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Teresina tem 373 idosos acima de 95 anos que dão exemplos de lucidez

Aos 106 anos, dona Ana conta histórias de vida sem ressentimentos

Terça - 16/08/2016 às 11:08



Foto: Samuel Brandão Dona Ana, aos 106 anos, fala com saúde e lucidez
Dona Ana, aos 106 anos, fala com saúde e lucidez

“Eu queria que ainda tivesse a minha família, mas não tenho mágoas de nada. Graças a Deus eu sou muito feliz aqui”, dona Ana, 106 anos.

Dona Ana tem muita história para contar. Aos 106 anos e lúcida, a moradora do abrigo de idosas Lar das Flores de Maria, localizado na zona Leste de Teresina, diz que o segredo da longevidade é ser feliz.

De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, censo de 2010, Teresina possui 273 idosos com idade entre 95 a 100 anos. Destes, 100 são homens e 173 são mulheres. Já acima de 100 anos, a cidade possui 24 residentes homens e 75 mulheres. No total, Teresina tem 373 idosos acima de 95 anos.

O envelhecimento é um fenômeno natural de todo ser vivo. Os idosos fazem parte do grupo populacional mais fragilizado por sofrerem maiores impactos sociais, além do surgimento de doenças ocasionadas pelo avanço da idade.

Lar das Flores é mantido por voluntáriosLar das Flores é mantido por voluntáriosFoto: Samuel Brandão

Nascida em 12 de agosto de 1910, dona Ana Pinheiro diz que para ter uma vida longa é preciso ter Deus no coração e ser feliz. “Se eu estou aqui até agora é pela graça de Deus, graças a ele eu vivo feliz".

Dona Ana é natural de Esperantina, Norte do Piauí. Permaneceu casada por 10 anos e depois que se separou do marido veio morar em Teresina. Sem filhos, dona Ana veio morar com sobrinhas na capital do Piauí.

“Há muito tempo, quando eu era moça, vivia de trabalhar para ajudar meus pais. Eu costurava muito, fazia as roupas para a minha família, ia para a roça e fazia muita farinhada. Naquele tempo não tinha ‘chafurdo’ de ladrão, todo mundo trabalhava”, lembra dona Ana.

Através de denúncias, a “Florzinha”, como é chamada no Lar das Flores de Maria, foi resgatada da casa onde morava com a sobrinha.  Voluntária do Lar, Gardênia Leal, ressalta que quando dona Ana foi recolhida da casa da sobrinha estava muito magra e era maltratada. “Recebemos denúncias e fomos até ela, perguntamos se ela queria vir conosco e ela aceitou. Hoje qualquer pessoa pode perguntar que ela vai dizer como é feliz aqui”.

Idosos chegam a abrigo com histórico de abandono e violência

Cada florzinha que chega até o abrigo tem uma história diferente, algumas delas estão lá porque a família diz que não tem tempo de cuidar, que não tem quem ajude. Outras chegam através de denúncias do Ministério Público, dos Centros de Referência de Assistência Social, Delegacia do Idoso e até mesmo de um vizinho. Muitas são abandonadas dentro da própria família.

“Elas vêm de várias formas, temos uma que veio do hospital porque não tinha para onde ir, então, nesses casos a gente nem espera para o outo dia, nós acolhemos logo. Mas antes nós explicamos para elas como aqui funciona, informamos que é um local coletivo e que elas irão viver com pessoas da mesma idade, elas precisam ter consciência para dizer se realmente querem vir”, ressalta a voluntária Gardênia Leal.

A maioria das florzinhas nunca recebeu visitas dos familiares, outras recebem a cada três meses.

Questionada sobre o segredo para viver tantos anos, dona Ana responde: “É só ser feliz. Saber viver é ter felicidade na vida”.

São 16 florzinhas que moram no Lar, dessas 13 são cadeirantes. “Apenas três podem ir ao banheiro sozinhas, então o consumo de fraldas aqui é altíssimo. Usamos 120 fraldas por dia, pois há todo o cuidado de trocá-las constantemente para evitar assaduras e ferimentos”, afirma Gardênia.  

Idosas convivem em harmoniaIdosas convivem em harmoniaFoto: Samuel Brandão

Para Gardênia, cada dia cuidando das idosas é um reviver. “Muito gratificante saber que você está servindo a Deus amando seu próximo. Para mim, é a maior alegria servi-las, elas são a nossa família e cada uma delas precisam da gente”.

Dona Ana não mede palavras para expressar o sentimento de viver rodeada de pessoas acolhedoras. “Estou no melhor lugar, aqui todo mundo cuida bem da gente. Só tenho a agradecer a Deus”.

Família realiza trabalho voluntário há 30 anos

A família que cuida dos idosos realiza trabalho voluntário há mais de trinta anos. “Sempre ajudamos as pessoas que precisam. A gente fazia visitas em abrigos e aonde havia uma necessidade a nossa família se reunia e ia ajudar. Foi aflorando esse sentimento de cuidar do próximo em um lugar fixo, daí surgiu essa inspiração divina e aconteceu que fundamos o Lar”, afirma a voluntária Gardênia Leal.

Gardênia Leal é voluntária no abrigo Lar das FloresGardênia Leal é voluntária no abrigo Lar das FloresFoto: Samuel Brandão

Localizado na rua Dr. Francisco Almeida, Nº 994, Ininga, próximo ao Condomínio Santa Mônica, o Lar existe há quatro anos e não possui nenhum convênio com órgãos governamentais, a casa é mantida através de doações. O Lar acolhe somente mulheres que são chamadas de “florzinhas”. A casa tem uma excelente estrutura física e recebe uma equipe voluntária de médicos, proporcionando qualidade de vida às idosas. Diariamente, as florzinhas participam de orações, onde é trabalhada bastante a espiritualidade.

“Somos todos uma família, aqui não tem funcionários. Todos da família ajudam, alguns ficam permanentemente e temos as freiras que participam das funções, que nos ajudam a cuidar das florzinhas”.

Abrigo está aberto para receber doações

Além de fraldas descartáveis tamanho M, G e GG, a casa também precisa de doação de leite desnatado, massas para mingau, cesta básica, material de limpeza, e produtos de higiene pessoal.  Há ainda a necessidade de camas, lençóis, toalhas de banho e uma máquina de lavar roupas.

Para realizar a sua doação basta ligar para o número (86) 3234 -1775 ou fazer um depósito na conta do Lar Das Flores De Maria: Caixa Econômica, Agência 3829, conta 350-6, operação 003.  Os responsáveis pelo Lar são Gardênia e Alan.

Fonte: Alinny Maria

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