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PT vai brigar na Justiça por mandato de Marta

O diretório do PT em São Paulo vai brigar na Justiça Eleitoral, com base na jurisprudência da fidel

Quarta - 13/05/2015 às 13:05



Foto: Valter Campanato/Agência Brasil Senadora Marta Suplicy (Sem partido)
Senadora Marta Suplicy (Sem partido)
O diretório do PT em São Paulo vai brigar na Justiça Eleitoral, com base na jurisprudência da fidelidade partidária, pelo mandato da senadora Marta Suplicy (sem-SP), que pediu desfiliação da legenda em 28 de abril. A decisão do comando estadual petista foi tomada por unanimidade, em reunião realizada hoje (terça, 12) em São Paulo. Por meio de nota (abaixo), Marta já avisou que não se intimidará e que também lutará para manter sua vaga no Senado “em todas as instâncias judiciais e fora delas também”.

O PT paulista recorre ao entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para defender que o mandato pertence ao partido, e não à chapa que elegeu Marta ou à própria parlamentar. Na demanda judicial, a legenda vai requerer ainda a posse imediata do segundo-suplente da senadora, o ex-secretário municipal petista Paulo Frateschi. A prioridade seria do primeiro-suplente de Marta, o ministro dos Transportes, Antonio Carlos Rodrigues, mas ele pertence ao Partido da República.

Em nota assinada pelo presidente do Diretório Estadual do PT, Emídio de Souza, o partido nega acusações de Marta e ainda a acusa de “oportunismo eleitoral”, frente aos rumores de que ela será recebida por partidos como PSB, PDT ou PPS para disputar a Prefeitura de São Paulo nas eleições municipais do próximo ano.

“Após sucessivas recusas em dialogar com a direção do PT sobre as razões de suas supostas insatisfações, Marta formalizou sua desfiliação do partido movida unicamente por interesses eleitorais e desmedido personalismo. [...] O PT nunca cerceou as atividades partidárias ou parlamentares da atual senadora”, diz trecho da nota. “Os projetos pessoais e as conveniências do oportunismo eleitoral não podem se sobrepor aos projetos coletivos, que lhe dão abrigo, e nem deformar a vontade do eleitor expressa nas urnas.”

Marta reagiu. “Minha luta se dará em todas as instâncias judiciais e fora delas também. Tenho certeza que os mais de 8 milhões de eleitores que manifestaram sua vontade, e me honraram com seus votos, não serão frustrados em sua vontade e soberania popular”, diz a senadora, que deixou o Ministério da Cultura, em novembro de 2014, com críticas incisivas ao governo Dilma Rousseff e ao novo comandante da pasta, Juca Ferreira.

Rusga

Especulações sobre a saída de Marta Suplicy do PT se intensificaram desde novembro do ano passado, quando ela renunciou ao comando do Ministério da Cultura. Na ocasião, além das críticas a Dilma, a senadora disse, em sua carta de demissão, que a pasta tem inúmeras carências.

Dias depois, Marta voltou a atacar Dilma, o governo e o próprio partido em entrevista veiculada em 11 de janeiro no jornal O Estado de S. Paulo. A parlamentar – que, em 2014, engrossou as fileiras do movimento “volta, Lula” – declarou que não reconhecia mais o PT. “Ou o PT muda, ou acaba”, sentenciou.

No dia seguinte à publicação da entrevista, em 12 de janeiro, Marta encaminhou à Controladoria-Geral da União documentos que sugerem irregularidades em contratos de R$ 105 milhões firmados pelo ex-ministro Juca Ferreira, que retornava ao comando do Ministério da Cultura naquela segunda-feira (12). Também de acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, as suspeitas recaem sobre a relação do ministério com uma entidade que presta serviços à Cinemateca Brasileira, órgão vinculado à pasta com sede em São Paulo. Juca reagiu no mesmo dia dizendo que Marta foi melhor prefeita de São Paulo do que ministra da Cultura.

Leia a íntegra da nota do PT:

“Em reunião realizada na segunda-feira (11) na sede do Diretório do PT-SP, a Comissão Executiva Estadual aprovou, por unanimidade dos presentes, requerer na Justiça Eleitoral o mandato da senadora Marta Suplicy.Após sucessivas recusas em dialogar com a direção do PT sobre as razões de suas supostas insatisfações, Marta formalizou sua desfiliação do partido movida unicamente por interesses eleitorais e desmedido personalismo.

O PT nunca cerceou as atividades partidárias ou parlamentares da atual senadora, ao contrário disso, Marta Suplicy foi sucessivamente prestigiada ao longo dos anos, com o apoio da militância e das direções, sendo eleita deputada federal, prefeita, senadora e nomeada duas vezes ministra de Estado.

O aperfeiçoamento da nossa democracia passa pelo fortalecimento da fidelidade partidária e pelo respeito à vontade do eleitor. Os projetos pessoais e as conveniências do oportunismo eleitoral não podem se sobrepor aos projetos coletivos, que lhe dão abrigo, e nem deformar a vontade do eleitor expressa nas urnas.

São Paulo, 12 de maio de 2015.

Emidio de Souza

Presidente do Diretório Estadual PT-SP”

Agora, leia a nota de Marta Suplicy:

“Lutarei, com todas as minhas forças, para a manutenção do mandato de senadora que o povo de São Paulo me conferiu.Foi para melhor desempenhá-lo, e em nome de seu pleno exercício, que solicitei minha desfiliação ao Partido dos Trabalhadores.

Minha luta se dará em todas as instâncias judiciais e fora delas também.

Tenho certeza que os mais de 8 milhões de eleitores que manifestaram sua vontade, e me honraram com seus votos, não serão frustrados em sua vontade e soberania popular.

Continuarei lutando pelos mesmos princípios que sempre nortearam minha vida, bem como minha atividade parlamentar oriunda da representação política de meu mandato.

Senadora Marta Suplicy”

Fonte: Congresso em foco

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