Política Nacional

Sem Lula, Brasil pode ter um ilegítimo no poder, diz articulista

Ricardo Penteado explica o porquê em artigo na Folha de S.Paulo

Domingo - 11/03/2018 às 20:03



Foto: © Ueslei Marcelino / Reuters Ex-presidente Lula
Ex-presidente Lula

O advogado especialista em direito eleitoral e direitos políticos Ricardo Penteado explica em artigo na Folha de S.Paulo publicado neste domingo 11 um paradoxo provocado pela ausência do ex-presidente Lula na disputa à presidência. Quanto mais votos o petista tiver no primeiro turno, menos votos são necessários para que o adversário, possivelmente um candidato de direita, seja eleito.

Penteado afirma ser direito de Lula "defender a sua elegibilidade e participar do pleito durante o processo judicial". No entanto, "a despeito dos votos que obtenha, a participação de Lula termina no primeiro turno e ele não conseguirá chegar ao segundo sem um registro definitivo", observa. "O inusitado disso é que quanto mais sucesso Lula venha a fazer junto ao eleitorado, menos votos precisam ter os demais candidatos para uma eventual definição do eleito no primeiro turno", explica.

Ele aplica os votos da eleição presidencial de 2014 para trazer uma suposição sobre 2018. Naquele ano, "a eleição teria se definido no primeiro turno se um candidato obtivesse 52.011.902 votos, correspondentes a pouco mais que 50% dos válidos ou a 36% do eleitorado brasileiro". Considerando a última pesquisa Datafolha, em que Lula tem 36% dos votos válidos, o ex-presidente "obteria 37.448.569 de votos, de modo que o número de válidos cairia de 104.023.802 para 66.349.996. Nesse caso, o candidato que obtivesse 33.287.618 de votos seria eleito no primeiro turno".

"Teríamos, portanto, um presidente eleito com minguados 33,2 milhões de votos ou 23,3% de todo o eleitorado brasileiro", conclui. "Constata-se um paradoxo: quanto melhor venha a ser o desempenho do candidato de esquerda, maior será a chance do candidato de direita — considerados os dois primeiros colocados no Datafolha", avalia o advogado.

"Resta uma incômoda indagação: que legitimidade terá um presidente eleito por apenas 23,3% do eleitorado, num país que se encontra tão desorganizado e dividido na sua política interna? Em suma, o preço da candidatura de Lula transcende a autoafirmação de seus valiosos direitos — essa conta pode onerar a todos os brasileiros", escreve o especialista.

Fonte: Brasil 247

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