Economia

São Paulo tem 3.500 imóveis ligados a offshores

A conclusão é de um novo estudo da organização anticorrupção Transparência Internacional

Segunda - 10/04/2017 às 11:04



Foto: Reprodução São Paulo - SP
São Paulo - SP

Quase 3.500 imóveis localizados na cidade de São Paulo, com valores que, somados, superam os US$ 2,7 bilhões, estão ligados a offshores, empresas registradas em paraísos fiscais.

A conclusão é de um novo estudo da organização anticorrupção Transparência Internacional, que levanta uma preocupação sobre o potencial uso de propriedades imobiliárias para lavagem de dinheiro, uma vez que a ausência de informações sobre a estrutura societária das offshores impossibilita a identificação dos verdadeiros responsáveis por tais imóveis.

Mais precisamente, são 3.452 as propriedades, e elas estão registradas no nome de 236 empresas controladas ou ligadas a offshores.

Quase 90% dessas empresas se concentram em cinco localidades: Ilhas Virgens Britânicas, Panamá, Suíça, Estados Unidos e Uruguai.

Os imóveis, por sua vez, se acumulam em alguns dos endereços mais nobres da capital paulista. Ainda de acordo com o levantamento, a área total dessas propriedades equivale a 53 milhões de metros quadrados.

NO MAPA

Ao longo do trecho que liga as avenidas Chucri Zaidan e Engenheiro Luiz Carlos Berrini, há 820 imóveis do tipo, avaliados em aproximadamente US$ 370 milhões.

Na avenida Paulista, a Transparência Internacional encontrou 195 propriedades na mesma situação, que valem US$ 38,4 milhões.

Outras 67 propriedades foram contabilizadas na avenida Brigadeiro Faria Lima, somando mais US$ 42 milhões. Nos Jardins, são 109 espaços que correspondem a US$ 122 milhões.

A pesquisa ressalva que tais companhias não são necessariamente ilegais, mas protegem o verdadeiro responsável de escrutínio público, porque não é necessário registrar a identidade do dono por trás da empresa, razão pela qual esse tipo de estrutura acaba, muitas vezes, sendo usada para ocultar ganhos resultantes de atividades ilícitas.

CERVERÓ

"Não estamos dizendo que são esquemas ilegais, mas a experiência internacional aponta que essa estratégia é usada em corrupção. E a experiência brasileira mostra esse uso em casos como o imóvel do [ex-diretor da Petrobras Nestor] Cerveró em Ipanema e o trust do [ex-presidente da Câmara] Eduardo Cunha", diz Bruno Brandão, representante da Transparência Internacional no país.

A pesquisa "São Paulo: a corrupção mora ao lado?" será divulgada nesta segunda-feira (10) pela organização.

Fabiano Angélico, autor do estudo, descreve as dificuldades enfrentadas na tentativa de levantar as identidades dos verdadeiros beneficiários dos imóveis.

"Precisamos de um sistema transparente e fácil de consultar. Ficamos um ano inteiro examinando documentos. Nos dias atuais, deveria ser possível com mais agilidade. As tecnologias já existem, só precisamos de vontade política", afirma o autor.

Os pesquisadores coletaram dados na Junta Comercial e cruzaram com informações sobre propriedades de imóveis na cidade, mas o material foi considerado insuficiente para identificar os beneficiários finais.

COMO COMBATER

Ainda no estudo, a Transparência Internacional cita meios de combater a ocultação de dados que favorecem a lavagem de dinheiro.

"Uma das nossas recomendações é que as Juntas Comerciais dos Estados passem a publicar os dados com mais transparência porque são informações públicas. E uma recomendação global é que cada país tenha um registro unificado das empresas com as informações do beneficiário final", afirma Angélico, autor do estudo.

Fonte: Com informações do Estadão Conteúdo.

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