Seminário alerta para crescimento da dependência química

I Seminário Internacional sobre Drogas que acontece no auditório do Centro de Formação dos Profissionais da Educação Antonino Freire


Usuário de crack

Usuário de crack Foto: Reprodução

A assustador alastramento da dependência química no Piauí (o crack já chegou a mais de 98% dos municípios); os avanços, desafios e as limitações dos profissionais e das comunidades terapêuticas que lidam com o tratamento de dependentes, a implantação de estratégias que visam fortalecer essa luta e o relato de várias experiências de pessoas que mostraram como conseguiram sair dessa "prisão" foram alguns dos pontos que marcaram o primeiro dia do I Seminário Internacional sobre Drogas que acontece no auditório do Centro de Formação dos Profissionais da Educação Antonino Freire.

Durante a palestra de abertura, a psicóloga Marisa Lobo falou sobre sua experiência como psicóloga no estado do Paraná onde, há mais de 20 anos, trabalha com a recuperação e ressocialização de dependentes. De acordo com a psicóloga, a prevenção e o tratamento dos dependentes passam por quatro pontos fundamentais: a convivência com a família, a autoestima, um propósito de vida e algo maior em que acreditar (espiritualidade).

Sobre a polêmica hoje trazida ao debate nacional, Marisa Lobo se posicionou a favor da internação compulsória do dependente químico para tratamento por entender que o dependente com o avançar da dependência chega a um nível de comprometimento que não tem mais o mínimo de sobriedade para decidir com sanidade o que é melhor para sua vida, então a família precisa atuar. "Sou a favor e já fiz isso com minha filha que hoje está curada e me agradece pelo que fiz", explica.

O Coordenador da CENDROGAS, Dr. Sâmio Falcão Mendes, destacou o quanto o trabalho tem avançado no estado do Piauí, que hoje é referência para outros estados. Ele lembrou que até 2015 o Piauí só tinha 4 entidades que trabalhavam na recuperação da dependência química e que hoje são 22 entidades credenciadas.

"Nós trabalhamos a partir de um marco regulatório, uma instrução normativa, nós  lançamos um edital no Diário Oficial do Estado e demais  meios de divulgação convocando todos as comunidades que trabalham com prevenção, ressocialização de dependentes interessados. Mas para participar há critérios que são estabelecidos legalmente pois não se pode abrir um instituição desse porte para depois legalizar", explicou.

Um dado preocupante, trazido durante abertura do Seminário, pelo presidente do Conselho Estadual de Políticas Públicas Sobre Drogas no Piauí, José Gouveia, que também é diretor da Casa do Oleiro (casa de tratamento), é que as drogas estão presentes em mais  de 98% dos municípios piauienses e que menos da metade deles têm ações de tratamento. Segundo Gouveia, no Piauí aproximadamente 15 mil pessoas são usuários de drogas e necessitam de tratamento.

"No Estado há aproximadamente 1500 vagas para recuperação, sendo que 650 delas são em parceria com o governo do Estado, daí a importância de ações como esse Seminário no sentido de trocar experiências e fortalecer esse trabalho", explica.

Comunidades terapêuticas no Piauí

Um dos pontos polêmicos trazidos ao debate foi o papel das Comunidades Terapêuticas no trabalho de ressocialização, tendo em vista que o Conselho Federal de Psicologia se posiciona contrário a esse tipo de tratamento. Nesse sentido, os participantes sugeriram a criação de um documento pedindo o reconhecimento e apoio para essas entidades que fazem um trabalho sério.

"A comunidade terapêutica no trabalho de recuperação acredita que é preciso uma transformação da mente. Se você acredita que é um dependente vai agir como um dependente. Só nos libertamos com os vínculos saudáveis que nos leva a mudança de pensamento e nos faz parar com o desejo de usar drogas", explicou Roger Howard Morrell - CFM - TN-USA (com a tradução simultânea do prof. Ms. Raimundo Sousa, CEAD - UFPI) falando sobre sua experiência de superação das drogas.

Segundo a Coordenadoria de Drogas, hoje o Estado do Piauí conta hoje com 25 comunidades terapêuticas piauienses distribuídas por Teresina, Parnaíba, Piripiri, Campo Maior, Uruçuí, São Raimundo Nonato, Floriano, Oeiras e Itainópolis.

Seminário continua nessa sexta-feira, 21 de julho

A programação continua nessa sexta-feira, 21, com a palestra "O preço de um resgate" que será proferida pelo artista Isaque Folha, abrindo a programação do último dia de encontro.

Na sequência será realizada a mesa com o tema "Descriminalização das drogas no Brasil: uma solução adequada?", com Sérgio Fernando Harfouche. Depois o juiz Almir Tajra participará da palestra "Descriminalização: usuários de drogas ilícitas, crime, encarceramento: uma relação complexa". A tarde terá espaço para o relato de experiências de recuperação com o americano Lancey Godsey, dos Estados Unidos.

Fonte: Seduc

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