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Quais são as verdadeiras raízes da violência no Brasil?

Segunda - 30/01/2017 às 18:01



Foto: Reprodução Presos
Presos

O Piauí e o Brasil vivem uma grave crise de violência em todo seu território que se evidencia para todo o mundo, não somos um país em guerra declarada, mas os índices de violência se equiparam a esses países. Cadeias superlotadas, tráfico de drogas e armas, altos índices de criminalidade, facções, milícias, cidadãos apreensivos, muros elétricos, medo e insegurança. Mas quem são os culpados? Quais são as verdadeiras raízes da violência?

A violência no Brasil é reflexo de uma disparidade social e histórica de mais de 500 anos. Negros, índios, cafuzos, mamelucos, caboclos, todos esses grupos humanos que formaram a nação brasileira foram distanciados do processo político, econômico e social desde sua colonização. Diversos fatores contribuíram com isso, primeiro, a grande extensão do território que dificulta geograficamente a ação dessas políticas, e segundo, a forma de colonização, que dizimou e subjugou esses povos, fazendo com que os meios de produção e a máquina pública ficassem na mão de determinados grupos como os colonizadores, senhores de engenho, cafeeiros, coronéis, militares, latifundiários e os descendentes que herdaram as "casas do poder" e que orquestraram o modo operandis da máquina pública de uma forma que a tornou viciada, burocrática e altamente vantajosa.

Os negros, índios, mamelucos, cafuzos, caboclos ficaram restritos aos seus guetos, morros, favelas e sertões, distanciados do processo político e sem uma educação de qualidade, que contemplasse uma instrução sobre os mecanismos que regem sua própria perspectiva de vida no meio social, e a do país, onde pudessem torna-los participes e integrados a esse processo, restando-lhes eleger representantes como seus intermediadores, representantes esses que ao lidarem com as “casas do poder" e a máquina pública tem que se adaptar ao seu modo operandis, dançam conforme a dança dos caciques, partidos, empresários e interesses escusos do resto da nação, e assim se distanciam do povo que os elegeu (não todos).

A educação do Brasil não forma o cidadão brasileiro, preparado para enfrentar as dificuldades sociais com igualdade, ética e fraternidade. O que se vê, são lados defendendo os valores de sua classe, de sua categoria, enquanto os que realmente lutam por valores gerais são taxados pela mídia como baderneiros, comunistas e contra a ordem social. Parece que brasileiro só é brasileiro no carnaval ou assistindo a seleção. A solução para a violência, seria uma educação de qualidade para “TODOS”, com diretrizes mais práticas, realistas e atuantes, além do acompanhamento rigoroso do desenvolvimento desses índices pelo Estado, uma educação que contemplasse a formação integra do ser humano reflexivo, civilizado e politizado, consciente da democracia, dos valores, da cultura brasileira, para que possa se entender verdadeiramente como cidadão brasileiro, e não apenas uma educação deficiente ,com uma metodologia bancária, que somente prepara para o mercado de trabalho. Nesse quesito, o Brasil nunca deixou de ser um país colônia pois não valoriza em seu sistema educacional matérias que contemplem sua realidade e sim o mercado de trabalho.

Muitos jovens matam ou são mortos a toda hora em nossas periferias, em nossas ruas. Cadeias estão superlotadas, facções e quadrilhas se especializam no crime e o cidadão brasileiro, que paga uma das maiores taxas de impostos do mundo, não pode viver em paz em seu próprio país. Muitos desses criminosos são descendentes do descaso do Estado, dessas disparidades de 500 anos, são vulneráveis por falta de políticas públicas, e principalmente, de uma educação que possa liberta-los das condições desprovidas que lhes foram submetidas. Agora faço-lhes as seguintes perguntas: Será que a maioria desses jovens que ingressam na criminalidade tiveram um acompanhamento rigoroso da família ou do estado para desenvolver sua educação e torna-lo cidadão? A maioria teve oportunidades equiparadas com quem teve maior acesso à educação? A maioria dos nossos criminosos juvenis, já leu pelo menos um livro?

Os tempos são de barbárie e egoísmo. É preciso reconhecer os nossos erros e nos unirmos para buscar soluções.

Fonte: por Samuel Brandão

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