Saúde

INFARTO

Cardiologista explica por que casos de infarto em jovens têm aumentado

Alinny Maria

Quarta - 18/10/2023 às 13:20



Foto: Getty Images/iStochphoto Hábitos alimentares não saudáveis e sedentarismo são as principais causas de infarto em pessoas jovens
Hábitos alimentares não saudáveis e sedentarismo são as principais causas de infarto em pessoas jovens

Teresina (PI) -  Quando falamos em vítimas de infarto, a primeira impressão que vem à cabeça são de pacientes de idade mais avançada. Porém, o infarto está cada vez mais comum em pessoas jovens e chama atenção dos órgãos de saúde em todo o mundo. 

O grupo da terceira idade ainda representa o maior número de pessoas que sofreram infarto, no entanto pessoas com menos de 40 anos estão sofrendo mais paradas cardíacas. 

Para explicar por que isso está acontecendo, o portal Piauí Hoje conversou com médico cardiologista Intervencionista Igor Cardoso Campos, de Teresina. É fundamental que as pessoas conheçam os fatores de risco, os sintomas e o momento para procurar ajuda médica. 

O especialista explica que o infarto agudo do miocárdio ocorre quando há uma obstrução parcial ou total do fluxo de sangue pelas artérias do coração. 

"É importante ressaltar que o infarto é o acontecimento final de uma cascata de eventos que ocorrem ao longo da vida de um indivíduo. A pressão alta, o diabetes, o colesterol elevado e o tabagismo são alguns dos chamados fatores de risco clássicos, que levam a um risco aumentado de infarto", diz Igor Cardoso. 

Cardiologista intervencionista Igor Cardoso / Foto: Arquivo Pessoal

O médico disse que os hábitos alimentares menos saudáveis e o sedentarismo contribuem para o aumento de casos de infarto na população jovem. 

"Ao longo da história da humanidade, essas doenças costumavam surgir em idades mais avançadas. Entretanto, ao longo das últimas décadas, com a transição para hábitos alimentares menos saudáveis, como o consumo de alimentos ultraprocessados e um estilo de vida sedentário desde a adolescência, vem ocorrendo um aumento exponencial de casos de infarto nessa população mais jovem.  Problemas genéticos e congênitos podem também ser causadores de infartos nessa população, mas estes são mais raros e não podem ser considerados os responsáveis pelo crescente número de casos em pessoas abaixo dos 40 anos", ressalta. 

SINAIS E SINTOMAS

Igor Cardoso alerta que o  infarto pode apresentar vários sinais e sintomas, alguns dos quais podem ser bastante sutis. O sintoma mais reconhecido é uma dor, desconforto ou incômodo no peito, que pode se sentir como um peso, pressão, aperto, ou sensação de plenitude.

"Esta dor ou desconforto pode irradiar ou “correr” para o braço esquerdo, costas, ombro, estômago, pescoço, mandíbula e algumas vezes também nos dentes da arcada inferior. Além da dor no peito, outros sintomas que podem vir associados são falta de ar, suor frio, náuseas, vômitos, fadiga inexplicável, tontura ou sensação de vertigem, e um batimento cardíaco irregular", detalha. 

O cardiologista lembra que nem todas as pessoas vão apresentar os sintomas clássicos. Algumas pessoas podem apresentar um desconforto leve no peito, enquanto outras podem ter dor intensa. E em muitos casos, o infarto é precedido em alguns dias por sintomas semelhantes, de curta duração, principalmente durante algum esforço físico, como subir escadas ou carregar alguma sacola pesada.

"Se você, por exemplo, for acordado a noite por um dor no tórax ou no estômago, nunca permaneça em casa aguardando a melhora e não se automedique. Procure imediatamente um hospital, pois estes podem ser os sintomas de um infarto. Como eu disse, o infarto é a via final de uma cascata de eventos, consequência de hábitos de vida não saudáveis. Intervenções para a prevenção, ou seja, para reduzir seu risco de um infarto ao longo da vida, são cruciais e as medidas preventivas incluem a realização de check-ups médicos regulares", afirma Igor Cardoso.

 INFARTO OCORRE MAIS EM HOMENS 

O médico explicou que os homens são mais propensos a sofrer infarto. Isso porque os fatores hormonais ajudam as mulheres a manter as artérias mais flexíveis e ajuda a manter baixos níveis de colesterol ruim (LDL). Por outro lado, após a menopausa, aumenta a incidência de infarto entre mulheres. 

Além disso, os fatores de risco como tabagismo e consumo excessivo de álcool, são mais prevalentes entre homens. Igor Cardoso disse ainda que a distribuição de gordura em homens e mulheres são diferentes, sendo outro fator de risco. 

"Os homens são mais propensos a armazenar gordura na área abdominal, o que é conhecido por ser um fator de risco para doenças cardíacas".

 Por fim, ele alerta que as mulheres são mais proativas na busca por cuidados médicos e podem começar a tomar medidas preventivas mais cedo caso apresentem sintomas ou se tiverem fatores de risco conhecidos para doenças cardíacas.



AUMENTAM AS INTERNAÇÕES DECORRENTES DE INFARTO 

Um levantamento realizado pelo Instituto Nacional de Cardiologia (INC), com base nos dados do Ministério da Saúde, aponta que os casos de infartos registrados por mês mais que dobrou nos últimos 15 anos no Brasil. 

Os dados apontam ainda que a média mensal de internações decorrentes subiu quase 160% no mesmo período, entre jovens de até 30 anos, o crescimento foi 10% acima da média.

O levantamento também mostra que a média mensal de internações por infarto passou de 5.282 para 13.645 entre os homens, e de 1.930 para 4.973 entre as mulheres.


JOVENS DEVEM BUSCAR AJUDA MÉDICA

Por fim, Dr. Igor Cardoso fez um alerta aos mais jovens que desejam iniciar uma prática esportiva.

"Aos jovens, idade em que as pessoas geralmente sentem-se invencíveis, fica o alerta: procurem o cardiologista antes de iniciar a prática de atividades físicas especialmente para aqueles com histórico familiar de doenças cardíacas ou outros fatores de risco. O clichê “a prevenção é o melhor remédio” nunca foi tão verdadeiro".

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