Foto: Bahia no ar
Fome
Alimentos, água e energia são algumas das nossas necessidades básicas. Ainda assim, no Brasil, há uma crescente pressão sobre a produção desses itens.
Pesquisa com 5 mil crianças e jovens busca entender como eles aprendem sobre a correlação entre comida, água e energia na escola, no trabalho e dentro de casa
Políticos, fornecedores e cidadãos precisam, muitas vezes, tomar decisões difíceis sobre como negociar esses três recursos.
No debate alimentos versus combustíveis, por exemplo, a pergunta a ser feita é: será que fazendeiros deveriam reservar terras para a produção de alimentos ou para a produção de biocombustíveis que podem ser convertidos para geração de energia?
Em tempos de crescimento populacional e rápida urbanização, é fundamental considerar essa complexa e muitas vezes difícil relação entre alimentos, água, e geração de energia.
O número de pesquisadores que falam sobre essa relação ou "nexo" vem aumentando. Porque esse nexo deve ser bem balanceado para atingir as metas de desenvolvimento sustentável.
De fato, essa é a realidade do Brasil, que ocupa uma posição significativa como produtor de alimentos e na geração de energia para o mercado global.
Intervenções necessárias
Nós já sabemos que intervenções em escalas variadas - da nacional à local - são necessárias para reduzir significativamente os impactos resultantes do mau manejo de recursos de água e energia.
Contudo, pesquisas recentes sobre a conexão entre alimentos-água-energia tende a focar em uma escala maior: em assuntos de governabilidade desse nexo e em flutuações no que diz respeito à alimentos, água e combustíveis dentro e entre cidades.
Ainda que esse tipo de pesquisa seja vital, é também fundamental focar na forma como diversos grupos sociais entendem, vivem e participam dessa conexão em sua rotina diária.
Os desafios que o nexo alimentos-água-energia enfrenta no contexto brasileiro são agravados por pobreza e desigualdade. Em particular, crianças e pessoas jovens são as mais vulneráveis às ameaças nesse nexo.
Jovens excluídos
Mesmo com a redução geral da pobreza nos anos 2000, os jovens foram colocados de lado nessa figura.
Em 2006 40% (4,2 milhões) jovens de idade entre 15 e 17 anos viviam em situação de pobreza. Da mesma forma, enormes disparidades existem no acesso de crianças e jovens a um saneamento efetivo, água e eletricidade.
Hoje, essas disparidades continuam, com algumas estimativas de que metade dos jovens no Brasil ainda vivem em situação de pobreza.
Ao mesmo tempo, pesquisas em outros países têm demonstrado que crianças e jovens podem ser importantes agentes de transformação. Eles são resilientes, engenhosos e criativos em formular soluções de enfrentamento à pobreza e ameaças a escassez de alimentos, água e energia.
Há uma urgência enorme para entender o papel de crianças e jovens na proteção da oferta de alimentos, água e energia no Brasil e suas experiências cotidianas na "ameaça ao nexo".
Nós também temos que entender mais sobre como esses grupos aprendem sobre a correlação entre comida, água e energia - na escola, no trabalho ou dentro de casa. Uma pesquisa com enfoque em pessoas jovens, educação e o nexo é essencial para assegurar o bem-estar humano e o desenvolvimento no futuro.
Em busca de respostas
O projeto (Re)Connect the Nexus vai estudar essa preocupação. Está prestes a iniciar uma pesquisa envolvendo 5 mil crianças e jovens, com idades de 10 a 25 anos, na área metropolitana do Rio Paraíba do Sul e na da costa norte do Estado de São Paulo.
Mais importante, essa pesquisa e uma colaboração interdisciplinar entre cientistas sociais e engenheiros, constituindo um passo para a mudança na compreensão de realidades do dia-a-dia na correlação entre alimentos-água-energia.
Ela vai nos permitir entender os problemas, oportunidades e soluções que crianças e pessoas jovens enfrentam em seu cotidiano. Os resultados do projeto irão informar políticas públicas de diversos setores - desde planejamento urbano e transporte, a educação e inclusão de jovens em processos participativos.
Fonte: Terra
Siga nas redes sociais