Saída de cubanos expõe abismo na Saúde em diferentes áreas do país

Enquanto São Paulo viu praticamente todas os cargos deixados pelos médicos estrangeiros preenchidos, 77% das vagas no Amazonas ainda esperam por profissionais


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Imagem ilustrativa Foto: Arison Jardim/Secom

Desde a saída dos 8.332 médicos cubanos do programa Mais Médicos, por decisão do governo daquele país, após o presidente eleito Jair Bolsonaro qualificar os profissionais como "escravos" de uma "ditadura", regiões mais remotas do Brasil estão em situação crítica.

Apesar de o governo Michel Temer ter lançado edital para preencher as vagas deixadas pelos cubanos, centenas de vagas em cidades mais afastadas continuam sem médicos. Situação bem diferente dos grandes centros urbanos, que quase não sentiram o prejuízo.

De acordo com informações do portal G1, desde o lançamento do concurso, praticamente todas as vagas foram selecionadas por algum médico, mas menos da metade dos profissionais se apresentou até agora nos municípios escolhidos. Além disso, ainda resta uma centena de postos nos quais ninguém se inscreveu, todos em áreas mais vulneráveis do país.

É o caso do Amazonas, no Norte, onde 77% das vagas não foram preenchidas. "Não existem médicos; nem brasileiros, nem cubanos. Não há nenhum tipo de atendimento médico", declarou Jnna Andrade, voluntário do Conselho Indigenista Missionário, em conversa com a Agência Efe.

No leste do Estado, conta ele, a população tem de se deslocar até 80 km para ter acesso à saúde básica, e até 400 km quando se trata de atendimento de urgência. "Os moradores recebem cuidados paliativos provisórios e às vezes correm risco de vida porque seguem doentes ou podem morrer", lamentou o missionário.

Em Alagoas, na região Nordeste, a situação não é diferente. Todas as 128 vagas lançadas no concurso do Ministério da Saúde foram preenchidas mas, até agora, apenas 28 médicos se apresentaram nos municípios.

O presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Amazonas, Januário Neto, classifica a situação da região como "emergencial". "Ninguém quer vir aqui", destacou Neto, que é secretário de Saúde do município de Manaquiri, em referência à centena de vagas que nenhum médico quis ocupar.

A situação, no entanto, é bem diferente em São Paulo. Lá, os usuários do sistema público não sentiram "nenhum tipo de impacto" em relação à saída dos médicos cubanos, segundo um dos supervisores de Saúde da cidade, Wagner Gonçalves.

Segundo explicou o técnico, a prefeitura realizou contratações de urgência com os hospitais privados com os quais normalmente coopera e os novos médicos se incorporaram imediatamente aos seus postos.

Para tentar solucionar o problema em algumas regiões do país, o ministro da Saúde, Gilberto Occhi, pretende abrir um novo concurso para atrair mais médicos, desta vez ampliando os requisitos para que possam inscrever-se brasileiros formados no exterior e também estrangeiros.

Ele ressaltou, ainda, que estas e outras alternativas serão transmitidas à equipe de transição do futuro governo.

Fonte: Noticias ao minuto

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