Reunião de Lula com ministros acontece nesta quarta-feira no Planalto

Piauí Hoje


Em reunião marcada para esta quarta-feira (20), no Palácio do Planalto, Lula definirá com seus operadores políticos os rumos da investigação legislativa destinada a apurar o abuso no manuseio de cartões de crédito. O ministro José Múcio (Coordenação Política) e Romero Jucá, líder do governo no Senado, transferiram para o chefe a incumbência de desatar um nó que envenena as relações com a oposição.A encrenca se desenvolve em torno da definição dos nomes que irão ocupar as duas principais cadeiras da CPI: a presidência e a relatoria. Jucá e Múcio advogam a tese de que convém ao governo o compartilhamento do comando da comissão com as legendas oposicionistas. Querem entregar a um tucano o posto de presidente.Liderado pelo PT, o consórcio governista resiste à idéia. Aferrada à regra regimental que assegura às duas maiores bancadas do Legislativo -PMDB e PT-o comando irrestrito da CPI, a tropa do governo não parece afeita à idéia de brindar a oposição com gestos de generosidade. Na primeira hora, acomodaram-se congressistas "confiáveis" nos dois assentos. Para o de presidente, indico-se o senador Neuto de Conto (PMDB-SC). Para o de relator, o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ). O tucanato parecia conformado. Decidira comparecer à CPI de qualquer jeito -com ou sem a divisão de poderes. Deve-se a José Agripino Maia (RN), líder do DEM no Senado, a reviravolta produzida nesta terça-feira (19). Nas primeiras horas da manhã, Agripino reuniu-se com Sérgio Guerra (PE), presidente do PSDB. Convenceu-o de uma tese que, na noite da véspera, era dada pelo PSDB como "vencida". Eis o raciocínio esgrimido por Agripino: participar de uma CPI sob comando governista seria o mesmo que coonestar a versão, encontradiça no noticiário, de que a oposição acumpliciou-se com o Planalto no plano de abafar a apuração, evitando que chegue aos gastos pessoais de Lula e também aos de FHC. Convencido Sérgio Guerra, o segundo passo foi unificar o discurso com o líder tucano Arthur Virgílio (AM). Algo que ocorreu em nova reunião, à tarde. Decidiu-se esticar a corda. E o cabo-de-guerra foi levado ao plenário do Senado. Agripino instou o presidente do Congresso, Garibaldi Alves (PMDB-RN), a responder à questão que formulara na véspera: o funcionamento concomitante de uma CPI mista e outra CPI exclusiva do Senado fere a legislação? Garibaldi respondeu que sim, as duas CPIs poderiam funcionar ao mesmo tempo. Ponderou que, a despeito de legal, a manobra é inconveniente, agride o bom senso. PSDB e DEM deram de ombros. Em poucos minutos, recolheram no plenário do Senado 30 assinaturas, três além do necessário para abrir uma CPI no Senado. O pedido foi formalmente protocolado. Obtendo a presidência da CPI mista, a oposição esquece a investigação exclusiva de senadores. Mantida a "intransigência" governista, o Planalto terá duas CPIs a atazanar-lhe os humores e a convulsionar o cotidiano do Legislativo. Em diálogo com Romero Jucá, um dos líderes oposicionistas sapecou: "Quais são as chances de você convencer o seu pessoal no Planalto?" E o líder de Lula: "40%". Na conversa com o presidente, Jucá e Múcio tentarão demonstrar que a divisão de poderes com a oposição é o que mais convém ao governo. Na CPI mista, a supremacia da bancada governista é acachapante: 16 votos contra oito. Seria indiferente, portanto, a presença de um tucano na presidência. Numa eventual comissão só de senadores, além da garantia regimental de indicar o presidente ou o relator, a oposição iria à investigação em condição de semi-paridade. Bastaria que um ou dois senadores governistas abrissem uma dissidência para que o governo ficasse em minoria. "O governo parece que já esqueceu que o Senado lhe impôs uma derrota na CPMF", diz Arthur Virgílio. Jucá prometeu à oposição uma definição para esta quarta-feira. Deixou claro que a palavra final caberá a Lula. Às 11h, em sessão conjunta do Congresso, Garibaldi Alves fará a leitura do requerimento de CPI mista. Havendo acordo, fica nisso. Prevalecendo o impasse, o mesmo Garibaldi terá de ler, em sessão do Senado, também o pedido da segunda CPI.

Fonte: Folha Online/Blog do Josias

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