Foto: Sejus
Detentas em curso de corte e costura oferecido no sistema prisional do Piauí
Cerca de 960 pessoas foram ou estão sendo capacitadas em cursos profissionalizantes promovidos pelo Governo do Piauí no âmbito do sistema prisional. Os dados, referentes a 2015 e 2016, são da Diretoria de Humanização e Reintegração Social da Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), por meio da Gerência de Cursos Profissionalizantes e da Escola de Formação Penitenciária.
De acordo com a gerência, pelo menos 660 pessoas, dentre detentos nos presídios, familiares de detentos, servidores e familiares de servidores, passaram por cursos profissionalizantes promovidos pelo órgão, por meio do trabalho conjunto com as secretarias de Estado do Trabalho e Empreendedorismo (Setre) e da Educação (Seduc).
Na Colônia Agrícola Penal Major César Oliveira, em Altos, por exemplo, foram formadas turmas de Pedreiro de Alvenaria, Horticultor Orgânico e Artesão de Pintura e Tecido, por meio da Setre, Universidade Federal do Piauí (UFPI) e Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), respectivamente. Ao todo, nesses três cursos, foram formados 62 detentos na unidade.
Na Penitenciária Regional Irmão Guido, em Teresina, 48 detentos foram capacitados no curso de Pedreiro de Alvenaria. Também estão sendo realizados, na unidade, os cursos de Mecânico de Bicicleta e o de Mecânico de Refrigeração e Climatização Residencial, ofertados pelo Instituto Federal do Piauí (IFPI), estando previsto para começar o de Horticultor Orgânico pela UFPI.
Outros cursos ofertados para pessoas privadas de liberdade nos presídios do Piauí são os de Corte e Costura e Embelezamento, Padeiro, Maquiador, Salgadeiro, Preparador de Doces e Conservas e Pizzaiolo. As penitenciárias de Bom Jesus, Feminina de Teresina, Parnaíba, Esperantina, Floriano e Masculina de Picos foram outras unidades prisionais beneficiadas com as capacitações de detentos.
O Governo do Estado também promove cursos por meio de parcerias com o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), que, além de desenvolver cursos junto aos detentos, também executa capacitações para familiares de internos, servidores e familiares de servidores e pessoas em medidas alternativas à prisão, com o Pronatec Justiça.
Mudança de vida por meio do trabalho
A vontade de mudar de vida e, ao sair, construir o seu próprio negócio, fez o reeducando da Irmão Guido, Daniel Pereira de Sousa, 28 anos, casado e com uma filha, se matricular no curso de Mecânico de Refrigeração e Climatização Residencial. Ele também fez o curso de Mecânico de Bicicleta e acredita que tem todo potencial para crescer profissionalmente.
“Em meio aos problemas que passamos na vida, não podemos deixar de acreditar em nossos sonhos. Com os conhecimentos que estou adquirindo, me vejo, futuramente, dentro do meu próprio negócio. Quero retomar a vida fora do sistema prisional com dignidade e esses cursos são importantes para o crescimento”, declara o detento.
Já o interno Patrício José de Andrade, 43 anos, que é aluno na área de Mecânico de Refrigeração e Climatização Residencial, afirma ter vontade de prestar vestibular na área de Direito ou Teologia. Para ele, o sistema penitenciário despertou o anseio de trilhar um novo caminho. Ele também participa do projeto de teatro desenvolvido pela Sejus na Penitenciária Irmão Guido.
Reeducandos aprendem nova profissão( Foto: Divulgação Sejus)
“O curso na unidade prisional é mais uma porta que se abre, pois vivenciei tempos difíceis e, hoje, tenho a possibilidade de trabalhar em diferentes áreas, por meio dos ensinamentos colhidos no presídio. Tenho boas expectativas de vida e ainda mais força para trilhar meus objetivos”, afirma Patrício.
Ressocialização
Os cursos profissionalizantes no sistema prisional desenvolvem a preparação para o mercado de trabalho, atuando na formação ética e do pensamento crítico. Por receberem noções de empreendedorismo, muitos detentos almejam ter a sua empresa.
O professor do curso de Segurança do Trabalho, Paulo José de Mesquita, avalia o trabalho de ressocialização dos internos. Para ele, é instigante saber que os reeducandos, a partir da dedicação aos cursos e ao trabalho nos presídios, adotam uma nova postura, independente das dificuldades já vivenciadas.
Reeducandos aprendem nova profissão( Foto: Divulgação Sejus)
“Faço parte do trabalho de ressocialização, me sinto grato em contribuir nesse processo de mudança. É um sentimento bom saber que eles estão motivados, tirando dúvidas. Eles levam com muita seriedade cada aula e atividade, pois a maioria pretende ter seu próprio negócio e mudar de vida, depois de cumprir a pena e sair do sistema”, relata Paulo.
Segundo Alexandra Cordeiro, gerente de Cursos Profissionalizantes da Sejus, a oportunidade de recomeçar a vida, a partir do trabalho, proporciona condições para que os detentos vivam dignamente no meio social. “A qualificação dentro do sistema prisional estimula o reeducando. Nas aulas, todos têm a chance de aprender um ofício, noções de cidadania e o incentivo de trabalhar honestamente”, destaca Alexandra.
Cursos aperfeiçoam trabalho de agentes de segurança prisional
Uma das principais diretrizes do Governo do Estado é investir, por meio da Secretaria da Justiça, na qualificação dos servidores que fazem parte do sistema prisional estadual. Nesse sentido, vários cursos têm sido realizados e mais de 300 servidores já foram capacitados desde o ano passado. O objetivo é reforçar a segurança nos presídios, garantindo a minimização e prevenção a distúrbios.
Agentes penitenciários são capacitados em curso com padrões internacionais de segurança( Foto: Ascom Sejus)
A maior parte dos cursos é realizada por meio da Escola de Formação Penitenciária do Piauí, órgão da Sejus que trabalha, hoje, com grade curricular baseada na Matriz Curricular Nacional da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) adaptada às recomendações do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, levando em consideração as peculiaridades do sistema prisional piauiense.
De acordo com Jacinto Teles, diretor da Escola Penitenciária, todos os cursos atendem aos padrões nacionais e internacionais na área de formação penitenciária. “O grande diferencial na capacitação continuada do pessoal penitenciário é o fato de estarmos compatibilizando a formação técnica de segurança prisional com a formação voltada à dignidade da pessoa privada de liberdade”, diz Jacinto.
Dentre as capacitações e treinamentos já realizados pela Secretaria da Justiça estão os cursos de Patrulha Penitenciária, Intervenção Rápida em Recinto Carcerário, Rastreamento de Fugitivos em Área de Mata, Inspeção para Acesso de Pessoas, Objetos e Materiais em Estabelecimentos Penais, Inteligência Penitenciária, Monitoramento de Sentenciados.
Agentes penitenciários participam de Curso de Aperfeiçoamento em Serviços Penais do Piauí.( Foto: Divulgação)
A Sejus e a Universidade Estadual do Piauí (Uespi) também estão realizando o curso de especialização em Gestão Prisional, em nível de pós-graduação latu sensu. A pós-graduação, que vai até o final de 2017, conta com a participação de 60 agentes penitenciários dos quadros do Piauí, Ceará, Maranhão e Brasília.
Fonte: Sejus
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