Política Nacional

Preso no Paraná o ex-governador Beto Richa, do PSDB

PF apuração pagamento milionário a Richa em 2014 pela Odebrecht

Terça - 11/09/2018 às 11:09



Foto: Reprodução Ex-governador do Paraná, Beto Richa (PSDB)
Ex-governador do Paraná, Beto Richa (PSDB)

O ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) foi preso nesta terça-feira, em Curitiba, em novas ações da Operação Lava-Jato e do Ministério Público do estado. A mulher do tucano, Fernanda Richa, e seu ex-chefe de gabinete no estado Deonlison Roldo, também foram detidos. Até as 8h30, a defesa de Richa ainda não tinha se pronunciado.

Candidato ao Senado pelo PSDB no Paraná, Richa foi alvo de duas operações nesta terça-feira. Ele foi detido por ordem da Justiça estadual, a pedido de promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP-PR que apuram irregularidades em um programa de manutenção de estradas rurais no Paraná.

Já a segunda operação contra ele é parte da 53ª fase da Lava-Jato, que investiga o suposto pagamento de propina da Odebrecht em obras viárias do Paraná. Policiais federais cumpriram um mandado de busca e apreensão no apartamento do ex-governador, mas não pediram sua prisão.

A Polícia Federal deflagrou a 53ª fase da Operação Lava-Jato nesta terça-feira em três estados do país. Cerca de 180 agentes federais cumprem 36 ordens judiciais em Salvador (Bahia), São Paulo (SP), Lupianópolis (PR), Colombo (PR) e Curitiba (PR). A nova fase foi batizada de "Operação Piloto" - referência ao codinome de Richa na lista de propinas do Grupo Odebrecht.

Na Lava-Jato, os agentes cumprem três mandados de prisão - dois de prisão preventiva e um de prisão temporária. Há ainda 33 mandados de busca e apreensão, 28 só na capital paranaense.

O objetivo da investigação é apurar um suposto pagamento milionário de vantagem indevida, em 2014, pelo Setor de Operações Estruturadas do Grupo Odebrecht em favor de agentes públicos e privados do Paraná. A contrapartida seria um possível direcionamento do processo de licitação para duplicação, manutenção e operação da rodovia estadual PR-323.

Segundo a PF, as condutas investigadas podem configurar os delitos de corrupção ativa e passiva, fraude à licitação e lavagem de dinheiro. Os presos serão conduzidos à Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba.

Piloto

Há cinco dias, o juiz Sergio Moro autorizou o Ministério Público Federal e a Polícia Federal a prosseguirem as investigações para identificar possíveis envolvidos em esquema de corrupção no governo do Paraná. A decisão foi tomada após o recebimento da denúncia contra o ex-chefe de gabinete do governo do estado.

Na denúncia, os procuradores acusam Deonilson Roldo, ex-chefe de gabinete do ex-governador Beto Richa (PSDB), e o empresário Jorge Theodocio Atherino de terem recebido R$ 3,5 milhões em propina na licitação para concessão e obras da rodovia PR 323, vencida pelo consórcio Consórico Rota das Fronteiras, liderado pela Odebrecht.

O ex-diretor do Departamento de Estradas e Rodagens do Estado do Paraná Nelson Leal Júnior, em delação premiada, descreveu em depoimentos um esquema de corrupção no Paraná e disse que os integrantes do governo do estado estariam divididos em relação à obra de duplicação da rodovia.

"De um lado José Richa Filho (irmão de Beto Richa) queria favorecer o Grupo Bertin, enquanto Deonilson Roldo queria favorecer o Grupo Odebercht", afirma Moro no despacho em que determinou a continuidade das investigações em novo inquérito, separado da denúncia já apresentada contra Roldo e Atherino.

Leal Júnior disse ainda que Beto Richa e o empresário Jorge Theodocio Atherino têm relação próxima e que teriam investimentos imobiliários em conjunto, especificamente em loteamentos. No despacho, Moro afirma que o delator aponta Beto Richa como sócio oculto de Atherino e sugere que arrecações ilícitas feitas durante a gestão de Richa teriam servido para investimentos em empreendimentos imobiliários.

Leal Júnior disse que, a pedido de Beto Richa, Deonilson Roldo teria inclusive conseguido a entrada no consórcio liderado pela Odebrecht das empresas Tucmann, Gel Engenharia e America. O filho do dono da America, segundo ele, era assessor de Richa. Em troca do favorecimento, essas empresas teriam se comprometido a destinar um percentual do faturamento ao longo de 30 anos para o grupo político.

Há cinco dias, a defesa do ex-governador Beto Richa informou em nota que as as alegações do Ministério Público Federal não apresentam qualquer sustentação e que não houve recursos públicos, federais ou estaduais, aportados na licitação. Disse ainda que Beto Richa " sempre pautou suas ações baseado nos princípios legais".

Fonte: G1

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