Olhe Direito!

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Páscoa é fim, recomeço e liberdade

Álvaro Mota

Quarta - 27/03/2024 às 17:09



Foto: Reprodução Cena do espetáculo Paixão de Cristo, em Floriano
Cena do espetáculo Paixão de Cristo, em Floriano

A Páscoa é uma celebração comum a judeus e cristãos – cada uma em razão de acontecimentos próprios conforme a tradição religiosa, mas com sentidos que se interligam, porquanto a liberdade e uma nova vida se apresentam como razão para essas festividades.

Enquanto a Páscoa judaica celebra a libertação do povo hebreu da escravidão no Egito, no Cristianismo a celebração dá-se pela ressurreição de Jesus Cristo – que em sentido menos estrito significa celebrar a triunfo da vida sobre a morte, que pode ser lido como uma libertação do pecado.

Nas duas celebrações, a liberdade é um tema bastante presente, não em seu sentido político mais utilizado na cultura secular, mas em conotação de uma graça divina que representa um ato de amor: tanto quando Javé orienta Moisés a adotar medidas para a libertação dos hebreus, como quando Jesus se oferece em sacrifício para ressuscitar no terceiro dias, há a representação de uma nova vida. Eis, assim, uma boa forma de encarar a Páscoa: como uma chance para se ser e se agir melhor.

Os paralelos entre as duas festividades, judaica e cristã, trazem uma boa similaridade: o de relembrar a dor, sofrimento e sacrifício ancestral. Neste sentido, entre os judeus, por exemplo, a comida é frugal, o mesmo se dando no cristianismo, no qual o jejum é uma recorrência, como modo de lembrar o padecimento de Jesus. Trata-se não apenas de ato referencial ou de liturgias que preservam uma memória ancestral, mas de um modo eficaz de que se sentir na pele o sofrimento que possibilita às pessoas a liberdade e uma nova vida.

Sob essa perspectiva, é possível que a Páscoa possa ser entendida ainda como uma oportunidade de refletir sobre novas formas de agir, pessoalmente em conjunto, para mudanças que impactem em favor próprio, de nossas famílias e comunidade.

Portanto, considerando o fato de que a Páscoa representou um fim de uma vida sacrificada e recomeço de uma vida pela Ressurreição, podemos dizer tratar-se essa celebração o ocaso de um tempo em que se devem deixar para trás o que de mal, triste e ruim se viveu para recomeçar tudo com mais bondade, virtudes, alegrias, bem-aventuranças.

Se trazemos em nós a ideia de partir de um fim ruim para um recomeço melhor, então a Páscoa nos fará pessoas mais virtuosas, capazes de ajudar o próximo, cientes de que devemos amar mais, sufocando dentro de nós os maus sentimentos.

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Álvaro Mota

Álvaro Mota

É advogado, procurador do Estado e mestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Álvaro também é presidente do Instituto dos Advogados Piauienses.

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