diário do Povo e Correio do Piauí. Foi editor chefe dos jornais Correio do Piauí, O Estado e Diário do Povo. Também foi colunista do Jornal Meio Norte. Atualmente é diretor de jornalismo e colunista do portal www.piauihoje.com.

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