Saúde

Uma infecção pode ser útil. Ela pode prevenir contra doenças autoimunes e alérgica

Sábado - 15/10/2016 às 11:10



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No final de 1980, o Dr. Strachan, da London School of Hygiene & Tropical Medicine (Reino Unido) observou que, em muitas famílias, o risco de acessos de rinite alérgica diminuía à medida que os irmãos cresciam. Curiosamente, o irmão mais velho estava quase sempre mais propenso a ser alérgico do que a terceira ou quarta criança! Strachan, a seguir, especulou se o fato de o primogênito ter sido mais protegidos do que os outros, e dessa forma menos vítima de síndromes infecciosas na sua infância tinha algo a ver com essa relativa diminuição da resistência a elementos alergênicos. Os resultados da pesquisa, com efeito, apontavam nessa direção. Mais recentemente, verificou-se que as crianças criadas no campo, em fazendas, em contato direto com animais, eram menos vítimas de asma alérgica do que outras crianças criadas em ambientes mais assépticos e protegidos, sem muito contato com bichos e com o mundo natural. Essa correlação parece então estar bem confirmada, mas isso não deve colocar em questão os benefícios de higiene diária. Ela só muda a frequência das doenças alérgicas, que é bem menor nas crianças criadas no ambiente natural.

Essa mesma correlação pode ser aplicada a toda a população, e não apenas às crianças?

Há anos percebemos que quando há um grande número de doenças infecciosas se manifestando em um país, há menos ocorrências de doenças alérgicas (asma, rinite, eczema em crianças, alergias alimentares) e menos doenças autoimunes, como diabetes tipo 1, esclerose múltipla, doença inflamatória do intestino (doença de Crohn, colite ulcerativa). Isto foi atribuído às condições de saúde (teoria higienista), ou seja, à falta de acesso à água potável, ao fato de não se usar tanto os antibióticos para o tratamento de qualquer moléstia infecciosa, mesmo as mais corriqueiras como um simples resfriado, etc.

Como pode ser benéfico ter infecções?

Há cerca de 15 anos, temos demonstrado com a minha equipe que um camundongo destinado a se tornar diabético, infectado em laboratório com vírus, bactérias e parasitas pode ter esse destino evitado! Ou seja, a diabetes prevista não se manifesta. Com isto em mente, algumas pessoas portadoras de doenças autoimunes que vivem em países desenvolvidos tiveram a ideia de se auto-infestar com ovos de parasitas na esperança de reduzir os sintomas e o desenvolvimento da doença. Isso, obviamente, não é aconselhável como uma solução em larga escala, mas o conceito existe. No entanto, devemos permanecer cautelosos no contexto da prevenção, pois, se por um lado existem pistas promissoras para o homem, esse não é necessariamente o caso para todas as doenças infecciosas ou doenças autoimunes. Em segundo lugar, este não é, provavelmente, o único fator que desempenha um papel no desencadeamento de moléstias autoimunes.

Fonte: Saúde 247

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