PT foi o partido que mais ganhou filiados desde julho de 2005

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PT Foto: Google

O PT (Partido dos Trabalhadores), que se mobiliza nessa sexta (18) em atos a favor do governo Dilma Rousseff, foi o partido brasileiro que mais ganhou filiados desde julho de 2005, período em que a agremiação começou a enfrentar uma série denúncias –a primeira delas, à época, o mensalão denunciado por Roberto Jefferson (PTB-RJ).

Segundo números do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), entre julho de 2005 e fevereiro de 2016, foram 547.626 novos filiados mais que a soma dos três maiores partidos de oposição: PSDB (que ganhou 315.351 novos integrantes), PPS (60.254) e DEM (46.759). Ao todo, o partido tem 1,58 milhão de filiados, atrás apenas do PMDB, que tem 2,37 milhões.

Nesses dez anos, o partido passou da quarta para segunda colocação no ranking de filiados, ultrapassando PSDB e PP. O país tem hoje sete partidos com mais de um milhão de filiados: PMDB, PT, PSDB, PP, PDT, PTB e DEM.

O crescimento do PT, assim como de outros partidos, se deve em parte à necessidade das agremiações de conseguir mais filiados para serem contemplados com mais dinheiro do fundo partidário, segundo o cientista político da UFMA (Universidade Federal do Maranhão) Wagner Cabral.

Mas há também quem procure a filiação pela afinidade política. É o caso do advogado e professor da UFAL (Universidade Federal de Alagoas) Welton Roberto virou um novo integrante do partido nesse período. Ele se filiou ao PT em dezembro de 2014. "Mas sou militante desde 1989, da primeira campanha de Lula", frisa.

A escolha por entrar no partido em meio ao turbilhão de denúncias ocorreu justamente por conta dos ataques "covardes de parte da grande mídia." "Achei que o partido precisava de força para ser defendido contra os ataques. Fácil era ter entrado em 2003. A questão da corrupção é pano de fundo para tentar manchar o partido, cuja militância é composta em sua esmagadora maioria de gente simples, honesta e trabalhadora", opina.

Crescimento de filiados
O Brasil tem hoje 35 partidos, os dois últimos criados setembro de 2015: O Rede Sustentabilidade e o PMB (Partido da Mulher Brasileira).

Apesar da chamada crise política, desde 2005 o ritmo de crescimento de número de filiados em todos os partidos foi o dobro do número de eleitores.

Enquanto nesses dez anos e sete meses houve alta de 18,8% no número de eleitores, o de filiados cresceu 36%. Hoje, são 15,8 milhões de pessoas em algum partido.

"A filiação partidária é em parte explicada pela essa expansão inercial dos partidos pela própria burocracia cartorial. Eles precisam se organizar, criar novos diretórios municipais", explica Cabral.

Em 2015, o fundo partidário repassou 811 milhões aos partidos. O PT foi o que mais recebeu: R$ 108 milhões, seguido por PSDB (89 mi) e PMDB (86 mi).

Outro ponto considerado fundamental citado por ele é que o perfil de filiação por adesão governista. "Isso faz com que aconteça uma migração para um partido que esteja no poder, esteja mais bem colocado. Isso não é só no governo federal, mas também para partidos que governam Estados. O PSB, por exemplo, teve parte do crescimento justificado por Pernambuco, com Eduardo Campos", diz.

Uma das provas de Cabral é que, nos últimos três anos, o PSD foi o partido que mais ganhou filiados 74.361 ao todo. "O partido de Kassab é mais novo e segue em expansão em um ritmo muito grande. Essa alta, muito provavelmente, ocorreu pela formação de diretórios municipais. É a lógica da expansão burocrática, cartorial. Todo partido precisa disso", explica.

Cabral analisa que a curva do crescimento do PT foi interrompida desde 2013. Ele acredita que as manifestações populares de 2013 e a operação Lava Jato, iniciada em 2014, foram determinantes para o freio de adesões.

"Em 2006, o PT tinha 1,048 milhão de filiados. Quatro anos depois, ele ganha a eleição com Dilma e no período, ganha também 350 mil filiações. O partido crescendo e até 2012, quando ganha mais 150 mil filiados em dois anos. Mas aí a gente vê uma coisa na análise ano a ano: desde as manifestações de junho de 2013 o partido parou de crescer. Depois disso cresceu apenas 40 mil, e desde 2014 fez só cair; pouco, mas caiu", afirma.

Para o cientista, o crescimento no número de eleitores não deve ser apontada como algo que demonstre maior interesse das pessoas na política. "A priori não é algo positivo. O crescimento não contradiz que o sistema está em crise. Apenas confirma que a crise existe e alimenta a burocracia dos partidos. E mostra também que os partidos não precisam se alimentar dos anseios da sociedade para crescer", diz.

Fonte: UOL

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