Palocci não mostrou provas contra Lula na Lava Jato, diz PGR

A falta de provas de Palocci contra Lula no depoimento que prestou ao juiz Moro e aos procuradores da Lava Jata está bem clara em matéria do portal da Globo


O ex-ministro Antonio Palocci foi indiciado por corrupção passiva

O ex-ministro Antonio Palocci foi indiciado por corrupção passiva Foto: © Rodolfo Buhrer / Reuters

Durante mais um depoimento do ex-ministro Antônio Palocci ao juiz Sérgio, na quarta-feira (06), os procuradores da República que atuam na força tarefa da Lava Lavo”, em Curitiba (PR), disseram que o MPF não fez acordo de delação com o ex-ministro e que ele não trouxe “elementos de provas” sobre o que disse aos procuradores e ao juiz. Mas para os adversários do PT e de Lula, o depoimento de Palocci, sem provas, foi devastador contra Lula e o PT.

Quem lê com mais atenção percebe que a falta de provas de Palocci contra Lula no depoimento ao juiz Moro e aos procuradores da Lava Jata está bem clara em trecho de matéria “jornalística” publicada no portal da Rede Globo, o g1.com, às 18 horas da quinta-feira (07),  um dia após o depoimento de Palocci. O ex-ministro não disse nada além do que outros delatores disseram contra Lula e, como os demais, não apresentou prova nenhuma do que disse ao juiz.

O grande alarde que os grupos de comunicação, liderados pela Globo, fizeram em ralação ao depoimento do ex-ministro Antonio Palocci a Moro, com repetição à exaustão, não trouxe nada de novo e segue o mesmo roteiro traçados por outros delatores, como Leo Pinheiro, da OAS, que mudaram os depoimentos várias vezes para tentar incriminar o ex-presidente Lula, como querem, segundo advogados dos petistas, os investigadores da Lava Jato.

Logo na abertura do depoimento, o Ministério Público esclareceu que Palocci não fechou acordo de delação premiada

Logo na abertura do depoimento, o MP esclareceu que Palocci não fechou acordo de delação e nâo trouxe provas

O portal da Globo mostra (http://g1.globo.com/politica/operacao-lava-jato/noticia/depoimentos-de-emilio-e-marcelo-odebrecht-confirmam-a-maior-parte-do-que-disse-palocci-a-moro.ghtml) como fala dos procuradores: “MINISTÉRIO PÚBLICO - Nós não temos acordo de colaboração firmado com o réu aqui presente. Ele nos procurou, nós estamos conversando, mas nós não temos nada prometido, nem assegurado, garantido e nem ele nos trouxe elementos de prova (grifo meu) que estão sendo utilizados em qualquer momento. Era o que eu poderia esclarecer”.

O QUE DISSE PALOCCI – Em resumo, o que Antônio Palocci, ex-ministro de Lula e de Dilma, disse foi que “Lula tinha um pacto de sangue com Emílio Odebrecht que envolvia um pacote de propina: um terreno para o Intituto Lula, o sítio para uso da família do ex-presidente, além de R$ 300 milhões, e que Lula sabia que se tratava de dinheiro sujo; que as propinas foram pagas pela Odebrecht para agentes públicos em forma de doação de campanha, em forma de benefícios pessoais de caixa um, caixa dois; Que foram pagos R$ 4 milhões da Odebrecht para o Instituto Lula e que ele e Lula tentaram atrapalhar os trabalhos da força-tarefa da Lava Jato”.

Palocci, no entanto, como disseram os próprios procuradores do Ministério Público Federal, não apresentou “elementos de provas”. E mais: segundo o advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, o ex-ministro escreveu num papel todas as "frases de efeito" contra o ex-presidente, como se tivesse feito tudo “bem ensaiado” para agradar os procuradores e o juiz, que têm sido acusados de ser parciais, de forma recorrente, por centenas de advogados e juristas de todo o país.

REJEITADA DELAÇÃO CONTRA GLOBO E OS BANCOS - As delações premiadas (colaborações, como chamam os procuradores), são um instrumento jurídico de investigação a ser usado em alguns casos, mas que virou regra geral no Brasil após a heroica, espetaculosa e midiática atuação da chamada “República do Paraná", comandada pelo juiz Moro.

Antônio Palocci está preso desde setembro do ano passado. Ele já foi condenado a 12 anos de prisão na operação Lava Jato e, há meses, busca um acordo de “colaboração premiada” com os procuradores da Lava Jato.

Depois do depoimento que mudou o que ele "sabia de Lula" , Palocci foi levado de volta à carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, onde segue preso. "Está sendo tratado como uma barata. Coitado do Palocci", diz o escritor e jornalista Fernando Moraes, um dos intelectuais mais respeitados do Brasil.

DESESPERO - Os advogados de Antônio Palocci buscam, há meses, um acordo de deleção premiada com o MPF e acreditam que esse acordo pode ser fechado, desde que o ex-ministro não trate de envolver denúncias contra bancos e o sistema financeiro e contra grupos de comunicação, como a Globo.

“Na primeira vez em que Palocci quis falar sobre esses dois setores o juiz Sérgio Moro e os procuradores não deram ouvidos ao ex-ministro. A eles, só tem validade e serve como prova se a delação for contra o ex-presidente Lula”, diz a atual presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann.

LAVA JATO ACEITA DELAÇÃO SEM PROVA? - A declaração do Ministério Público, publicada no portal g1.com, é um ato de pura contradição com o que se constata em todas as ações da Polícia Federal, Ministério Público Federal e o juiz Sérgio Moro, durante o depoimento de Palocci. Pela declaração publicadas no g1.com, é possível se deduzir que os procuradores e o juiz da Lava Jato poderiam aceitar delações sem provas. Será mesmo?

Para vários juristas e petistas, se o depoimento de Palocci contra Lula não tem “elementos de provas” então ele não serve pra nada, a não ser para uma grande ação midiática para tentar abafar o sucesso caravana que Lula fez recentemente pelo Nordeste e também para desviar o foco dos novos e grandes escândalos que surginam nesta semana e envolveram o Ministério Público Federal, o STF, o presidente Michel Temer e o ex-ministro Geddel Viera Lima.

Geddel, finalmente, foi preso pela Polícia Federal, nesta sexta-feira (08) depois que os policiais encontraram R$ 51 milhões em malas guardadas num apartamento de um amigo de Geddel, em Salvador (BA).

Lula e Dilma

Lula e Dilma desmascaram armação de Palocci com documentos e provas 

PT DIVULGA NOTA E MOSTRAR CONTRAÇÕES DE PALOCCI - Para os advogados do ex-presidente Lula, o depoimento do ex-ministro Antônio Palocci é só mais um daqueles dados por presos que querem ser beneficiados e ganhar liberdade mais cedo com as delações premiadas. É também mais uma demonstração de que há realmente uma perseguição sistemática a petistas, ao PT e ao ex-presidente Lula no âmbito da Operação Lava Jato, como vem sendo denunciado insistentemente pelos advogados do ex-presidente e por parlamentares, inclusive de outros partidos, como PC do PB, PCO e PDT.

A NOTA - O Partido dos Trabalhadores divulgou nota em que rechaça as informações prestadas por Antonio Palocci. Para o partido, é mais uma tentativa de incriminar o ex-presidente Lula sem apresentação de provas. “O PT se solidariza com o ex-presidente Lula, que nos últimos anos teve sua vida devassada sem que houvesse sido encontrado qualquer vestígio de enriquecimento pessoal que manchasse sua biografia”, diz o texto.

ÍNTEGRA DA NOTA - “O Partido dos Trabalhadores rechaça as informações prestadas pelo ex-ministro Antonio Palocci à 13ª Vara Federal de Curitiba nesta quarta-feira (6). O depoimento se soma a outras tentativas da Força Tarefa da Lava Jato de tentar incriminar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sem apresentação de provas, baseadas apenas em delações sem valor legal. Fica cada vez mais claro o caráter de perseguição política movida por setores da Justiça contra o PT.

Palocci já havia prestado depoimento, em maio desse ano, e negado todas as acusações, repetindo a estratégia de outros acusadores como Delcídio do Amaral e Léo Pinheiro, que voltaram atrás em seus depoimentos buscando a diminuição de suas penas, depois de permanecerem presos por um longo tempo.

Mais uma vez, chama a atenção que essas acusações sejam feitas às vésperas de um novo depoimento de Lula ao juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba. O PT se solidariza com o ex-presidente Lula, que nos últimos anos teve sua vida devassada sem que houvesse sido encontrado qualquer vestígio de enriquecimento pessoal que manchasse sua biografia. O cerco a Lula se dá em um momento em que ele lidera todas as pesquisas de opinião para as eleições de 2018 e após o êxito de sua caravana pelo Nordeste.
Comissão Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores”. (http://www.pt.org.br/nota-perseguicao-ao-pt-fica-cada-vez-mais-clara)

DILMA PROVA QUE PALOCCI MENTIU - A presidente deposta Dilma Roussef, também citada no depoimento do ex-ministro, emitiu nota à imprensa  http://dilma.com.br/sobre-o-depoimento-de-antonio-palocci/ provando que Antônio Palocci mentiu no seu depoimento ao juiz Sérgio Moro. A Nota é a seguinte:

“A respeito das declarações prestadas pelo ex-ministro Antonio Palocci em depoimento à Justiça Federal na quarta-feira, 6 de setembro, a Assessoria de Imprensa da presidenta eleita Dilma Rousseff esclarece:

1. O senhor Antonio Palocci falta com a verdade quando aponta o envolvimento de Dilma Rousseff em supostas reuniões de governo para tratar de facilidades à empresa Odebrecht, seja durante o mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou no primeiro governo dela. Tais encontros ou tratativas relatadas pelo ex-ministro jamais ocorreram. Relatos de repasses de propinas também são uma mentira.

2. Todo o conteúdo das supostas conversas descritas pelo senhor Antonio Palocci com a participação da então ministra Dilma Rousseff – e mesmo quando ela assumiu a Presidência – é uma ficção. Esta é uma estratégia adotada pelo delator em busca de benefícios da delação premiada.

3. O episódio em que cita um inacreditável benefício à Odebrecht pelo governo Dilma Rousseff, durante o processo de concessões de aeroportos, mostra que o senhor Antonio Palocci mente.

4. O ex-ministro declarou perante a Justiça Federal que a decisão do governo Dilma de não permitir que um consórcio ou empresa ganhasse mais de um aeroporto foi criada pela presidenta eleita para beneficiar diretamente a Odebrecht. Isso é uma mentira!

5. Tal decisão foi tomada pelo governo para gerar concorrência entre as empresas concessionárias de aeroportos. Buscou-se evitar que, caso uma empresa tivesse a concessão de dois aeroportos, priorizasse um em detrimento do outro. O governo Dilma buscava atrair mais empresas para participar do sistema aeroportuário, garantindo que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), como órgão regulador, tivesse mais parâmetros para atuar. Mais concorrência, menos concentração.

6. Eis um fato que desmascara as mentiras do senhor Antonio Palocci. A empresa Odebrecht, que ganhou a disputa junto com o grupo Changi, pagou R$ 19,018 bilhões pela outorga do Galeão. Sem dúvida, é a maior outorga paga por aeroportos no Brasil, o que afasta a acusação de beneficiamento indevido declarada por Palocci.

7. O quadro abaixo demonstra que a Odebrecht foi responsável pela maior outorga paga ao Governo para o direito de explorar apenas um dos seis aeroportos cujas concessões foram feitas pelo governo Dilma:

CONCESSÕES DE AEROPORTOS NO GOVERNO DILMA

São Gonçalo do Amarante, Natal (RN)

Grupo vencedor: Consórcio InfrAmerica – Infravix (50%) + Corporación America (50%)

Estimativa de investimentos: R$ 650 milhões

Outorga: R$ 170 milhões

Guarulhos

Grupo vencedor: Invepar (90%) + ACSA (10%)

Estimativa de investimentos: R$ 4,6 bilhões

Outorga: R$ 16,213 bilhões

Viracopos

Grupo vencedor: Consórcio Aeroportos Brasil – Triunfo (45%) + UTC (45%) + Egis (10%)

Estimativa de investimentos: R$ 8,7 bilhões

Outorga: R$ 3,821 bilhões

Brasília

Grupo vencedor: Consórcio InfrAmerica – Infravix (50%) + Corporación America (50%)

Estimativa de Investimentos: R$ 2,8 bilhões

Outorga: R$ 4,501 bilhões

Galeão

Grupo vencedor: Odebrecht (60%) + CHANGI (40%)

Estimativa de investimentos: R$ 5,65 bilhões

Outorga: R$ 19,018 bilhões

Confins

Grupo vencedor: CCR (75%) + Munich/Zurich (25%)

Estimativa de investimentos: R$ 3,5 bilhões

Outorga: R$ 1,1 bilhão

8. Eis os fatos. A ficção criada pelo senhor Antonio Palocci não se sustenta. A Odebrecht pagou 300% a mais pelo direito de explorar o aeroporto do Galeão. Nenhuma empresa desembolsou tanto. Que benefício ela obteria do governo Dilma Rousseff pagando a mais? Qual a lógica que sustenta o relato absurdo do ex-ministro?

9. A lógica que move o senhor Antonio Palocci é a mesma que acomete outros delatores presos por longos períodos. A colaboração implorada é o esforço de sobrevivência e a busca por liberdade. Isso não significa que se amparem em fatos e na verdade. É um recurso desesperado para se livrar da prisão. Em outros períodos da história do Brasil, os métodos de confissão eram mais cruéis, mas não menos invasivos e implacáveis.

ASSESSORIA DE IMPRENSA
 DILMA ROUSSEFF"

Fonte: Redação do Piauí com informações de agências e assessorias

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