Portela surpreende e briga com Mangueira e Viradouro

Piauí Hoje


A Portela foi a grande surpresa na primeira noite de desfile na Marquês de Sapucaí neste domingo. Com inovações, a escola arrancou o tão esperado "é campeã" do público, um grito guardado há 24 anos.Mangueira e Viradouro também levantaram a avenida, sob uma insistente chuva fina, mas sem grandes incidentes para atrapalhar a festa.Com dupla abertura lembrando os 200 anos da chegada da família real ao Brasil do rei Momo em uma majestosa carruagem e da São Clemente, que trouxe a família real como enredo o desfile do grupo Especial começou com a irreverência do carnavalesco Milton Cunha.Na comissão de frente, o carnavalesco colocou a travesti Rogéria como dona Maria, a louca, arrancando aplausos do início ao fim da avenida."Fiz tudo para parecer uma louca, só não cocei o cabelo porque estou usando breu e álcool, que era o laquê dos anos 60", disse Rogéria à Reuters.Além de Rogéria, que participava de uma elaborada e luxuosa coreografia, um outro carro trazia pessoas vestidas de frangos e uma mulher completamente nua abria alas para o carro dos índios "descobertos" por Portugal.Depois da alegria da São Clemente, a Porto da Pedra colocou japonês no samba, e o resultado foi morno. Segundo a organização, mais de 800 japoneses, descendentes e outros orientais saíram pela escola, como o jornalista japonês Hiroshi Ishida, 37 anos, que mora há dois anos em São Paulo."Deu muito orgulho participar, poder comemorar junto. Somos japoneses e também uma parte viva da história do Brasil", disse Hiroshi, em seu segundo Carnaval no Rio.O Salgueiro, que fez pouco uso de sua cor, o vermelho, foi a terceira escola a desfilar na noite de domingo. Logo na abertura, encantou o público com uma comissão de frente criativa. Uma índia seguida por uma "banana boat" cheia de portugueses passeava em uma reprodução em papel da calçada de Copacabana.Um carro com acrobatas e as passagens do jogador Edmundo e da rainha de bateria Viviane Araújo foram os destaques no quesito manifestação da platéia, principalmente quando o biquíni de Viviane quase caiu no chão. Nada que um esparadrapo colocado em pleno desfile não resolvesse. Um problema no último carro, também resolvido, atrasou um pouco o andamento do desfile, criando buracos que podem tirar pontos da escola. Mas o show ficou mesmo com Viviane, que pela primeira vez tocou tamborim enquanto evoluía. "Deu tudo certo, todo o treino valeu a pena", disse Viviane ao fim do desfile. CARRO POLÊMICO SUBSTITUÍDOA Portela entrou na avenida quando a chuva fina ficou mais intensa. Embora a água tenha causado alguns escorregões na avenida, o clima caiu como uma luva para a escola, que abriu falando da água, em seu desfile ecológico sobre preservação da natureza.A águia azul e branca da escola veio gigante, no abre alas, junto com outro carro que trazia chuveiros e chafarizes. A novidade deste ano foram duas alegorias de "metamorfoses".A primeira trouxe passistas em cima de uma alegoria com grandes lenços coloridos presos nos braços, simulando a transformação da lagarta à borboleta. Na outra, de mais impacto, um carro trouxe um bebê gigante desnutrido, em um clima de seca, que se transformava em flores coloridas e um bebê bem saudável."A gente se emociona tanto com esse encontro com o público, às vezes ele está lá longe e mostrando tanto carinho, com aplausos, cantando", disse Paulinho da Viola, após atravessar a avenida.Para Paulinho da Viola, o jejum da escola, que não leva um título há 24 anos, faz parte da festa. "É assim mesmo", disse. "Às vezes o público adora, e são os jurados que decidem. Fica difícil", disse.Ferida pelas notícias de envolvimento com o tráfico nos último meses, a Mangueira entrou com muita garra na avenida, e o público respondeu cantando o samba."A gente mostrou que a Mangueira é uma instituição muito maior do que duas ou três pessoas. A Mangueira está feliz com o Carnaval que apresentou", declarou um emocionado componente ao deixar aos prantos o desfile, que homenageou o centenário do frevo.Para o ex-presidente da Mangueira Álvaro Caetano, apesar da crise enfrentada este ano, que provocou a saída de um presidente e do diretor de bateria Ivo Meirelles, o desfile saiu como a comunidade queria."A Mangueira ferida é um perigo, todo mundo cantou mais um pouquinho", disse feliz.Após a polêmica com um carro sobre o Holocausto que antecedeu os desfiles, a Viradouro encerrou a primeira noite com o enredo "É de Arrepiar".O carro sobre o Holocausto, proibido de desfilar pela Justiça, foi substituído por outro com pessoas vestidas de branco e faixas da mesma cor tapando a boca, em silêncio, algumas até chorando. "Liberdade ainda que tardia", dizia uma das faixas no carro, numa referência à liberdade de expressão.A escola trouxe uma pista de snowboard como abre-alas e diversos foliões vestidos de insetos peçonhentos, aranhas e lagartos, que se arrastavam pelo chão.A rainha da bateria Juliana Paes, além de graça, trouxe inovação. Numa alusão à taça Jules Rimet, a rainha foi levantava por dois componentes da bateria, que prestaram homenagem à seleção brasileira tricampeã do mundo em 1970.

Fonte: Bol

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