Bastante emocionado, Joel Marques não conseguiu conter as lágrimas durante o reencontro com as pessoas queridas. Seguro e com a consciência tranquila, ele disse que em nenhum momento duvidou de que logo estaria livre, e agradeceu a toda a comunidade picoense pelo apoio e orações.
“Não tive, não tenho, nem nunca terei relações com esse mundo do tráfico. Sempre acreditei que Deus ia me fortalecer e eu ia sair dessa”, afirma.
Sobre os dias em que ficou preso, relata que a experiência deixou marcas profundas. “Foi um período muito difícil, de muito sofrimento. Desde o momento em que eu saí daqui algemado dentro de um camburão junto com outra pessoa, sem nem conhecer essa pessoa”, conta.
“Peço muita força a Deus pra que eu possa esquecer e suportar essa dor”, diz acrescentando que teve os pés algemados e que chegou a passar fome e frio.
Segundo Joel, os próprios presidiários ficaram surpresos com sua presença e chegaram a afirmar que ele era inocente e que não tinha “cara” de quem tivesse qualquer participação ou envolvimento no tráfico de drogas.
A inocência do fotógrafo também não foi questionada pela comunidade católica São Judas Tadeu, da qual faz parte. De acordo com Avelino Filho, vice-coordenador do Terço dos Homens, a notícia de sua prisão foi uma surpresa para todos, mas “as ações de Joel o qualificam como um homem honesto, transparente e de boa índole”, aponta.
Futuro
Joel Marques não diz que providências vai tomar em relação à sua prisão indevida. Para ele, o momento é de curtir a família, os amigos e, principalmente, a liberdade. “Seguir em frente e levantar a cabeça”, conclui.
Operação Segor
Joel Marques Cardoso foi preso durante operação que visava desarticular esquema de tráfico de drogas, roubo de cargas, pistolagem e venda de medicamentos. Conhecido como pacato, Joel é coordenador de grupos religiosos, estudante universitário do último período do curso de Jornalismo e também atua na cidade de Picos como fotógrafo.
De acordo com a família, sua prisão foi baseada em escutas telefônicas realizadas a partir de uma linha telefônica cadastrada em seu nome. No entanto, o aparelho celular havia sido perdido e supostamente vinha sendo utilizado por pessoas relacionadas ao tráfico de drogas. Ainda segundo a família, Joel não chegou a registrar Boletim de Ocorrência (B.O) ou mesmo cancelar a linha, dando margem ao erro.
Joel Marques foi solto na noite da última quarta-feira (15) e já gravou um aúdio que será comparado, através de análise técnica, com a voz registrada nas escutas telefônicas feitas pela polícia. O laudo final deve sair em cerca de vinte dias.
Fonte: riachaonet