Brasil

FERROGRÃO

Indígena protesta contra a construção de ferrovia ligando Mato Grosso ao Pará

Povos indígenas se opõem ao projeto da ferrovias porque invade terras e destrói a floresta

Da Redação

Quarta - 08/05/2024 às 10:00



Foto: Momento em que Naldinho Kumaruara pintou os rostos de defensores da Ferrogrão, em sinal de protesto — Foto: Reprodução / Redes sociais
Momento em que Naldinho Kumaruara pintou os rostos de defensores da Ferrogrão, em sinal de protesto — Foto: Reprodução / Redes sociais

Durante o primeiro dia do Seminário Técnico sobre a Ferrogrão, realizado em Santarém, Pará, a liderança indígena Naldinho Kumaruara, da aldeia Solimões, protestou contra a construção da ferrovia, pintando os rostos dos representantes do governo e de instituições com tinta de urucum. O ato foi registrado em vídeo e ganhou repercussão nas redes sociais.

João Kumaruara, um indígena, explicou em um post no Instagram que o gesto era uma oposição à proposta de desenvolvimento que pretende abrir uma área de 900 mil hectares entre Mato Grosso e Pará na Amazônia. Ele destacou que o projeto afetará diretamente as aldeias indígenas da região, incluindo os povos Munduruku e Kayapó Paranã, além de causar danos significativos à fauna e flora local.

A reação de Naldinho Kumaruara causou indignação entre alguns convidados do seminário, que se levantaram e deixaram o auditório da Universidade Federal do Oeste do Pará, Unidade Tapajós, onde o evento estava sendo realizado.

O seminário técnico discute a viabilidade socioambiental da Ferrogrão em Santarém e conta com a participação de representantes do governo federal, sociedade civil, povos indígenas e representantes de setores como CNA e AMPORT.

A EF-170, também conhecida como Ferrogrão, é uma ferrovia planejada para ser construída paralelamente à BR-163, entre Sinop (MT) e Itaituba (PA), com 933 km de extensão e capacidade de transporte de até 52 milhões de toneladas por ano. O objetivo é reduzir o custo de transporte de commodities agrícolas de Mato Grosso, principalmente soja e milho.

O investimento total previsto é de R$ 21.574 bilhões, com 3.6% do valor total destinado a compensações socioambientais, incluindo R$ 13,513 milhões para condicionantes indígenas ao longo de sete anos. O governo planeja compartilhar o risco dos custos socioambientais com a concessionária.

No entanto, o projeto enfrenta resistência de indígenas, especialmente o povo Kayapó das Terras Indígenas Baú e Menkragnoti. Em 17 de outubro de 2023, foi criado um Grupo de Trabalho para acompanhar a estruturação do projeto EF-170, com a participação da Rede Xingu+ e do Instituto Kabu como representantes da sociedade civil. Em 12 de abril de 2024, o prazo de trabalho do grupo foi prorrogado por mais 180 dias.

Fonte: G1

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