Prevenindo o câncer esofágico; confira

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Se você é de um país ocidental, há uma chance de 10-20% que você sofra de sintomas clássicos de refluxo gastroesofágico: azia crônica e / ou regurgitação. E mesmo sem apresentar esses sintomas clássicos, você ainda pode ter ácido voltando do estômago para o esôfago, uma condição chamada de Doença do Refluxo Gastro-Esofágico (DRGE). Ao longo da última década, as pesquisas vêm mostrando que o refluxo ácido pode causar sintomas atípicos, como tosse, rouquidão, dor de garganta, asma e até mesmo a sinusite crônica. A DRGE também pode causar dor no peito, especialmente se o ácido faz com que o músculo do esôfago entre em espasmo.

“Durante anos, observamos pacientes que sofreram por muito tempo com os sintomas atípicos da DRGE melhorarem com o tratamento. Embora geralmente sejam prescritos medicamentos para a redução do ácido estomacal, procuramos evitar uma abordagem que se baseia exclusivamente em ‘uma vida melhor por meio da química’, pois esses medicamentos podem causar outros problemas de saúde. Na verdade, o ideal é tratar os sintomas com ajustes de estilo de vida por si só, quando possível. Tabagismo e obesidade, fatores que aumentam o refluxo ácido precisam ser tratados também. Recomendamos aos pacientes a limitação de álcool, cafeína, chocolate, menta e alimentos gordurosos. Sugerimos a criação de um diário alimentar para tentar identificar ‘os culpados’, tais como produtos à base de tomate ou de certos alimentos picantes. Se os sintomas desaparecerem, então eles podem tentar reintroduzir as coisas que mais sentem falta posteriormente. Elevar a cabeceira da cama, por vezes, também pode ajudar”, afirma o gastroenterologista Silvio Gabor (CRM-SP 47.042).

A consequência mais grave do refluxo ácido crônico é o câncer de esôfago. Cerca de 10% dos pacientes com refluxo presente há muito tempo desenvolvem alterações no esôfago que aumentam o risco de desenvolvimento de adenocarcinoma, um câncer mortal com uma taxa de sobrevida de 5 anos, ao redor de 15%. “Com o tempo, as células da camada interna do esôfago sofrem modificações na sua forma. Essa condição é chamada de Esôfago de Barrett, uma doença considerada pré-maligna. Felizmente, apenas 1 em cada 200 pacientes com esôfago de Barrett desenvolve câncer a cada ano. E nos últimos anos, um tratamento chamado de ablação por radiofrequência tem se mostrado extremamente eficaz no tratamento do Esôfago de Barrett, diminuindo sua possibilidade de se transformar em câncer”, explica o médico.

Estima-se que cerca de 15 mil americanos irão morrer de câncer de esôfago neste ano. No Brasil, segundo dados do INCA, no ano de 2014, esperam-se 8.010 casos novos de câncer de esôfago em homens e 2.770 em mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 8,18 casos novos a cada 100 mil homens e 2,70 a cada 100 mil mulheres.

Até cinquenta anos atrás, mais de 95% dos casos de câncer de esôfago eram causados por "células escamosas". O carcinoma epidermoide escamoso é causado pelo tabagismo e pelo uso de álcool em excesso. Como o tabagismo tem diminuído, a incidência de carcinoma de células escamosas caiu também. Mas, por razões que não são claras, a adenocarcinoma do esôfago, o tipo relacionado ao refluxo ácido (e ao tabagismo) tem aumentado dramaticamente ao longo dos últimos quarenta anos e já responde por cerca de metade dos casos de câncer de esôfago. De 1975 a 2001, houve um aumento de 600% dos casos de adenocarcinoma de esôfago nos Estados Unidos. O INCA também apresenta registros de aumento nessa modalidade de câncer de esôfago. A epidemia de obesidade pode muito bem estar desempenhando um papel relevante no aumento do número de adultos com refluxo ácido.

“Os gastroenterologistas podem diagnosticar o refluxo ácido deslizando um instrumento fino e flexível - o endoscópio - através da boca e do esôfago. Durante a endoscopia digestiva alta, os pacientes geralmente são sedados e não há nenhum problema de respiração porque o endoscópio não obstrui o tubo de respiração, a traquéia. As biópsias podem ser tomadas a partir da última parte do esôfago para procurar evidências microscópicas de Barrett e inflamação (esofagite) causada pelo refluxo ácido”, explica Silvio Gabor, que também é professor assistente de Cirurgia Geral e do Trauma da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro (UNISA).

Segundo Gabor, atualmente, existe uma controvérsia sobre se a endoscopia deve procurar evidências de Esôfago de Barrett porque apenas uma fração dos milhões de pacientes com refluxo crônico vai desenvolver Barrett. E muitos pacientes com Barrett não apresentam nenhum sintoma. Em um estudo realizado na Suécia, 1,6% da população tinha Barrett, mas apenas cerca de 40% tinham azia. E apenas cerca de metade dos casos de adenocarcinoma de esôfago estão relacionados ao refluxo.

O Colégio Americano de Gastroenterologia recomenda a triagem de toda a população, mas diz que o exame pode ser mais apropriado para certas populações em maior risco, como caucasianos do sexo masculino com mais de 50 anos e com azia de longa data.

Segundo o Consenso Brasileiro da Doença do Refluxo Gastroesofágico, em relação à realização de biópsia de esôfago, tal procedimento estaria indicado nos casos de:

· Pacientes com úlcera e/ou estenose;

· Reepitelização com mucosa colunar, circunferencial ou não, de extensão igual

ou maior que 2 cm, acima do limite das pregas gástricas, na qual o diagnóstico

endoscópico deve ser enunciado como “sugestivo de Esôfago de Barrett”;

· Reepitelização com mucosa colunar de extensão inferior a 2 cm. O diagnóstico endoscópico deve ser enunciado como “sugestivo de epitelização colunar do esôfago distal”.





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Fonte: assessoria

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