PT tem "plano B" com Haddad caso Lula seja impedido de concorrer

Ex-prefeito de São Paulo será o candidato se Lula for impedido de concorrer


ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Haddad

ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Haddad Foto: © Paulo Pinto / Fotos Públicas

O Partido dos Trabalhadores decidiu registrar o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), como vice do ex-presidente Lula, aclamado candidato no último sábado mesmo estando preso em Curitiba. O PT também fechou acordo com o PCdoB, que desistiu de lançar a deputada estadual gaúcha Manuela D’Ávila para integrar a coligação de Lula, que terá também o Pros, além do apoio do PCO. Manuela viajará o país ao lado de Haddad.

Segundo a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), Manuela será a “vice de fato” de Lula. Pelo acordo, Manuela substituirá Haddad na chapa caso a Justiça eleitoral aceite a candidatura do ex-presidente. Se o nome dele for barrado pela Lei da Ficha Limpa, Haddad assumirá a cabeça da chapa e a deputada do PCdoB será efetivada como vice. As duas decisões tiveram o aval de Lula, que enviou carta aos dirigentes do partido desde Curitiba, onde cumpre pena de mais de 12 anos em decorrência de condenação na Operação Lava Jato.

O acordo foi fechado no fim da noite desse domingo (6) após dias intensos de negociação. A expectativa era de que Manuela fosse anunciada como vice na sexta-feira. Mas a indicação foi barrada pelo ex-presidente, que pediu mais prazo para continuar as articulações. Lula queria enfrentar a Justiça eleitoral e só anunciar o vice no dia 15, prazo final para o registro das candidaturas. Mas foi convencido por dirigentes da sigla a cumprir a data-limite cobrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que vencia no último minuto desta segunda-feira (6).

O PCdoB resistiu em desistir da candidatura de Manuela. O PT propôs que ela ficasse no “banco de reserva” e só fosse chamada caso o registro de Lula fosse negado. O acordo fechado não é muito diferente. Mas prevê a participação de Manuela como “vice de fato” já no início da campanha e sua efetivação na vaga qualquer que seja a decisão da Justiça eleitoral.

Durante o impasse a direção do PCdoB ameaçou até mesmo apoiar Ciro Gomes. Mas na tarde desse domingo o presidente do PDT, Carlos Lupi, confirmou o nome da senadora Kátia Abreu (PDT-TO) como vice de Ciro. O partido de Manuela quase anunciou a chapa com o sindicalista Adilson Araújo (PCdoB) na condição de vice.

Um dos coordenadores da campanha de Lula, Haddad será o porta-voz do ex-presidente, o indicado pelo partido para representar o líder petista em debates e sabatinas com os presidenciáveis.

"Como disse a presidenta @gleisi, @Haddad_Fernando segue como porta-voz de Lula até que sejam resolvidas as pendências legais de Lula para, mais tarde, o PCdoB assumir o posto de vice, assim como temos sido parceiros do PT há anos”, informou o perfil de Lula no Twitter.

Segundo a presidente do PCdoB, deputada Luciana Santos (PE), Manuela abriu mão da candidatura em nome da unidade. “Manuela disse que nunca foi óbice a qualquer tipo de unidade política. Nós estamos construindo a unidade política que foi possível construir no primeiro turno, com a participação e liderança de Lula. Isso por uma circunstância objetiva, até que se definam as pendências legais”, disse Luciana.

Gleisi Hoffmann explicou que Haddad foi indicado a vice, e não Manuela, para que a defesa do ex-presidente desde o início da campanha pudesse ser feita por um integrante do PT. “Fizemos para assegurar a manifestação do presidente Lula. E vamos com a candidatura de Lula até as últimas consequências: a vocalização de sua campanha será feita com um companheiro do PT”, afirmou. “Vivemos uma eleição anormal, o presidente Lula está ausente fisicamente do processo eleitoral, perseguido injustamente. Essa coligação inicia a caminhada vitoriosa para a eleição. Quero agradecer ao PCdoB, o Pros, que coligam conosco, ao apoio do PCO, e de importante setores do PSB que já se manifestaram a favor da candidatura de Lula”, ressaltou Gleisi”, acrescentou.

Fernando Haddad disse que o acordo fortalece a unidade de resistência pela candidatura de Lula. “Essa resistência que estabelecemos nessa coligação vai ser muito importante. O que nos mantém unidos é a defesa incondicional do Lula, o maior líder político do Brasil. Estamos aqui unidos em torno dele mais uma vez. Vamos para o pentacampeonato”, declarou. “Com toda perseguição que o Lula sofre, ele só cresce. Estamos anunciando ao país uma grande aliança e tenho certeza que vamos compatibilizar nossos programas, que tem em comum os anseios da sociedade brasileira”, ressaltou.

A manutenção da candidatura de Lula será um grande desafio para o PT. Condenado à prisão pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), ele está, em tese, inelegível de acordo com a Lei da Ficha Limpa. Mas a palavra final sobre o assunto será dada pela Justiça eleitoral, que pode, hipoteticamente, liberar sua candidatura caso os efeitos da condenação pelo órgão colegiado sejam suspensos.

Fonte: Congresso em foco

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