Blog do Brandão

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Médica piauiense que morreu de Covid-19 em SP será homenageada no Fantástico deste domingo

Adélia Almeida morreu em São Paulo no dia 10 de abril. Ela era pediatra e estava na linha de frente de combate à pandemia

Por Luiz Brandão

Sábado - 09/05/2020 às 19:00



Foto: Arquivo da família Uma das últimas fotos de Adélia com os pais e irmãs
Uma das últimas fotos de Adélia com os pais e irmãs

A médica piauiense Adélia Maria Araújo de Almeida Oliveira será uma das profissionais de saúde homenageadas neste domingo (10.05), Dia das Mães, em reportagem especial do Fantástico, da Rede Globo. Ela morreu vítima da Covid-19.

Parte da história e da carreira de Adélia Almeida e de outros profissionais será contada num texto a ser lido e interpretado pela atriz Cristiane Torlloni, conforme disse neste sábado (09.05), à família e à reportagem do portal Piauí Hoje.Com, Maria Scodeler, uma das produtoras do Fantástico.

Adélia Almeida Oliveira tinha 62 anos. Era pediatra e há anos fazia parte do corpo médico da Prefeitura de São Paulo, onde atuava na linha de frente na luta contra a pademia do novo coronavírus. Ela morreu na capital paulista há exatamente um mês, vítima da Covid-19, doença que ajudava a combater.

Considerada pelos colegas e professores como uma aluna estudiosa e dedicada, Adélia Almeida Oliveira saiu do Diocesano, onde terminou o então Segundo Grau, hoje Ensino Médio, e foi para a Universidade Federal do Piauí (UFPI), onde formou-se em medicina em julho de 1982. 

A família

Adélia Maria Araújo Almeida de Oliveira nasceu em Teresina no dia 25 de outubro de 1957. Era filha de Francisco Alves de Almeida e Adélia da Cunha Araújo e Almeida. Tinha três irmãos: Isabel de Castela Almeida Venâncio, Assumpção Araújo de Almeida Pereira e Francisco Alves de Almeida Filho, este último já falecido.

Membra de famílias muito conhecidas no Piauí, especialmente em Teresina, a médica era sobrinha do mais famoso perito criminal do Piauí, Delfino Vital da Cunha Araújo, que morreu em 25 de novembro de 2013, vítima de ataque cardíaco.

Adélia era também prima legítima de outros dois piauienses: o  ilustre e genial poeta, compositor e cantor Torquato Neto, considerado um dos pais do tropicalismo, e o publicitário George Mendes.

Há 29 anos a Doutora Adélia Almeida mudou-se para São Paulo, onde ingressou como médica da Prefeitura da capital. Atualmente chefiava Residência Médica de Pediatria no Hospital Infantil Menino Jesus, mantido pela pela prefeitura de São Paulo no bairro Bela Vista.

Adélia Almeida era casada havia 35 anos com o pernambucano e também médico Marcelo Oliveira. O casal morava em São Paulo e tinha dois filhos - Diego, de 31 anos, e Natassia Oliveira, de 33, e um neto, o Theo, filho de Nastassia.

Saudade e lembranças

Ainda muito abalada, Isabel de Castela Almeida Venâncio, irmã de Adélia, disse neste sábado (09) que a morte da médica causou um grande choque à família.

"'Hoje estou muito mal. Estamos todos muito tristes e chorosos. Amanhã faz um mês da morte dela e é o Dia das Mães, ela era mãe", diz Isabel, ao confirmar e agradece as muitas mensagem que ela a irmã e toda família vêm recebendo.

Priscila Venâncio, também médica e sobrinha da doutora Adélia Almeida, lembra da tia com muita saudade, triste e emocionada. Ela também fala, orgulhosa e agradecida, sobre as homenagens que a tia recebeu do CRM/SP, da Sociedade  Paulista de Pediatria e de outras entidades.

A oftalmologista conta que morou em São Paulo durante seis anos e um deles na casa da tia. "Foi no começo de minha  trajetória como médica. Nossa ligação é eterna. Nos sentimos lisonjeados por todas as homenagens que recebemos dela lá de São Paulo. Ela era realmente insubstituível", finaliza Priscilla.

Isabel Almeida com a filha Priscila e Theo, neto de Adélia

Homenagens

Desde que morreu, vítima da Covid-19, a médica e outros profissionais de saúde que faleceram nas mesmas circunstâncias vem sendo homenageados por colegas, parentes, amigos e instituição públicas e entidades de classes, como sindicatos e conselhos regionais de medicina.

Uma dessas homenagens ganhou destaque em site nacional. Trata-se de um texto da arquiteta piauiense Goretti Maia Mendes, ex-colega de classe de Adélia Almeida nos tempos de Diocesano.

Texto de Goretti Mendes

"Adélia Maria Araújo de Almeida Oliveira 

1958 - 2020

Profissional dedicada, generosa em compartilhar seus conhecimentos.

A Dra. Adélia, médica pediatra, nasceu em Teresina, no Piauí. Sempre foi uma profissional dedicada e interessada na criança. Quanto mais difícil o caso, mais atraía a sua atenção e curiosidade. Ia atrás de outras opiniões e não abandonava o seguimento dos cuidados da criança, até o seu desfecho. Tinha vontade de aprender e ensinar. Era generosa em compartilhar seus conhecimentos. Ela faleceu em meio à “linha de frente”, fazendo o que lhe dava prazer e sentido – cuidar das crianças com interesse, respeito e seriedade. Ela deixa o legado de boa pediatra, de colega solidária, de mestre respeitosa como os residentes e internos. Que seja consolador para todos que tiveram o privilégio de conviver com ela, tal certeza, e em especial, para os seus familiares.

Adélia nasceu em Teresina (PI) e faleceu em São Paulo (SP) aos 62 anos vítima do coronavírus." 

Link do Inumeráveis (https://inumeraveis.com.br/)

Goretti Mendes: bonita homenagem 

O texto foi publicado, inicialmente, nas redes sociais da arquiteta, mas o nome dela e da médica foram parar no site Inumeráveis (inumeraveis.com.br), que criou um memorial dedicado à vida de cada um dos mortos pela Covid-19 no Brasil.

A ideia do memorial é mostrar que as vítimas do novo coronavírus não são apenas números, mas pessoas que tinham filhos, netos, famílias e sonhos que foram enterrompidos porque resolveram ir para a linha de frente na luta contra a pandemia que abala o mundo neste século.

Após publicação do Imemoravel, o texto despertou a curiosidade de jornalista e produtores do programa Fantástico, da TV Globo. Goretti Mendes, que também é professora, manteve um blog no portal Piauí Hoje.Com (www.piauíhoje.com).

Foi através do blog que a produção do Fantástico entrou em contato com a redação do Piaui Hoje.Com para obter os telefones de Gorete, através dela, dos familiares da doutora Adélia Almeida.

Mensagem da Sociedade Paulista de Pediatria

"Homenagem à Pediatra Adélia Maria Araújo de Almeida Oliveira

SPSP – Sociedade de Pediatria de São Paulo

Texto divulgado em 16/04/2020

A xará da Dra. Adélia, a poetisa Adélia Prado, escreveu duas frases singulares: “O que a memória ama fica eterno” e “Há sempre uma razão, embora não haja nenhuma explicação”.

Há sempre uma explicação para a morte; há sempre uma “causa mortis”. No entanto, nenhuma explicação consegue amenizar a sensação de que algo nos foi roubado. Por isso, não aceitamos a morte com naturalidade. Ela é uma intrusa incômoda. Ela, porém, é a única certeza que temos na vida.

Morte é tragédia. É coisa ruim, não há como florear o fato. Para tragédias não temos respostas, só perguntas. Nessa hora é tempo de chorar. É tempo, também, de recordação e reconhecimento. É uma forma de nos consolarmos. O consolo completo, entretanto, não é obra humana; é obra da Graça do Eterno em nossas almas.

A dimensão da perda, cada um a sente de maneira única e pessoal. Essa grandeza está na dependência de quem partiu, do vácuo que deixou, do tamanho do espaço que ocupou.

Dra. Adélia sempre foi uma profissional dedicada e interessada na criança. Quanto mais difícil o caso, mais atraía a sua atenção e curiosidade. Ia atrás de outras opiniões e não abandonava o seguimento dos cuidados dessa criança, até o seu desfecho. Tinha vontade de aprender e ensinar. Era generosa em compartilhar seus conhecimentos. Ela faleceu em meio à “linha de frente”, fazendo o que lhe dava prazer e sentido – cuidar das crianças com interesse, respeito e seriedade. Ela deixa o legado de boa pediatra, de colega solidária, de mestre respeitosa para com residentes e internos. Que seja consolador para cada um de nós, que tivemos o privilégio de conviver com ela, tal certeza, e em especial, para os seus familiares.

Quem parte também fica, pois permanece nas nossas memórias através dos momentos compartilhados em vida.

A Dra Adélia era muito querida pelas alunas e por seus pequenos pacientes

Cada um de nós haverá de recordar algo da Dra. Adélia. Ficou eterno. O que nos compete, agora, é dar sentido à tragédia. Como fazer para dignificar a morte de alguém que deixou marcas em nossas memórias? Só há uma maneira: vivendo da melhor forma que somos capazes, sendo produtivos, servindo a quem nos pede auxílio… Como pediatras, sendo melhores pediatras, buscando aprimorar o conhecimento e não perdendo o foco: o respeito e a dedicação para com a criança.

Em honra a Adélia, a nossa colega pediatra, sigamos em frente, no front, na vida, servindo.

Nossa homenagem. Nossa saudade.

Homenageando a Dra. Adélia, estamos lembrando de todos os pediatras que, corajosamente, batalham na linha de frente no combate à pandemia que atinge o mundo.

Dra. Adélia Maria Araújo de Almeida Oliveira formou-se em Medicina na Universidade Federal de Pernambuco. Fez residência em Pediatria no Hospital Barão de Lucena – INAMPS/PE.

Em São Paulo, trabalhou no Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo, no Hospital Arthur Ribeiro de Saboya, no Hospital do Servidor Público Municipal e no Hospital Municipal Infantil Menino Jesus. A seguir o link da SPSP

https://www.spsp.org.br/2020/04/16/homenagem-a-pediatra-adelia-maria-araujo-de-almeida-oliveira/

Em tempo

Por seu trabalho e pela luta para ajudar conter o avanço da pandemia da Covid-19 e evitar mortes no Brasil, a Dra Adélia Maria Araújo Almeida Oliveira - ela sim - merece ser tratada com uma heroína. Isso é o que pensa a editoria do portal www.piaihoje.com.

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Luiz Brandão

Luiz Brandão

Luiz Brandão é jornalista formado pela Universidade Federal do Piauí. Está na profissão há 40 anos. Já trabalhou em rádios, TVs e jornais. Foi repórter das rádios Difusora, Poty e das TVs Timon, Antares e Meio Norte. Também foi repórter dos jornais O Dia, Jornal da Manhã, O Estado, Diário do Povo e Correio do Piauí. Foi editor chefe dos jornais Correio do Piauí, O Estado e Diário do Povo. Também foi colunista do Jornal Meio Norte. Atualmente é diretor de jornalismo e colunista do portal www.piauihoje.com.

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