Educação

Revistas de circulação nacional publicaram reportagens sobre escândalo

Piauí Hoje

Sábado - 23/02/2008 às 04:02



Duas das principais revistas semanais de cicrulação nacional - Época e IstoÉ - circulam amplas reportagens tentando estabelecer ligação entre o governo Wellington Dias e os escândalos da Finatec com cartões corporativos e o Programa Luz Para Todos.A assessoria de Comunicação do Governo do Estado deverá se pronunciar sobre as reportagens nas duas revisatas.Treco da reportagem da Época:A investigação da Finatec, uma fundação de Brasília usada para driblar licitações, chega a um nome: o empresário Luís Lima, que negociava com governos do PT acordos milionários para sua empresaVirou um caso de polícia, mas no começo a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), ligada à Universidade de Brasília (UnB), tinha objetivos nobres. Ela foi criada em 1992 por 12 professores da UnB para captar recursos para o desenvolvimento da pesquisa científica e tecnológica. Sua inspiração era o bem-sucedido exemplo de instituições tradicionais como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que há 40 anos dá apoio à pesquisa científica em São Paulo. Depois que a Justiça decretou intervenção na Finatec, afastando os cinco diretores, e sua sede foi cercada por policiais militares para evitar a retirada às pressas de documentos, mais irregularidades e desvios ocorridos na fundação começaram a ser revelados. Na semana passada, ÉPOCA teve acesso a uma série de documentos da investigação do Ministério Público do Distrito Federal e de uma auditoria em um contrato da Finatec com a Prefeitura de São Paulo, que vigorou entre 2003 e 2004. A Finatec estaria sendo usada como uma espécie de fachada por empresas de consultoria para fechar contratos com órgãos públicos, sem precisar disputar concorrência. Aproveitava-se uma brecha na legislação, que permite a contratação de fundações ligadas a entidades de ensino sem a necessidade de licitação pública.No Piauí, a passagem da Finatec também levantou suspeitas. Assim que tomou posse, em 2003, o governador Wellington Dias (PT) contratou a fundação para a elaboração de um projeto de reforma administrativa e para a elaboração de um plano de cargos e salários do funcionalismo público. Em um único dia, 3 de abril de 2003, o governo declarou a dispensa de licitação para contratar a Finatec, aceitou o plano de trabalho, assinou o contrato e juntou os comprovantes de publicação no Diário Oficial. A rapidez, incomum no serviço público, levou o Tribunal de Contas do Estado (TCE) a abrir dez processos para investigar a contratação. A secretária de Administração do Piauí, Regina Sousa, nega as acusações. "O TCE acatou a defesa apresentada pelo governo, e as contas foram aprovadas", afirma a secretária.Trecho da reportagem da IstoÉ:O empresário Zuleido Veras, dono da Construtora Gautama, desembarcou em Brasília na quarta- feira 20 e foi direto para uma reunião com advogados. Ele soube que o Ministério Público Federal está prestes a apresentar a denúncia contra os 42 indiciados da Operação Navalha. ISTOÉ obteve com advogados a cópia de um relatório com um diagrama que a Divisão de Inteligência da Polícia Federal enviou ao Ministério Público e ao Superior Tribunal de Justiça, sobre irregularidades em contratos públicos com a Gautama. Com o título de "Corrupção no Ministério de Minas e Energia", o diagrama mostra as conexões que levam a um suposto pagamento de uma propina de R$ 120 mil ao ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau para que o programa Luz Para Todos no Piauí fosse entregue à Gautama. Além dele, um novo personagem faz parte da rede detectada pela PF: o governador do Piauí, Wellington Dias, do PT. Homem de confiança da ministra Dilma Rousseff, o nome do presidente interino da Eletrobrás, Valter Cardeal, também é mencionado no relatório. "Não há nada que dê sustentação às denúncias", insiste Zuleido Veras. "Está caindo tudo." As investigações da PF sobre corrupção no programa Luz Para Todos ganham força em seu conjunto, quando expostas em um quadro com todas as etapas já apuradas. São trechos de escutas telefônicas, fotografias, contradições de depoimentos e uma série de documentos apreendidos. O diagrama expõe a agenda de Zuleido Veras nos dias que precederam o suposto pagamento da propina. Em 13 de março, quando a diretora comercial da Gautama, Maria de Fátima Palmeira, entrega um envelope pardo ao ministro Silas, a agenda de Zuleido registra o telefonema que teria marcado o encontro: "Falar com ministro Silas". Tem ainda a anotação: "Falar com Sérgio sobre MME". Segundo a PF, é uma referência ao lobista Sérgio Sá, da Engevix, que intermediou as negociações entre a Gautama e o Ministério. A agenda de Zuleido registra ainda: "Ver nossos projetos no PAC". Há também registro de uma conversa com "Piauylino". Trata-se do ex-deputado pernambucano Luiz Piauhylino. A PF investiga um suposto pagamento de propina a Piauhylino. O nome dele também aparece numa lista de parlamentares que receberam presentes da empreiteira. Há ainda anotação de contato com o deputado José Carlos Araújo, do PR baiano. Bem depois da data da anotação da agenda, Araújo acabou sendo o relator do processo que inocentou na Câmara o deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL), investigado em razão de suas ligações com a Gautama.O governador Wellington Dias aparece com destaque no diagrama produzido pela PF. Dias e seu ex-vice Osmar Júnior, hoje deputado pelo PCdoB piauiense, surgem no quadro da PF simbolizados como homenzinhos verdes. É o mesmo tipo de desenho que identifica o ex-ministro Rondeau. Dias é citado 17 vezes no relatório de inteligência da PF sobre o Luz Para Todos, precedido por Rondeau, mencionado 18 vezes. "Eu lamento profundamente ver meu nome nisto", diz o governador. "Nunca vi o Zuleido na minha vida." Ele admite, porém, ter tido reunião no Ministério com a participação de Sérgio Sá. "Eu acho que a Gautama mergulhou na licitação apostando na tradição que havia no Brasil de ganhar reajuste no decorrer das obras", diz o governador. "Até hoje a Gautama nos atrapalha." De fato, na semana passada, a Gautama conseguiu liminar na Justiça impedindo que a Chesf faça obras do Luz Para Todos no Piauí.

Fonte: Redação do Piaui Hoje

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